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Você conhece os desafios de lidar com o biocarvão?

Material, também conhecido como biochar, apresenta boa solução climática

Biocarvão: solução climática com impacto positivo na agricultura tropical. (Gil Silva/Divulgação)

Biocarvão: solução climática com impacto positivo na agricultura tropical. (Gil Silva/Divulgação)

Publicado em 30 de junho de 2025 às 14h00.

O biocarvão, ou biochar, é um material rico em carbono produzido por meio da queima de resíduos orgânicos, oferecendo um benefício duplo de aumento da fertilidade do solo e atuando como uma ferramenta de sequestro de carbono de longo prazo.

O material é frequentemente aclamado como uma solução climática, capaz de melhorar o solo e armazenar carbono. Por exemplo, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) conduziu uma extensa pesquisa agronômica sobre os efeitos em diferentes culturas e tipos de solo. No entanto, apesar de seu potencial, o caminho para escalar a produção de biocarvão - especialmente em um modelo sustentável e circular - continua repleto de desafios.

Por que as regiões tropicais são a chave?

“Para maximizar o impacto, você quer selecionar locais que tenham características específicas do solo e características climáticas”, disse Olivier Reinaud*, cofundador e diretor administrativo da NetZero, uma empresa de biocarvão, em entrevista realizada em dezembro de 2024. Na ocasião, ele explicou que as condições certas permitem tanto “os benefícios do armazenamento de carbono quanto os benefícios agrícolas do biocarvão, e é assim que você pode escalar muito rápido”.

Nem todas as regiões oferecem esse potencial: em países desenvolvidos, muitos dos resíduos de colheita disponíveis já são, deixando pouca biomassa disponível para o biocarvão.

Regiões tropicais com temperaturas médias de cerca de 25 ºC e maior insolação, por outro lado, apresentam uma oportunidade inexplorada, por sua maior produção de biomassa e seus sistemas de reutilização mais fracos. Além disso, o biocarvão leva a aumentos de rendimento de safra de, em média, 25% nos trópicos, bem maior do que em regiões temperadas.

Os desafios de escalar a produção de biocarvão

Apesar de sua promessa, a produção de biocarvão em escala industrial a partir de resíduos de safra continua rara, já que a maior parte da infraestrutura é construída em torno da madeira, que representa 15% do potencial total, de acordo com Reinaud. A verdadeira escalabilidade está nos 85% correspondentes a resíduos de safra, mas isso requer um modelo circular que produza e aplique biocarvão localmente, diferente dos sistemas dos países desenvolvidos.

Entre os resíduos usados para biocarvão, a cana-de-açúcar é frequentemente considerada a mais viável, devido à sua produção centralizada e em larga escala, que facilita a implementação de sistemas circulares. Este modelo suporta tanto a eficiência logística quanto a rastreabilidade — dois componentes-chave para projetos que visam gerar créditos de carbono.

Outras safras como soja ou arroz também mostram-se promissoras, mas apresentam desafios distintos. Seus resíduos são frequentemente dispersos por grandes áreas, envolvem várias partes interessadas ou seguem ciclos complexos de colheita, dificultando a coleta e a aplicação circular. E cada produto tem suas próprias características, necessitando soluções específicas.

Enfim, o aproveitamento do biocarvão exigirá navegar por essas complexidades, garantindo rastreabilidade, compatibilidade de infraestrutura e viabilidade financeira. O processo está longe de ser simples, mas o potencial para benefícios climáticos e de solo o torna um desafio que vale a pena enfrentar.

*A entrevista foi realizada em 08/12/2024, e as informações correspondem a esta data.

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