Esporte

Em Paris, Rayssa Leal leva experiência de Tóquio, diversos patrocínios e desejo por medalha

Em entrevista à EXAME, a Fadinha compartilhou detalhes de sua preparação para os jogos olímpicos e como lida com a responsabilidade de representar o país no skate

Rayssa Leal: 'Fadinha' vai competir nos Jogos de Paris 2024. (Lintao Zhang/Getty Images)

Rayssa Leal: 'Fadinha' vai competir nos Jogos de Paris 2024. (Lintao Zhang/Getty Images)

Mateus Omena
Mateus Omena

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Publicado em 28 de julho de 2024 às 06h00.

Última atualização em 28 de julho de 2024 às 09h15.

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Em 2021, o mundo conheceu a maranhense Rayssa Leal nas pistas de skate em Tóquio. Em sua primeira Olimpíada, que também era a estreia olímpica do esporte, a 'Fadinha' — como era conhecida nas redes sociais — conquistou aos 13 anos a medalha de prata no skate street, tornando-se a mais jovem medalhista olímpica brasileira.

Desta vez, nas Olimpíadas de Paris 2024 — e com 16 anos — Rayssa é uma das grandes apostas para a conquista do ouro para o país. Em entrevista à EXAME, na primeira semana dos jogos, ela conta detalhes sobre sua preparação para a competição e como tem sido a rotina intensa de treinos – tudo isso enquanto navega pelas complexidades da adolescência.

Reconhecimento

Jhulia Rayssa Leal nasceu em Imperatriz, a segunda maior cidade do Maranhão, em 4 de janeiro de 2008. Com 16 anos e 1,60 m de altura, a jovem promessa brasileira começou a praticar skate aos seis anos de idade, após ganhar um shape de presente de aniversário de um amigo de seu pai.

Antes de ser uma das principais representantes do esporte, Rayssa já havia se tornado um fenômeno na internet. Em 2015, ela viralizou no YouTube e ganhou o apelido de “Fadinha do Skate”. No vídeo, Rayssa, vestida de fada azul, aparece andando de skate com amigos em um desafio de manobras conhecido como "best trick". Nas imagens, ela tenta executar o "heelflip" duas vezes, sem sucesso. Mas, na terceira tentativa, usando suas asas de fada, Rayssa acerta a manobra com perfeição, o que chamou a atenção de Tony Hawk, um dos maiores ícones do skate.

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A atleta faz questão de demonstrar imensa satisfação com a carreira que construiu até agora. E ressalta que sua maior conquista é ser uma das principais referência dos skate aos jovens brasileiros, especialmente entre as garotas.

"Me sinto muito feliz por estar em uma posição de representatividade. Inspirar as pessoas, especialmente as meninas, a investirem em uma carreira no skate. Espero influenciá-las positivamente a não desistirem de seus sonhos".

Em 2021, Rayssa fez sua estreia em uma Olimpíada ao competir em Tóquio. Na disputa, ela conquistou a medalha de prata. Em sua participação, a Fadinha encantou o mundo com sua simpatia e espírito esportivo, sendo flagrada torcendo pelas concorrentes. Além da medalha, ela venceu o "The Visa Awards", prêmio que reconhece o atleta que mais representa os valores olímpicos.

Atualmente, Rayssa é a terceira melhor skatista de street do mundo. Mesmo jovem, ela já bateu vários recordes. Aos 11 anos, tornou-se a skatista mais jovem a chegar à final do Mundial de Skate Street feminino, competindo contra atletas experientes como Letícia Bufoni e Pâmela Rosa. Aos 15 anos, foi a primeira mulher a ganhar uma nota 9 no Super Crown da Street League de Skate (SLS) 2023, a nota mais alta da competição.

Em maio de 2024, Rayssa conquistou a medalha de ouro na etapa da China do Pré-Olímpico de skate em Xangai, vencendo as japonesas Liz Akama e Coco Yoshizawa, respectivamente segunda e primeira colocadas no ranking mundial. Com essa vitória, ela garantiu sua vaga nos Jogos Olímpicos de Paris.

A relevância de Rayssa no esporte não apenas trouxe inúmeros fãs, como também atraiu o interesse de diversas marcas em patrociná-la nas pistas. Para uma atleta em ascensão, a quantidade de patrocínios impressiona.

