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LeBron James supera recorde de Oscar Schmidt, mas não consegue quebrar praga histórica; entenda

Lebron supera marca de brasileiro, porém, assim como em todos os casos, perde o jogo em que quebra marcas

Lebron: no confronto diante do Warriors, James como o maior cestinha do basquete, superando o brasileiro Oscar Schmidt (Steph Chambers/Getty Images)

Lebron: no confronto diante do Warriors, James como o maior cestinha do basquete, superando o brasileiro Oscar Schmidt (Steph Chambers/Getty Images)

Antonio Souza
Antonio Souza

Repórter da Home e Esportes

Publicado em 23 de março de 2024 às 10h00.

LeBron James parte para a cesta com a mão esquerda, do topo do garrafão e, demonstrando uma força espantosa para os seus quase 40 anos, inicia a sua passada e bate a marcação de Jonathan Kuminga, 18 anos mais novo que ele, finalizando com perfeição utilizando a mesma mão esquerda, com o auxílio da tabela. A cesta estabeleceu James como o maior cestinha do basquete, superando o brasileiro Oscar Schmidt.

A noite do último sábado, 16, que tinha tudo para ser perfeita, no entanto, terminou com gosto amargo. Seu Los Angeles Lakers foi superado pelo Golden State Warriors, o 10º colocado da Conferência Oeste. A cena se repete na vida de LeBron como o filme “Groundhog Day” (Dia da Marmota), em que o personagem principal, interpretado por Bill Murray, vive o mesmo dia sempre que acorda.

Assim como no último final de semana, James também teve que se contentar com uma festa tímida em março de 2019, quando passou Michael Jordan na lista de pontos, pois seu Lakers foi derrotado pelos Nuggets. Em janeiro do ano seguinte, deixou Kobe Bryant para trás, mas novamente com revés, desta vez diante do 76ers.

Em março de 2022, assumiu a segunda posição na história da NBA, superando Karl Malone, mas sendo derrotado pela então limitada equipe dos Wizards. Em fevereiro do ano passado, tornou-se o maior cestinha da história da liga, passando Kareem Abdul-Jabbar. O jogo teve uma pausa com homenagens, mas seu objetivo principal não foi alcançado: novo fracasso, desta vez contra o Thunder, que não conseguiria nem uma vaga nos playoffs da temporada.

“O LeBron precisa parar de quebrar recordes, porque toda vez nós perdemos”, brinca o pivô Anthony Davis, destaque da equipe californiana na atual temporada.

E foi assim novamente ao superar Oscar. O brasileiro detinha o recorde do esporte com 49.737 pontos. LeBron entrou diante dos Warriors precisando de 29 para se tornar o número um da lista. Alcançou 40, sua melhor marca do ano, mas não foi capaz de bater Curry, que contribuiu com 31 pontos.

Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports, empresa que gerencia as carreiras de grandes atletas pelo mundo, analisa que a imagem de nomes que transcendem o esporte, como LeBron, pode ser separada de um resultado coletivo.

“O que diferencia os atletas geracionais, que são referências marcantes de um período da história, associados a ‘eras’, dos outros diferenciados, é justamente a capacidade de se manterem no mais alto nível, ou mesmo de se aprimorarem, mesmo quando integram um grupo que não está em um bom momento, ou que não conquista um título relevante. São esses, que ao invés de aceitarem o insucesso coletivo, procuram através da sua melhora, gerar o sucesso coletivo. Para muitos fãs, não se render, fascina mais que vencer”, avalia Freitas.

A praga persegue LeBron não só nos recordes, mas também nas marcas históricas. Quando cravou 10 mil pontos na carreira, o camisa 23, à época nos Cavs, perdeu para os Celtics, em 2008. Ao chegar a 30 mil pontos, de volta a Cleveland, sucumbiu diante do San Antonio Spurs, em 2018. Com 40 mil, a mais recente, no início de março, foi superado por Nikola Jokic e companhia, que também estragaram a noite de inauguração da estátua de Kobe Bryant, em fevereiro. A exceção que confirma a regra está na marca de 20 mil, quando ao lado de Dwyane Wade e Chris Bosh, ajudou o Heat a vencer os Warriors, em 2013.

