Redação Exame
Publicado em 18 de dezembro de 2024 às 14h46.
O futebol mexicano voltou a ficar no centro das atenções depois que o Pachuca eliminou o Botafogo e o Al-Ahly, pela Copa Intercontinental, e chegou à decisão para enfrentar o Real Madrid, nesta quarta-feira, 18. Mas o que poucos sabem é que o protagonismo do país no futebol vai além disso.
Algo inegável é que o país sempre foi ousado financeiramente. Por lá, as equipes são privadas e contam com milhões para investimentos. Finalista do Mundial de Clubes em 2021, o Tigres pertence a uma universidade particular e a um poderoso grupo fabricante de cimento. De toda a elite do futebol local, somente o Pumas não tem um dono e é constituído por uma associação civil.
Essa força monetária é evidenciada nas contratações - atualmente, são mais de 200 atletas estrangeiros atuando no país, mais do que o dobro do Campeonato Brasileiro. A maioria deles são sul-americanos, assim como no Brasil.
"São movimentos ousados e que devem aumentar nos próximos anos, com protagonismo não apenas na parte técnica, mas também no campo dos eventos", alerta Renato Martinez, vice-presidente da Roc Nation e que esteve envolvido em ambas as negociações.
Em meados deste ano, foi a Roc Nation quem comandou a transferência daquela que foi a maior venda da historia do Santos de um zagueiro, Joaquim, que seguiu para o Tigres por 8 milhões de dólares.
Alguns movimentos ousados também aconteceram no último ano, como a saída de dois atletas da Premier League para a Liga Mexicana. Foi assim com o zagueiro Samir, revelado pelo Flamengo, e que em agosto de 2022 deixou o Watford para atuar no Tigres. Já o atacante Léo Bonatini, revelado pelo Cruzeiro, também em 2022 deixou o Wolves para jogar no San Luis.
As duas transações foram realizadas pela Roc Nation, empresa de entretenimento norte-americana, com mais de vinte anos de experiência no futebol mundial e que gerencia as carreiras de Vini Jr, Endrick e Gabriel Martinelli, entre outros.
Dentro deste cenário, existe um outro acontecimento que tem despertado o interesse de brasileiros pelo México, que é a presença de treinadores do nosso país por lá. André Jardine, que comandou a seleção brasileira sub-20 e sub-23, assumiu o San Luis em 2022, e em 2023 transferiu para o poderoso América. Levou com ele um auxiliar brasileiro multicampeão na base do Palmeiras, o técnico Paulo Vitor.
Jardine, que por muitos anos comandou a base do São Paulo, até chegar ao time profissional, virou ídolo e referência no México. Com o América, ele chegou ao terceiro título consecutivo da Liga MX, igualando o feito de Raúl Cárdenas, comandante do Cruz Azul nas campanhas de 1972 a 1974. Ele já é o treinador com mais títulos da história do América.
Quem assumiu o posto de Jardine no San Luis, na época, foi justamente o ex-auxiliar dele, Gustavo Leal, que no Brasil estava no Fluminense antes de também compor a comissão técnica do Brasil - ele já deixou o clube. O outro brasileiro no país é Tuca Ferretti, do Cruz Azul.
Para especialistas, a presença de comandantes brasileiros deve fazer com que mais atletas do país atuem por lá. Esse impacto já refletiu em algumas negociações nesta temporada, como a ida do zagueiro Luan, ex-Palmeiras, para o Toluca. Outros dois que foram, mas voltaram, são o meia-atacante David Terans, que estava no Athletico, foi negociado com o Pachuca, e retornou ao Fluminense, e o atacante Pedro Raul, que deixou o Vasco para o Toluca, mas regressou ao Corinthians.
Pode se repetir algo parecido com o que acontece com jogadores argentinos - são mais de 100 no México, muito em razão da grande quantidade de técnicos hermanos no país.
"Os argentinos se adaptam mais rápido do que os brasileiros neste tipo de situação, e o fato de a Liga Mexicana ter muitos treinadores da Argentina contribuem para isso também. Mas esse movimento com a ida do Jardine, e os títulos e conquistas dele por lá, pode contribuir para o crescimento de brasileiros", complementa Renato Martinez, da Roc Nation.
Existe um outro movimento, também ousado, que tem a ver com questões que vão além da parte técnica, como a disputa do Super Mundial, em 2025, e Copa do Mundo, em 2026, nos Estados Unidos, além de outros eventos como Copa América e Jogos Olímpicos. Até mesmo a ida de Messi e outros craques ao país têm a ver com esse crescimento visando todos esses eventos.
"A Leagues Cup, por exemplo, já é um torneio que coloca em evidência os times americanos e mexicanos, faz parte de uma integração que torna tanto a Liga Mexicana quanto a MSL mais competitivas", aponta Renato Martinez, da Roc Nation.
Com história, tradição, nível técnico e tático acima do seu adversário, o Real Madrid é considerado o grande favorito para vencer a Copa Intercontinental de Clubes, em final que acontece na próxima quarta-feira. Segundo as casas de apostas, quem preferir arriscar um palpite na equipe do Pachuca, poderá contar com odds de até 12.00 na vitória dos mexicanos.