Em uma publicação recente em suas redes sociais, a skatista marcou os perfis das 15 empresas que a apoiam seus esforços, entre elas: Louis Vuitton, Nike, Banco do Brasil, Vivo, Samsung, Snickers, Nescau, entre outras.

Preparação para as olimpíadas

Atualmente, Rayssa concilia a vida de estudante em uma escola particular no Maranhão com a rotina de atleta profissional. Ela participa de campeonatos, concede entrevistas, faz campanhas comerciais, e ainda precisa lidar com tarefas escolares e provas. No final de 2023, ela precisou fazer as provas finais antes dos colegas para participar do Super Crown, uma das competições mais importantes do skate.

A atleta já está em Paris para competir nos Jogos Olímpicos. Antes de desembarcar na capital francesa, Rayssa encarou um treinamento intensivo em Imperatriz para aperfeiçoar suas habilidades nas pistas. Apesar das dificuldades, a skatista não abriu mão de se divertir durante a preparação.

"Antes de ir para a Paris, eu tenho treinado bastante nas pistas. Isso exigiu que eu mantivesse uma rotina diária de treinos, preparação física, fisioterapia e a terapia comum. Apesar da quantidade de coisas, esse processo foi muito bom, porque tive momentos de diversão. E ter minha família e minhas amigas por perto fez toda a diferença", detalhou.

Lidar com grandes responsabilidades, por si só, traz pressão para pessoas de qualquer idade. Por outro lado, disputar o ouro com atletas de diferentes nacionalidades nos Jogos Olímpicos e carregar a reputação de um país na modalidade já representa um desafio homérico.

Ao fazer essa conta no lápis, Fadinha passou a contar com acompanhamento psicológico, com o próposito de enfrentar essa jornada de maneira saudável. Segundo a skatista, essa ajuda começou logo depois dos jogos de Tóquio, em 2021, quando percebeu que, depois de conquistar a medalha de prata, sua vida não seria mais a mesma.

"Eu conto com a ajuda de uma rede de apoio, que está sempre perto de mim. Faço a terapia desde que voltei de Tóquio", explica. "É um trabalho de amadurecimento também e que faz parte do processo. Com a ajuda profissional, o meu trabalho fica menos doloroso".

Além do cuidado com a saúde mental, Rayssa leva muito a sério a necessidade de respeitar os limites entre o trabalho e a vida pessoal. E garante que esse equilíbrio tem feito muita diferença em suas performances nas pistas.

"Quando não estou treinando, faço muitas coisas para relaxar a mente e o corpo. Eu adoro ouvir músicas, bater papo e estar sempre com os meus amigos. Sempre quando posso, vou para a chácara da família, com o meu irmão mais novo, o Arthur, e jogar futebol".

Diante das expectativas para as disputas nas olimpíadas, essa fórmula também tem surtido efeito nas habilidades da skatista e na sua confiança de vitória.

"Eu tento lidar com a pressão de uma forma leve e busco sempre ver o lado positivo das coisas. Independentemente do resultado, eu vou dar o meu melhor em Paris, chegar feliz na pista e me divertir. Espero conseguir dar minhas melhores manobras", brinca.

E acrescenta: "Meu objetivo principal é conquistar minha segunda medalha olímpica. Será um momento emocionante, porque é a primeira edição dos jogos depois da pandemia. Além disso, vamos ter atletas do skate feminino do mais alto nível".

Quando será a estreia de Rayssa Leal nas Olimpíadas?

Rayssa vai às pistas neste domingo, 28 de julho, na Praça da Concórdia, para representar o Brasil na capital francesa. As qualificatórias do skate street feminino estão previstas para ter início às 7h (horário de Brasília), enquanto a final deve acontecer às 12h.

Conquistas de Rayssa Leal

Jogos Olímpicos

  • Prata: Tóquio 2020 - Skate street

Campeonatos Mundiais – Street League Skateboarding (SLS)

  • Ouro: Rio de Janeiro 2022 - Skate street
  • Ouro: São Paulo 2023 - Skate street
  • Prata: São Paulo 2019 - Skate street
  • Prata: Jacksonville 2021 - Skate street

X Games

  • Ouro: Chiba 2022 - Skate street
  • Ouro: Chiba 2023 - Skate street

Campeonatos Mundiais – World Skate (WS)

  • Ouro: Sharjah 2022 - Skate street
  • Prata: Tóquio 2023 - Skate street
  • Bronze: Roma 2021 - Skate street

Jogos Pan-Americanos

  • Ouro: Santiago 2023 - Skate street
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