Esporte

Enxadrista iraniana compete sem hijab, e Irã diz que ela não representa o país

Sara Khademalsharieh tem 25 anos e já é um grande nome da modalidade no mundo

Iranian chess players Mitra Hejazipour (L) and Sara Khademalsharieh play at the Chess Federation in the capital Tehran on October 10, 2016.


For the Iranian players the veil is not a sign of oppression, they oppose a campaign launched in the United States against the holding of the Women's World Championship in February in Tehran. / AFP / ATTA KENARE        (Photo credit should read ATTA KENARE/AFP via Getty Images) (AFP/Getty Images)

Iranian chess players Mitra Hejazipour (L) and Sara Khademalsharieh play at the Chess Federation in the capital Tehran on October 10, 2016. For the Iranian players the veil is not a sign of oppression, they oppose a campaign launched in the United States against the holding of the Women's World Championship in February in Tehran. / AFP / ATTA KENARE (Photo credit should read ATTA KENARE/AFP via Getty Images) (AFP/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 28 de dezembro de 2022 às 17h25.

Última atualização em 28 de dezembro de 2022 às 17h44.

Uma jogadora de xadrez iraniana competiu sem o hijab durante a Copa do Mundo da modalidade, realizada no Cazaquistão. A federação da modalidade no Irã reagiu nesta quarta-feira dizendo que ela não estava representando a República Islâmica.

Sara Khademalsharieh, de 25 anos mas já um grande nome da modalidade no mundo, apareceu sem o véu durante o campeonato organizado pela Federação Internacional de Xadrez (FIDE) em um gesto considerado como uma demonstração de apoio aos protestos que abalam o Irã há mais de três meses, desde a morte do jovem Mahsa Amini.

A jovem, de 22 anos, morreu em 16 de setembro após ser detida pela polícia de moralidade de Teerã por supostamente não cumprir o estrito código de vestimenta feminino obrigatório do Irã, que inclui o uso do hijab em público.

“Esta enxadrista participou sozinha” no torneio, declarou o chefe da federação iraniana de xadrez, Hassan Tamini, citado pela agência Fars. “Khademalsharieh não participou dessas competições por meio da federação, mas foi de forma independente e fez essa ação.”

Atletas femininas também são obrigadas a aderir ao código de vestimenta no exterior ao representar seu país em eventos internacionais, mas algumas recentemente apareceram em competições sem cobrir a cabeça. Em outubro passado, a alpinista Elnaz Rekabi usava apenas uma bandana durante um evento no Campeonato Asiático da modalidade em Seul.

Ao retornar, ela foi recebida como uma heroína por dezenas de pessoas que compareceram ao aeroporto Imam Khomeini, em Teerã. A atleta, mais tarde, se desculpou pelo incidente e insistiu que seu véu havia acidentalmente escorregado dela, em comentários à mídia estatal.

“Não esperávamos que aquela jogadora fizesse isso porque ela havia participado de competições anteriores de acordo com as regras”, disse Tamini, referindo-se a Khademalsharieh.

O esporte se tornou um terreno delicado durante os protestos, com várias atletas proeminentes mostrando seu apoio aos manifestantes, assim como jogadores de futebol masculino durante a Copa do Mundo do Catar, que deixaram de cantar o hino antes de uma das partidas da competição.

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