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Veículos elétricos: estudo reconhece desafios para a implementação destes automóveis mas recomenda a utilização para a diminuição das emissões de carbono (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de ESG
Publicado em 11 de outubro de 2023 às 12h00.
Última atualização em 11 de outubro de 2023 às 15h25.
O uso de carros elétricos tem se tornado uma tendência ao redor do mundo. Mas, além disso, muitas pesquisas tem estudado os impactos desta categoria dos veículos no meio ambiente. Segundo o estudo Comparação das emissões de gases de efeito estufa no ciclo de vida de carros de passeio a combustão e elétricos no Brasil do Conselho Internacional de Transporte Limpo (ICCT Brasil), organização de pesquisa que analisou as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em automóveis de passeio compactos, médios e SUVs compactos, os carros elétricos mostram uma redução que varia entre 64 e 67% das emissões em comparação aos veículos tradicionais à combustão.
A pesquisa Global Electric Vehicle Outlook 2023 (em tradução livre, Perspectiva Global de Veículos Elétricos) realizada pela Agência Internacional de Energia (IEA), afirma que os carros elétricos continuarão crescendo até este ano, no primeiro trimestre, mais de 2,3 milhões de automóveis elétricos foram vendidos mundialmente – correspondendo a uma crescente de mais de 25% se comparado com o mesmo período do ano anterior.
“Esperamos ver a movimentação de 14 milhões em vendas de carros elétricos até o final de 2023”, afirma o documento da IEA. Ainda segundo o relatório, boa parte da justificativa para essa crescente são os incentivos nacionais que impulsionam as vendas e a elevação dos preços do petróleo durante o último ano. Então, é extremamente relevante observar este mercado. Segundo a ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), no Brasil existem cerca de 38 milhões de automóveis registrados, sendo que este contigente é responsável por mais de 30% das emissões de gases do efeito estufa.
“Em comparação à gasolina, o etanol conta com redução de emissões em veículos, porém é importante observar que essas emissões continuam sendo muito superiores àquelas associadas aos veículos elétricos. Por isso, é recomendada a utilização do etanol na frota que já circula atualmente no Brasil, constituída majoritariamente por veículos flex. Outro ponto relevante é o estímulo à produção de etanol de segunda geração, feita a partir de resíduos de biomassa, que ainda representa menos de 1% da produção nacional”, disseram os autores do documento.
Segundo o relatório, uma das principais descobertas foi a limitação das redução de emissões em veículos híbridos em comparação a veículos flex quando ambos usam etanol. Neste contexto, as reduções de emissões dos veículos híbridos podem alcançar, no máximo, 15%. O estudo reforça, no entanto, que a tecnologia flex não garante a substituição da gasolina por etanol – apesar de veículos flex representarem mais de 90% das vendas nacionais, o consumo de etanol ainda corresponde a cerca de um terço da energia consumida por esses veículos.
Pensando em descarbonização, os veículos elétricos se mostram uma alternativa consistente. “A meta brasileira de atingir a neutralidade climática em 2050 exige esforços no setor de transportes, para implementar o quanto antes tecnologias com o maior potencial de redução de emissões”, afirmou André Cieplinski, um dos autores do levantamento.
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Mesmo utilizando baterias de lítio, as baterias de veículos elétricos têm uma vida útil maior do que as dos demais veículos. E elas podem ter um segundo uso em casas, indústrias e até na rede elétrica, armazenando energia excedente de fontes renováveis. Além disso, as baterias podem ser recicladas diminuindo, assim, seu impacto ambiental. O estudo do ICCT Brasil estimou as emissões de cada ciclo de vida de cada segmento, considerando também as cadeias de produção do combustível – no caso de veículos a combustão – ou eletricidade – dos carros elétricos.
O relatório ainda reforça que são necessárias metas e políticas públicas por parte do Governo Federal, como o Programa Mobilidade Verde e Inovação (antigo Rota 2030), para a produção e comercialização de veículos elétricos e apoiar a infraestrutura de carregamento desses automóveis, além do abastecimento da frota existente com motores flex com etanol para que o Brasil se aproxime dos compromissos de redução de emissões. O Programa Mobilidade Verde e Inovação, por exemplo, estabelece metas de eficiência energética para os fabricantes dos veículos.
Por fim, o estudo recomenda o incentivo à adoção de tecnologias com maior potencial de redução de emissões, como os veículos 100% elétricos, para alcançar as metas de descarbonização no setor de transportes de passageiros no Brasil. “Para centros urbanos, a autonomia de veículos elétricos abastecidos em casa é suficiente para atender as necessidades do dia a dia. Em segundo lugar, o potencial de redução de emissões de veículos elétricos justifica incentivos para a viabilização de uma infraestrutura de recarga robusta em cidades e rodovias, de modo a superar as barreiras existentes para a eletromobilidade no país”, disseram os responsáveis pelo relatório.
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