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Troca de matéria-prima pode reduzir em 11% as emissões na indústria do cimento; saiba qual

Relatório publicado pela UFRJ revela alternativas que podem transformar um dos setores mais poluentes da indústria brasileira

Pesquisadores pedem por políticas públicas específicas para incentivar descarbonização do setor (Washington Alves/Reuters)

Pesquisadores pedem por políticas públicas específicas para incentivar descarbonização do setor (Washington Alves/Reuters)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 21 de março de 2025 às 07h30.

A produção de cimento, responsável por 26% das emissões de CO2 do setor industrial brasileiro, pode reduzir significativamente seu impacto ambiental com a substituição de sua principal matéria-prima. É o que aponta estudo divulgado nesta quinta-feira, 20, pelo projeto Descarbonização e Política Industrial (DIP-BR), conduzido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O clínquer, componente essencial do cimento obtido pela queima de calcário em altas temperaturas, representa o maior vilão nas emissões do setor. Segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), a fabricação de cimento corresponde a aproximadamente 2% das emissões totais do país em 2022.

"A adição de substitutos não só reduz as emissões de carbono como também promove a circularidade ao utilizar subprodutos de outras atividades econômicas que seriam descartados", explica Julia Torracca, professora do Instituto de Economia da UFRJ e uma das autoras do documento.

Alternativas sustentáveis

Entre as alternativas apontadas pelo estudo estão o fíler calcário (obtido através da moagem do calcário em partículas menores), a argila calcinada e as biocinzas. A implementação dessas matérias-primas pode representar uma redução de cerca de 11% nas emissões de carbono na cadeia produtiva do cimento.

O Brasil ainda tem espaço para avançar em tecnologias de captura e armazenamento de carbono, dimensão em que as principais empresas do setor já estão investindo. Segundo Torracca, as cimenteiras brasileiras vislumbram essa como uma estratégia futura e desenvolvem pesquisas em tecnologias como a captura de CO2 por meio de águas antes da liberação do gás na atmosfera.

Para impulsionar a descarbonização do setor, os pesquisadores enfatizam a necessidade de políticas públicas específicas. "A política industrial brasileira em execução no momento não possui objetivos de descarbonização específicos para os diferentes setores industriais", aponta Torracca. "Com o foco principal nas emissões provenientes do uso da terra e da agropecuária, há uma falta de orientação clara sobre as metas para o setor industrial."

A revisão normativa também é considerada essencial, com a inclusão de metas claras de redução de emissões e a atualização das normas técnicas para facilitar a adoção de materiais inovadores. Segundo a pesquisadora, se as normas exigirem métricas mais alinhadas ao desempenho, isso permitirá maior flexibilidade na implementação de novos materiais.

O relatório identifica ainda entraves significativos para a modernização da indústria cimenteira no país, como o alto custo de implementação de novas tecnologias, a disponibilidade limitada de matérias-primas alternativas e os desafios logísticos decorrentes da dependência do transporte rodoviário.

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