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Última usina a carvão do Reino Unido encerra atividades após 57 anos de funcionamento

País reduziu de 80% para 40% a dependencia desse tipo de energia entre 1980 e 2012 e pretende zerar dependência ainda este ano

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 30 de setembro de 2024 às 11h52.

Última atualização em 30 de setembro de 2024 às 11h56.

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Nesta segunda-feira, 30, o Reino Unido marca o fim de sua era de geração de energia a carvão com o encerramento definitivo das operações da usina Ratcliffe-on-Soar, localizada em Nottinghamshire. Após 57 anos em atividade, a usina será desativada em consonância com a política governamental de eliminação do carvão, uma das primeiras iniciativas globais do tipo, sinalizada há quase uma década. As informações são do The Guardian.

A desativação da usina encerra a história de 142 anos do carvão como fonte de eletricidade no país, que começou com a inauguração da primeira estação de energia deste tipo no mundo, a Holborn Viaduct, em 1882. A medida é vista como um marco significativo na redução das emissões de carbono do Reino Unido e um passo importante na transição para energias mais limpas.

Fim do uso de carvão

Nos últimos anos, o Reino Unido foi pioneiro em estabelecer uma data para o fim do uso de carvão, inicialmente prevista para 2025. Contudo, em 2021, o governo adiantou o prazo para 2024, pouco antes de sediar a Conferência do Clima da ONU (Cop26) em Glasgow. A usina de Ratcliffe, operada pela empresa alemã Uniper, foi uma das últimas a operar no país e empregava cerca de 170 trabalhadores no momento de seu fechamento, número bem inferior aos 3.000 funcionários que a usina já teve no passado.

O setor de energia a carvão, que no início dos anos 1980 representava 80% da eletricidade do Reino Unido e 40% em 2012, foi gradualmente reduzido devido a fatores como os impostos sobre o carbono e o aumento do uso de fontes renováveis, mais baratas e sustentáveis. A rápida transição reflete o impacto das políticas climáticas e da modernização do setor energético.

Embora a usina de Ratcliffe tenha sido originalmente programada para encerrar suas operações em 2022, a crise de energia desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia fez com que a instalação continuasse operando sob um acordo especial com o governo, mantendo o fornecimento durante o período de escassez de gás na Europa.

A desativação da usina é vista como um passo essencial na trajetória do Reino Unido para liderar a luta global contra as mudanças climáticas. Tony Bosworth, da ONG Friends of the Earth, destacou a importância de se concentrar agora na redução do uso de gás e no desenvolvimento da capacidade de energia renovável no país. A prioridade, segundo ele, é garantir que essa transição verde ocorra de forma justa, protegendo os trabalhadores e garantindo benefícios para as comunidades.

A decisão do governo britânico de eliminar o carvão como fonte de energia tem sido amplamente elogiada por ambientalistas e especialistas do setor. Ed Matthew, diretor do think tank climático E3G, enfatizou o papel pioneiro do Reino Unido, que foi o primeiro país a construir uma usina a carvão e agora é o primeiro entre as principais economias a abandonar a tecnologia.

Energia gerada pelo carvão

Estudos indicam que a energia gerada pelo carvão foi reduzida pela metade entre os países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) desde 2007. No ano passado, 17% da eletricidade gerada pelos países da OCDE ainda provinha do carvão, mas 27 dos 38 membros da organização se comprometeram a eliminar essa fonte de energia até o final da década.

Embora o fechamento da usina Ratcliffe simbolize o fim de uma era, também representa um novo capítulo na história energética do Reino Unido, que continua avançando em direção a uma matriz energética mais limpa e sustentável. A expectativa é de que o país continue a liderar a transição global para energias renováveis, ao mesmo tempo em que promove um desenvolvimento econômico inclusivo e responsável.

Em meio a esse cenário de transformação, o foco recai agora sobre o fortalecimento das fontes renováveis de energia, como eólica e solar, para garantir que o Reino Unido alcance suas metas climáticas e continue a desempenhar um papel de liderança no combate às mudanças climáticas globais.

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