Pessoa assiste futebol na televisão (Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 22 de janeiro de 2025 às 15h42.
Última atualização em 22 de janeiro de 2025 às 16h03.
Quem nunca ouviu um amigo ou parente se perguntar onde será transmitido determinado jogo de futebol, seja da Champions League ou do Campeonato Brasileiro? Por mais populares que sejam essas competições, a tarefa de descobrir onde assisti-las ficou mais complicada com o aumento de jogos e o número crescente de plataformas de streaming.
Além dos tradicionais canais abertos, como Globo, SBT, Record e Bandeirantes, o mercado agora oferece pelo menos sete serviços de streaming: Prime Video, Max, Disney+, Apple TV+, Paramount, Premiere e CazéTV. Essa fragmentação cria dificuldades não só para os mais velhos, mas também para jovens acostumados com a tecnologia.
“Mesmo conectados, ainda nos confundimos. Na Copa Libertadores, por exemplo, nunca sabia ao certo se era na Globo, ESPN ou Paramount”, afirma Marcos Paulo, de 17 anos, morador da Vila Pompeia, em São Paulo.
Além da confusão, há o fator custo. Para acompanhar todas as competições, o torcedor que assina as principais plataformas pode gastar entre R$ 200 e R$ 300 por mês, sem incluir os custos com internet. Segundo José dos Santos, de 85 anos, a tarefa de encontrar os jogos em meio às assinaturas é desafiadora: “Assino três plataformas e tenho de ficar caçando uma por uma”.
A situação deve ficar ainda mais complexa em 2025. O Brasileirão terá novos players de transmissão. A Globo, que tinha exclusividade, dividirá espaço com Record, CazéTV e Prime Video, graças ao contrato com a Liga Forte União (LFU). Além disso, plataformas como Max, SporTV e Premiere continuam na disputa pelos jogos.
O mercado global de streaming esportivo deve dobrar de tamanho nos próximos quatro anos, alcançando US$ 14 bilhões até 2027, segundo dados da Rocket Lab. No Brasil, o faturamento com streaming foi de US$ 4,2 bilhões em 2022, sendo metade proveniente de publicidade. Esse crescimento reflete a capacidade das plataformas de oferecer experiências personalizadas, com algoritmos que recomendam conteúdos sob medida para os usuários.
[/grifar“Os consumidores valorizam a personalização do streaming, que tornou essa opção mais atraente do que a TV tradicional”, explica Renê Salviano, CEO da Heatmap.
A competição deve se intensificar com a chegada de novos players. Disney, Fox e Warner Bros. Discovery anunciaram uma parceria para lançar uma plataforma esportiva conjunta, reunindo canais como ESPN, ABC, TNT e TBS. O serviço, apelidado de "Netflix do esporte", promete atrair um público mais jovem e oferecer custos mais baixos.
Para Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo, a pandemia acelerou a migração para o streaming: “A TV aberta perdeu o monopólio das transmissões esportivas. Hoje, o streaming oferece flexibilidade e um mergulho mais profundo na narrativa esportiva”.
Além disso, a Netflix anunciou recentemente sua entrada no mercado esportivo com a Netflix Cup, um programa ao vivo que combina automobilismo e golfe. Esse movimento segue a tendência de concorrentes como Prime Video, Apple TV+ e Star+, consolidando a fusão entre esporte e streaming.
O mercado segue evoluindo, mas desafios permanecem. Como destaca Ivan Martinho, professor de marketing esportivo da ESPM, “a disputa por audiência aumenta, mas também cresce o desafio de educar o consumidor sobre onde cada conteúdo será transmitido”.