Esporte

Cerveja nos estádios de SP? Declaração de presidente da federação reacende discussão

Presidente da Federação Paulista de Futebol defendeu a liberação da venda de bebidas alcoólicas nos estádios do estado

Cerveja: liberação volta a discussão após entrevista de dirigente paulista (Ricardo Moreira/Getty Images)

Cerveja: liberação volta a discussão após entrevista de dirigente paulista (Ricardo Moreira/Getty Images)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 9 de maio de 2023 às 10h14.

Na última sexta-feira, 5, o presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro Bastos, defendeu o fim da proibição da venda de cervejas nos estádios de futebol de São Paulo. Ele concedeu uma entrevista para o canal 'Escanteio SP', no YouTube.

“O futebol, a cerveja, são fatores que contribuem para o lazer, para o dia de jogo. O torcedor gosta de chegar mais cedo no estádio, tomar uma cerveja com seus amigos, falar de futebol e nós não temos isso, infelizmente. Nós temos na porta do estádio bares e ambulantes vendendo cerveja, cachaça, vodka, tudo o que você quiser. E aí o cara anda dez metros, entra para o estádio e não pode nada. É muito mais saudável para todo mundo, principalmente financeiramente para os clubes, que ele consuma dentro do estádio. E volto a frisar, o cara anda dez metros, entra no estádio e não pode tomar. Na rua vale tudo. Mas nós vamos resolver isso, podem esperar", declarou o dirigente.

A venda de bebidas alcoólicas nos estádios do estado foi proibida há quase três décadas. Nos bastidores, os clubes da capital fazem lobby a favor da liberação há alguns anos. De acordo com dados da GSH (Gourmet Sports Hospitality), empresa responsável pelo setor de alimentos e bebidas do Allianz Parque, a liberação de bebidas alcoólicas nos estádios de São Paulo representaria um aumento de aproximadamente 30% do faturamento. A medida também teria reflexo direto na geração de empregos, com a contratação de mais atendentes, operadores de caixa e ambulantes, por exemplo.

"É uma oportunidade enorme para a criação de emprego, caso ocorra uma mudança de lei, visto que estamos falando de um segmento com muitos profissionais capacitados e que estão se recolocando no mercado", afirma Tábata Silva, gerente do Empregos.com.br, um dos maiores portais de recolocação profissional do país.

Nos camarotes da Soccer Hospitality, empresa que administra espaços premium nos quatro principais estádios de São Paulo, o serviço de bebidas alcóolicas é disponibilizado até 2h antes da partida e após o apito final.

“Na minha visão de mercado, a liberação das bebidas nos estádios tornará o espetáculo ainda mais interessante. Além da possibilidade de parcerias, como já temos com a Jack Daniels, os camarotes terão uma gama muito maior para promover ativações. Perante ao mercado, o produto também passa a ser muito mais atrativo, já que os torcedores terão acesso às bebidas a todo momento”, comenta Léo Rizzo, CEO da empresa.

Alguns especialistas ligados ao assunto defendem a liberação, desde que venham acompanhadas também de medidas que não gerem violência. "Trata-se de uma alternativa que seria rentável e benéfica para todas as partes envolvidas. Mas instruir o público com campanhas de conscientização também é fundamental caso isso aconteça", aponta Fábio Wolff, especialista em marketing e que atua com marcas junto a personagens esportivos.

O executivo Renê Salviano, da agência Heatmap, que atende empresas que atuam em estádios como Allianz Parque e Mineirão, também vê a liberação com bons olhos. "Já vemos essa liberação em shows, até mesmo em São Paulo, e entendo que chegou o momento de ocorrer uma mudança. Todos os grandes eventos são assim. Ao mesmo tempo, entendo que elas devem vir acompanhadas de campanhas de conscientização sobre vício e consumo excessivo", esclarece.

Por que bebidas alcoólicas são proibidas nos estádios de SP

A Lei Estadual nº 9.470, de 1996 proíbe a comercialização de bebidas alcoólicas nas dependências dos estádios de futebol de São Paulo. Ela entrou em vigor um ano depois da briga entre torcedores de Palmeiras e São Paulo, na decisão da Supercopa São Paulo de Juniores, no Pacaembu. O episódio ficou conhecido popularmente como a "Batalha do Pacaembu", com um saldo de 102 feridos e um torcedor morto.

Venda de cerveja nos estádios de SP quase foi liberada

Em julho de 2021, a Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) aprovou um projeto de lei que liberava a comercialização nos estádios, mas a decisão foi vetada pela então governador João Doria (PSDB).

Quais estados proíbem a venda de cerveja nos estádios de futebol?

No Brasil, apesar da venda de bebidas ser permitida fora dos estádios, dentro deles ainda existem algumas restrições. São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás e Alagoas não permitem a comercialização de bebidas alcoólicas dentro das arenas. Bahia, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Pernambuco, Ceará e Minas Gerais possuem regras específicas para a venda e consumo, tanto dentro quanto nos arredores de onde a partida é disputada.

Cada estado possui uma regra, e o veto por parte das assembleias legislativas é constitucional, visto que o Estatuto do Torcedor não caracteriza quais bebidas devem ser liberadas nos estádios brasileiros.

"Entendo que, depois de quase 30 anos, chegou a hora desta regra ser revista. Essa proibição em São Paulo é danosa aos cofres dos clubes, e já ficou claro que não é isso que diminui ou aumenta a violência", alerta Armênio Neto, especialistas em novos negócios na indústria do esporte.

A reportagem da EXAME procurou a secretaria estadual dos Esportes sobre o assunto e aguarda posicionamento.

Acompanhe tudo sobre:FutebolCervejasEstádios

Mais de Esporte

Perto de R$ 1,9 bi em vendas, Ingresse turbina investimento no futebol e mira clubes europeus

Juventude x Bahia: onde assistir e horário do jogo pelo Brasileirão Série A

Vitória x Corinthians: onde assistir e horário do jogo pelo Brasileirão

São Paulo x Athletico-PR: onde assistir e horário do jogo pelo Brasileirão Série A