Agência de notícias
Publicado em 18 de maio de 2025 às 11h36.
Ex-craque e também ex-postulante à presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ronaldo Fenômeno não poupou palavras neste domingo para criticar a entidade, que passa por mais um momento conturbado. O atual presidente, Ednaldo Rodrigues, foi afastado na última semana por decisão do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) e novas eleições foram convocadas para o fim deste mês.
"Não é novidade para ninguém. O que está acontecendo agora já aconteceu outras vezes. A gente vive um momento terrível, mas o mais impressionante é que a gente não vê uma luz no fim do túnel. Enquanto o estatuto da CBF for esse que é agora, que o poder fica na mão dos 27 presidentes de federações, essa palhaçada vai continuar. Não tem nenhuma chance de reforma no futebol brasileiro. Eu diria que muda a página, mas o livro é o mesmo, é tudo farinha do mesmo saco", disse Ronaldo em entrevista à TV Bandeirantes, durante transmissão do GP de Imola, na Itália, que é acompanhado in loco pelo Fenômeno.
Ronaldo, que já havia revelado a intenção de se tornar presidente da confederação, anunciou em março que havia desistido da candidatura. Segundo ele informou na ocasião, faltou apoio das federações estaduais. Ainda de acordo com o ex-jogador, 23 das 27 federações se negaram a recebê-lo, com a justificativa de que estariam felizes com a gestão de Ednaldo e queriam reelegê-lo.
Neste domingo, Ronaldo afirmou que, com o potencial do futebol brasileiro, bastaria uma "reforma importante" para "ter esperança de voltar" a conquistar títulos, além de "reconectar" a seleção e os torcedores. Mas a visão do Fenômeno é pessimista e diz que o cenário "não vai mudar".
A decisão que afastou Edinaldo Rodrigues da presidência da CBF foi publicada nesta quinta-feira pelo desembargador Gabriel de Oliveira Zefiro, do TJRJ. O magistrado nomeou o vice Fernando Sarney como interventor e determinou a realização de eleições "o mais rápido possível" para formação de nova diretoria.
A decisão atende a um pedido de Sarney feito ao TJRJ no começo da semana. Ele pediu a anulação de um acordo homologado em fevereiro no STF entre a CBF, a Federação Mineira de Futebol e mais cinco dirigentes; o afastamento de Ednaldo; e sua nomeação como interventor. A solicitação foi motivada por suspeitas de vício de consentimento na assinatura de um dos cartolas, Antônio Carlos Nunes Lima, o Coronel Nunes.
Além de afastar Ednaldo, Zefiro anulou o acordo. Ele fora assinado pelo próprio presidente da CBF, por Rogério Caboclo (ex-mandatário afastado pelo comitê de ética da entidade em 2021), Nunes, Sarney, Castellar Neto, Gustavo Feijó e pela Federação Mineira de Futebol. Todos eles eram parte de um processo que se arrasta desde 2021, quando o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) questionou a Assembleia Geral de 2017 que alterou as regras eleitorais da confederação. Ao longo destes anos, todos questionaram a legitimidade do MPRJ para atuar na entidade.