“As diversas formas da NBA promover suas histórias de dentro e da fora de quadra passam por ter três tipos de protagonistas: os acontecimentos e eventos promovidos pela Liga, as equipes e os atletas. LeBron é um dos grandes protagonistas da liga, que rompeu os limites da base de fãs de basquete, com seus feitos e personalidade, gerando interesse muito além das quatro linhas”, observa Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.

A NBA realmente adota esta linha estratégica. Tanto nos Estados Unidos como em outras partes do mundo, exalta os feitos com posts, artes especiais, vídeos comemorativos, entrevistas exclusivas e não menciona a partida, deixando esse trabalho para os sites de notícias.

A liga também lançou uma série de produtos especiais para capitalizar em cima dos 40 mil pontos de LeBron. Eles vão desde bonequinhos, a camisas e posters, variando de US$ 20 a 100 (aproximadamente R$ 100 a 500). Para o especialista de marketing Fábio Wolff, CEO da Wolff Sports, a performance da equipe influi, sim, no poder das vendas, mas ressalta que a figura global de James é capaz de movimentar fãs e gerar receitas independentemente do momento.

“Quando o time está ganhando, está em uma fase de vitórias, uma fase de destaque, obviamente que a performance comercial também tende a melhorar, isso é natural. Mas, independentemente do que está ocorrendo coletivamente, quando um atleta alcança marcas históricas, como o LeBron alcançou, esses fatos, esses feitos, eles têm que ser ressaltados e celebrados, pois são recordes. Eu gosto da maneira como a NBA trata estas ocasiões”, destaca Wolff.

Lebron x Oscar

Agora número dois na lista de cestinhas da história do basquete, Oscar afirmou que estava torcendo para a marca ser batida logo e que é o sinal natural da evolução em todos os aspectos.

“Os recordes são feitos para serem quebrados. Já estava na hora. O LeBron é um jogador completo, sinal da evolução do esporte e da medicina”, falou o eterno camisa 14, em sua última entrevista sobre o recorde.

LeBron defendeu seu país no basquete Fiba, que possui regras diferentes, somente em cinco ocasiões. Na primeira delas, em 2004, Olimpíada de Atenas, fez parte do único “Dream Team” que fracassou no mais alto palco do basquete internacional. Queda para a Argentina, que ficaria com o ouro. Os norte-americanos deixaram o torneio com o bronze.

Depois, no Mundial de 2006, outro bronze, com derrota para a Grécia, que perderia a final para a Espanha. Com o reforço de Kobe Bryant na equipe, James alcançou três vezes o ouro nas competições seguintes: Fiba Americas Championship (2007), Olimpíada de Beijing (2008) e Olimpíada de Londres (2012).

Oscar soma 49.737 pontos em toda a sua carreira e defendeu a seleção brasileira em nove competições oficiais. James, que prometeu vestir a camisa dos EUA na Olimpíada deste ano, em Paris, está em sua 21ª temporada na NBA e agora possui 49.774 pontos, contando a temporada regular da liga norte-americana (40.162), Playoffs (8.023), Play-In (52), final da Copa da NBA (24), seleção dos EUA (979), All-Star Game e jogo dos novatos (487), além de jogos internacionais (47).

“Agora o próximo passo para LeBron é alcançar a marca inédita de 50 mil pontos, e com toda a certeza chegará lá e receberá as devidas homenagens. Resta saber se será com vitória ou derrota. Mas o jogo acaba ficando em segundo plano e a NBA capitalizará em cima deste grande feito novamente. E não falta muito”, projeta Renê Salviano, CEO da Heatmap, agência especialista em marketing esportivo.

Algumas outras lendas do basquete não viveram a maldição que sofre LeBron a cada feito que o consagra. Kareem Abdul-Jabbar, por exemplo, quebrou o recorde de pontos de Wilt Chamberlain, então número um da lista, com uma vitória sobre o Jazz, em 1984. Kobe Bryant alcançou as marcas de 10, 20 e 30 mil pontos sempre com triunfos, diante de Pacers, Knicks e Hornets, respectivamente. Michael Jordan machucou seu joelho quando anotou a marca de 10 mil pontos e acabou derrotado pelo 76ers, mas venceu o Bucks e o Bulls, atuando pelo Wizards, nas noites históricas em que alcançou as metas de 20 e 30 mil pontos na NBA.

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