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Zurich lança plataforma que mapeia riscos climáticos até 2100 — e quer evitar prejuízos bilionários

Em primeira mão à EXAME, a seguradora destacou que a solução ajuda na tomada de decisões e orienta empresas e políticas brasileiras em relação a investimentos em adaptação

No Brasil, somente as enchentes históricas no Rio Grande do Sul levaram a prejuízos superiores a R$ 70 bilhões (Ricardo Stuckert/Presidência da República/Divulgação)

No Brasil, somente as enchentes históricas no Rio Grande do Sul levaram a prejuízos superiores a R$ 70 bilhões (Ricardo Stuckert/Presidência da República/Divulgação)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 8 de julho de 2025 às 18h30.

Última atualização em 10 de julho de 2025 às 16h12.

Se antes os riscos climáticos eram vistos pelos negócios como algo distante, hoje os eventos extremos batem cada vez mais na porta e o setor já entende seus impactos em toda cadeia produtiva e nas comunidades onde atua.

Em meio à crise do clima, se tornar mais resiliente virou sinônimo de estratégia e evita perdas bilionárias a curto e longo prazo. Não à toa, é considerada o principal risco para a próxima década, segundo o Fórum Econômico Mundial. 

Estudos recentes refletem este cenário desafiador: os desastres ambientais geraram prejuízos superiores a R$ 732 bilhões entre 2013 e 2024. No Brasil, somente as enchentes históricas no Rio Grande do Sul levaram a um rombo superior a R$ 70 bilhões.

Em 2024, o mundo perdeu US$ 402 bilhões e uma pequena parcela de US$ 72 bilhões foi coberta por seguros, o que evidencia uma lacuna de proteção. Até 2100, a crise climática pode reduzir em até US$ 43 trilhões o valor de ativos globais e reduzir o PIB global em 22%. 

Pensando em ajudar governos e empresas a se prepararem diante dos efeitos mais severos do clima, a seguradora Zurich lançou uma plataforma digital que avalia riscos associados aos eventos extremos considerando um cenário de até 2,5 ºC de aquecimento projetado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). 

A ideia surgiu logo após o pior desastre climático da história do Brasil: as enchentes no Rio Grande do Sul e veio a partir da demanda de uma empresa multinacional. Atualmente, já são 196 operações no mundo.

"Na nossa visão, resiliência não é apenas responder a desastres, mas antecipá-los", disse Tiago Santana, superintendente de Engenharia de Riscos da Zurich Seguros, em entrevista à EXAME. 

Para o executivo, é essencial avançar em três frentes: uso de inteligência climática para mapeamento de vulnerabilidades, criação de planos de adaptação personalizados e integração da agenda climática à governança corporativa.

A resiliência é peça-chave na estratégia de sustentabilidade da companhia global, que desde 2019 tem se posicionado de forma pioneira em várias iniciativas de seguros relacionados à sustentabilidade.

Plataforma analisa 12 tipos de risco

Batizada de Climate Spotlight Core, a nova solução oferece uma análise detalhada da exposição de diferentes locais do mundo a 12 tipos de risco: precipitação, alagamento, granizo, vendaval, ondas de calor, ondas de frio, secas, queimadas, ressaca, aumento do nível do mar, terremoto e tornados.

Segundo José Bailone, diretor-executivo de Seguros Corporativos da Zurich, o objetivo é servir de apoio à tomada de decisões de organizações de todos os portes e setores, governos, prefeituras e em um contexto alarmante de mudanças climáticas, em que a prevenção é essencial para mitigar perdas.

"O lançamento reflete o nosso compromisso em apoiar os negócios a entenderem melhor seus riscos, adaptarem suas operações e agirem de forma mais segura e sustentável", destacou Bailone.

O período de análise é um diferencial: de cinco em cinco anos até 2100, levando em conta diferentes cenários de aumento da temperatura global.

Após a análise, é gerado um relatório com as principais descobertas e um time de engenharia da companhia de seguros é acionado para contemplar métricas como número de empregados afetados, lucros gerados e dependência de fornecedores estratégicos.

Resiliência como estratégia

Com a COP30 se aproximando e o Brasil no centro dos holofotes, a resiliência climática ganha ainda mais relevância e cresce a expectativa que o mundo avance em agendas concretas de adaptação e prevenção. 

Para a Zurich, o momento é uma oportunidade estratégica para reforçar o papel do setor de seguros como aliado na gestão de riscos climáticos.

"Buscamos contribuir com soluções que ajudam empresas e instituições públicas a entender melhor sua exposição e a adotar medidas práticas de adaptação, sempre com base em dados, ciência e colaboração multissetorial", complementou Santana.

Segundo o executivo, o principal desafio é transformar a maior consciência ambiental e preocupação em ação estruturada.

"Isso passa por incorporar dados sobre clima nos processos de gestão de risco, planejamento de investimentos, desenho de apólices e até decisões de localização e logística", explica.

Primeiros projetos

A Zurich já utilizou a ferramenta no Brasil em empresas de setores como alimentos e infraestrutura. O agronegócio é hoje um dos mais impactados pelas mudanças climáticas.

Em um dos casos, a análise indicou intervenções em drenagem e rotas logísticas, evitando prejuízos significativos por alagamentos. Em outro, ajudou a redesenhar operações em regiões com alta incidência de queimadas e escassez hídrica.

"Alguns negócios já estão utilizando para a tomada de decisão estratégica, identificando e analisando locais para implantar novas unidades, de forma a agregar a análise do risco climático antes mesmo de iniciar suas operações", concluiu Santana.

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