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Europa ainda domina mercado desde a pandemia, mas EUA é o país que mais compra atletas do Brasil

Levantamento considera somente vendas de clubes brasileiros para o exterior; no Velho Continente, Inglaterra é quem mais gasta, mas Rússia é quem tem atraído mais nomes nos últimos anos

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 6 de julho de 2024 às 08h00.

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A ida de Endrick para o Real Madrid em julho concretiza a venda do camisa 9 do Palmeiras, selada ainda em dezembro de 2022. O atacante é, até o momento, a contratação mais cara nesta janela de transferências e representa uma tendência desde a pandemia: a Europa continua como o principal destino dos atletas no Brasil – e a Espanha é uma das que mais gasta com talentos tupiniquins.

Levantamento mostra que, desde a temporada 2019/2020, clubes da Série A do Campeonato Brasileiro arrecadaram cerca de 896,7 milhões de euros com vendas para o exterior. Esses números não levam em consideração empréstimos ou transferências após eventuais rescisões contratuais. Nesse cenário, Inglaterra, Espanha e França lideram como aqueles que mais gastam com contratações vindas do Brasil.

“O Brasil será por muitos anos fonte de busca de talentos para clubes de todo o mundo, não apenas pela qualidade da nossa matéria prima, mas também pelo fato da nossa moeda ser desvalorizada perante o alto poderio dos países compradores”, afirma Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo. “Uma forma de mudar este histórico no futuro será a estruturação financeira dos clubes e competições brasileiras, o que pode acarretar em um período maior dos atletas jogando no Brasil; mas vale lembrar que o sonho de se jogar em outro país faz parte dos planos de crescimento dos atletas enquanto jovem, o fato de atuar em gigantes europeus ao lado de estrelas mundiais é sempre uma grande meta dos garotos ainda em formação.”

Mais de 150 atletas foram vendidos por clubes da série A desde 2020. Destes, 17 tiveram os Estados Unidos como destino na carreira. É o caso de Gabriel Pereira, ex-Corinthians, e Talles Magno, revelado pelo Vasco. O país lidera o ranking de compras na América e no mundo. Mesmo assim, gastou “apenas” 56 milhões de euros neste período.

“O comportamento dos jovens no mundo está cada vez mais padronizado, e eles são os consumidores das próximas décadas. Norte-americanos investem onde terão retorno nos próximos anos, e por isso, também no futebol, como em outros esportes. Geram novas oportunidades para transferência, que beneficiam os mais talentosos, sejam de onde forem. O que está se passando com os futebolistas, é o que já se passou em outras décadas com cientistas e profissionais especializados. Sempre buscaram talento de outros países”, pontua Thiago Freitas, COO da Roc Nation.

Uma possibilidade de novos mercados tentarem rivalizar com a Europa nas contratações já revela um impacto no Brasil. Depois do Velho Continente, com 102 atletas comprados desde 2020, América (37) e Ásia (24) tentaram fazer concorrência à hegemonia europeia. Os Estados Unidos são uma prova disso, mas não só ele: Japão, com 11 contratações de clubes da Série A, supera centros tradicionais, como Espanha e Itália.

“Faz muito tempo já que jovens brasileiros não tem como sonho atuar no Brasil. Primeiro, porque aqui, não se enfrenta os melhores, nas melhores competições. Segundo, porque não capitalizam da melhor forma sua curta carreira. Terceiro, porque viver no Brasil, especialmente para os mais talentosos, é muito ruim. É um país inseguro em diversas esferas. Política, jurídica, tributária, e com nossa integridade física e vida. Não se trata de algo recente. É da história do homem na Terra. Os mais talentosos, salvo raríssimas exceções, sempre foram para onde seu talento era mais valorizado e melhor remunerado”, acrescente Freitas.

Mas na Europa, apesar da Premier League e Inglaterra serem aquelas que mais gastam com contratações brasileiras, em volume de transferências é a Rússia quem leva a dianteira, principalmente desde 2022. São 15 contratações – com nomes como Robert Renan, Artur, Yuri Alberto e Du Queiroz –, que fortaleceram clubes russos nas últimas janelas.

Mesmo em um período que sofreu sanções nas competições europeias devido à guerra com a Ucrânia, a Rússia despendeu cerca de 110 milhões de euros gastos com essas contratações.

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