João Fonseca: tenista brasileiro conquistou o seu primeiro título de nível ATP da carreira (Rio Open/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 26 de março de 2025 às 12h53.
João Fonseca segue fazendo história. Mesmo após a eliminação no Masters Miami, ao perder por 2 sets a 1 para o australiano Alex De Minaur, o tenista deixa a disputa após conquistar duas vitórias e vê um começo de ano promissor.
Neste ano, ele conquistou o seu primeiro título de nível ATP da carreira, o ATP 250 de Buenos Aires, ao vencer o argentino Francisco Cerundolo, número 28 do mundo, por 2 sets a 0, e de quebra ganhou 31 posições no ranking mundial, chegando a 68a posição.
Fora das quadras, Fonseca quebrou outro recorde ao atingir a marca de 1 milhão de novos seguidores no Instagram, se tornando o brasileiro mais seguido na modalidade. Somente nos últimos 30 dias, foram 65 mil novos fãs, e neste final de semana 43 mil novos seguidores. Entre os tenistas em atividade, quem mais tem seguidores é Novak Djokovic, com 15,6 mi, seguido de longe por Carlos Alcaraz, com 6,3 mi.
Se não bastasse tudo isso, ele quebrou outros recordes, entre eles, de ingressar no top 10 dos tenistas mais jovens a decidir um título desde 2000, com 18 anos, 5 meses e 26 dias. Ele superou, por exemplo, a lenda Roger Federer, que aos com 18 anos e 6 meses, foi vice-campeão em Marselha, em 2000.
Antes disso, Fonseca já havia feito história no início deste ano ao entrar para o Top 100 do ranking da ATP, se tornando o brasileiro mais jovem a conseguir este feito. Até então, a marca pertencia a Cássio Motta e Gustavo Kuerten, que conseguiram a marca aos 19 anos.
Criado em 1973, o ranking da ATP já teve 27 tenistas brasileiros entre os 100 melhores do mundo na lista masculina de simples. Entre os mais jovens, além de Fonseca, Guga e Motta, contemplam a lista Thomaz Bellucci e Jaime Oncins.
A pergunta que fica agora é se, com esse sucesso fulminante, João Fonseca pode se tornar um novo ídolo brasileiro e fazer com que o tênis volte a ser uma 'febre' entre os brasileiros, assim como foi com Guga.
"O histórico recente de João Fonseca é de um jovem que conseguiu, com sua idade, mais do que Guga tinha conquistado com a mesma. Isso não garante, mas sugere que o potencial de João é maior, e por isso, vai já gerar expectativa de que pode conquistar mais do que Guga conquistou. Posto isso, considerando os recursos de comunicação disponíveis hoje, e como o esporte é consumido, em diferentes canais, é razoável pensar que João possa ter, antes de conquistar o que Guga conquistou, contratos de patrocínio maiores, em termos relativos, atualizados, do que Guga teve. O poder dos atletas está crescendo mais do que o dos torneios e dos esportes. As figuras individuais são atrações de peso cada vez maior na indústria, aponta Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana, comandada pelo cantor Jay-Z, que gerencia a carreira de centenas de atletas.
“Este momento do João Fonseca pode trazer inúmeros benefícios para a indústria esportiva, gerando mais interesse pelo tênis, tanto para praticá-lo, quanto para acompanhar as competições. Ontem o nome dele atingiu a nota máxima em termos de busca, de acordo com o Google Trends, e hoje ele está no Top5 dos assuntos mais comentados no X - antigo Twitter. É o timing perfeito para instituições, marcas e clubes potencializarem sua atuação em torno desse esporte”, comenta Joaquim Lo Prete, Country Manager da Absolut Sport no Brasil, agência que promove experiências internacionais para amantes do tênis em parceria com a academia Tennis Route. A empresa também comercializa pacotes para os torneios de Roland Garros e Wimbledon.
“João Fonseca está no início de sua trajetória e, apesar de seu talento inegável, seu cartel ainda não pode ser comparado ao de Guga. No entanto, a era digital mudou a dinâmica da construção de ídolos: redes sociais e a velocidade da informação fazem com que seu nome, rotina e conquistas se propaguem rapidamente, acelerando não só sua projeção, mas também a criação de oportunidades para ele e para as marcas que queiram se associar a essa ascensão", afirma Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.
"João Fonseca é um fenômeno. Apesar da pouca idade, demonstra uma maturidade e uma performance ímpar. Fora das quadras, o jovem atleta já se encontra cercado de grandes e poucas (o que é o ideal para construir uma associação efetiva) marcas internacionais", aponta Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo, e que faz a captação de contratos entre marcas envolvendo profissionais do esporte.
Natural do Rio de Janeiro, o tenista conquistou dois títulos no último mês, o Next Gen Finals e o Challenger de Camberra, e no Australia Open disputado há algumas semanas, venceu Andrey Rublev, número 9 do mundo. Nesta disputa, ele se tornou o mais jovem da Era Aberta a entrar na chave de um Grand Slam.
Fonseca já havia chamado a atenção em outros torneios, mas todos eles juvenis; em 2023, com apenas 17 anos, conquistou o conquistar o US Open juvenil, e em 2022, foi um dos destaque da delegação brasileira que conquistou a Copa Davis Juvenil.
Fora das quadras, João Fonseca também começa a acumular novos patrocínios. O principal deles foi fechado este ano, ao assinar um contrato de cinco anos com a XP, empresa de investimentos. Pelo acordo, o atleta estampará a marca em sua camiseta e participará em ações de marketing.
O acordo amplia da lista de parceiros do tenista, que também é patrocinado pela plataforma da ON Running, que tem Roger Federer como acionista e parcerias com Iga Swiatek, a número 1 do tênis feminino, e Ben Shelton, top 20 do masculino e semifinalista do US Open, e a marca suíça de relógios de luxo Rolex, se juntando a grandes nomes do esporte, como Roger Federer, Carlos Alcaraz, Iga Swiatek, Caroline Wozniack e Jannik Sinner.
"Ver surgir um novo fenômeno brasileiro do esporte é sempre uma grande notícia. Pelo histórico recente do atleta, percebemos que existe uma bela história nos seus próximos anos, mesmo em um esporte disputadíssimo e com grandes estrelas pelo mundo", aponta Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo, e que faz a captação de contratos entre marcas envolvendo profissionais do esporte.
Agora com o Rio Open, especialistas entendem que a presença de João Fonseca e o título do ATP Buenos Aires tornam o torneio ainda mais atrativo para as marcas. “Ter o Rio Open é fundamental para o tênis no Brasil. Com grandes nomes da modalidade, e agora o João Fonseca como realidade, no nosso quintal, mantém aquecido o interesse no esporte como um todo", afirma Bruno Brum, CMO da Agência End to End, empresa que conecta o torcedor à sua paixão e que é um hub de soluções e engajamento para o mercado esportivo.