GP do Brasil de Fórmula 1: corrida ocorrem em novembro, em São Paulo (Mark Thompson/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 5 de novembro de 2023 às 13h57.
Praticamente um mês se passou desde que o holandês Max Verstappen conquistou o título de campeão da temporada 2023 de Fórmula 1, o terceiro da carreira do piloto de 26 anos da Red Bull. A vitória antecipada de Verstappen faz com que, pela 10ª prova consecutiva, o Grande Prêmio de São Paulo seja realizado já com o campeonato decidido.
A última vez que o Autódromo de Interlagos foi palco de uma corrida que definiu o título da principal categoria do automobilismo foi em 2012, quando Sebastian Vettel contou com uma vitória de Jenson Button para alcançar sua terceira conquista seguida — o alemão conseguiria também a quarta, no ano seguinte.
Apesar de o título holandês reduzir as chances de maiores emoções neste domingo, a procura por ingressos para o GP de São Paulo foi grande e só sobraram tíquetes para um setor, onde um lugar custa R$ 1.980. Os organizadores esperam recorde de público, com mais de 235 mil espectadores nos três dias de evento.
— Interlagos sempre reserva surpresas, mesmo quando não importa tanto para o campeonato. No ano passado, também tivemos uma grande corrida aqui, mesmo já com o título decidido — diz o estudante Rafael Trigo, de 14 anos, que veio ao autódromo pela primeira vez neste ano acompanhado da mãe.
Fã de Lewis Hamilton (ele encarou uma fila de 15 minutos sob forte sol para tirar uma ‘selfie’ com o inglês em uma máquina que incluía os pilotos digitalmente nas imagens), Rafael diz que sempre teve interesse em automobilismo por influência dos pais.
Desde 2019, o público da Fórmula 1 se renovou também a partir de um aliado que vem de fora das pistas: os streamings. O sucesso da série “F1: Dirigir para Viver” (Netflix) ajudou a atrair o interesse de pessoas mais jovens para os autódromos, e contribuiu para que a competição não seja vista como única atração do evento.
— A série mostrou os bastidores, o mundo extremamente dolorido e glamouroso da Fórmula 1. E também mostrou as dificuldades, as desilusões, sentimentos com os quais muitos se identificam. Hoje, as pessoas não vão ao autódromo para ver o piloto brasileiro, mas sim aquele que ela elegeu como seu favorito, com quem mais se identificou. A Fórmula 1 entrou na casa das pessoas como uma novela, e agora o público quer ver a gravação desse drama ao vivo — analisa o presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), Giovanni Guerra.
Cerca de 70% das pessoas que visitam o autódromo para o GP de São Paulo não moram na cidade, segundo pesquisas encomendadas pela prefeitura. Para todos, as atrações em Interlagos vão bem além da corrida, e nem se restringem só ao automobilismo.
O GP de número 51 do Brasil tem o dobro das opções de entretenimento das edições anteriores, com quatro palcos onde se apresentarão DJs e o grupo carnavalesco Monobloco, que tocará pouco antes da largada neste domingo. O hino nacional será entoado pela cantora Ludmilla, acompanhada pelo menino de 12 anos Miguelzinho do Cavaco, hit das redes sociais.
O entretenimento pré-corrida também contará com apresentação da Esquadrilha da Fumaça e com a exibição de um grupo de paraquedistas das Forças Armadas.
No paddock e na área VIP, o público encontra simuladores virtuais, um desafio de pitstop, e espaços instagramáveis com cabines de foto e vídeos em 360°. A culinária está a cargo do Bar da Dona Onça, comandado pela chef queridinha dos paulistas Janaina Rueda, que serve no local bolinhos de bacalhau, pastéis, caipirinhas e outras iguarias tipicamente brasileiras — com destaque para o pudim de leite condensado para a sobremesa. Pela primeira vez, também foi montado no local o Paddock Café, onde as bebidas são preparadas com grãos cultivados só por produtoras mulheres.
Na butique de Interlagos, bonés da Mercedes e da Red Bull desbancaram a Ferrari no ranking dos mais vendidos (cada um sai por R$ 500). Fã da equipe italiana, o venezuelano Manuel Garces, de 31 anos, veio ao Brasil pela primeira vez torcer por uma vitória de Charles Leclerc. O piloto será o segundo no grid de largada deste domingo.
— Eu comprei o ingresso antes de o título ser decidido. Mas acho que compraria de qualquer maneira, por conta da experiência — diz Manuel, que é comerciante e comprou para si e para a esposa acessórios com o logotipo da Ferrari (uma camiseta de algodão simples com o cavalinho estampado custa R$ 200 no autódromo).
As distrações fora da pista, claro, não tiram o foco do que acontece dentro dela — mesmo com Verstappen com seu lugar assegurado na ponta da tabela de classificação e largando na pole position. A disputa pelo segundo lugar da competição ainda está aberta, assim como a segunda posição no campeonato de construtores.
Atual terceiro colocado na tabela, Lewis Hamilton, que largará neste domingo na quinta posição, disse estar “empolgado” com a corrida e que aprendeu a ressignificar a importância de buscar ser o segundo melhor do torneio. Esta é a primeira vez que Hamilton retorna ao Brasil desde que ganhou o título de cidadão brasileiro, no ano passado:
— Em 2007, na primeira vez que eu vim a São Paulo, lembro de estar muito empolgado. Eu pude sentir a presença do Ayrton (Senna), foi uma grande experiência. E hoje eu sou cidadão brasileiro, é muito louco dizer isso, é surreal. Eu me sinto em casa aqui — afirmou o piloto. — Nosso foco é terminar no lugar mais alto possível. Vamos lutar por esse segundo lugar, acho que seria uma marca importante para o ano incrível que tivemos. Quando eu era criança, achava que ser o primeiro era tudo e qualquer coisa abaixo disso não interessava. Mas eu realmente estou aprendendo a apreciar o que estamos vivendo agora.
Após a corrida de Interlagos, a temporada 2023 da Fórmula 1 terá ainda mais duas etapas: em Las Vegas, no dia 19, e em Abu Dhabi, no dia 26.