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Após revisão de portifólio, Azzas encerra operação da Troc

Fechamento acontece meses após fusão da Arezzo&Co com Grupo Soma e saída da fundadora da plataforma

Plataforma de roupas usadas premium foi adquirida pela Arezzo em 2020, mas não sobreviveu à reestruturação da Azzas. (Troc/Divulgação)

Plataforma de roupas usadas premium foi adquirida pela Arezzo em 2020, mas não sobreviveu à reestruturação da Azzas. (Troc/Divulgação)

Lia Rizzo
Lia Rizzo

Editora ESG

Publicado em 24 de fevereiro de 2025 às 15h15.

Última atualização em 25 de fevereiro de 2025 às 10h15.

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A Azzas 2154, holding formada pela fusão entre Arezzo&Co e Grupo Soma, encerrou as operações da Troc. Por meio de um comunicado em suas redes sociais, a plataforma de revenda de roupas premium de segunda mão anunciou na última sexta-feira, 21, o fim de suas atividades no Brasil.

Fundada em 2016 por Luana Toniolo, a Troc se consolidou como referência no segmento de moda circular no Brasil, oferecendo um serviço completo de "fábrica de logística reversa", como a própria fundadora descrevia. A plataforma se destacava por seu foco em peças premium e por oferecer todo o processo logístico, desde a coleta das peças até a venda final.

Em 2020, a então Arezzo&Co adquiriu a Troc como parte de sua estratégia de expansão para o mercado de revenda e sustentabilidade. Na época, a aquisição foi celebrada como um movimento importante para o grupo incorporar iniciativas de economia circular.

Luana Toniolo, que permaneceu como CEO após a aquisição, deixou o comando da operação em 2024 após nove anos à frente do negócio, em um sinal que já indicava possíveis mudanças estratégicas para a plataforma.

Em dezembro, destino da marca em xeque

Em dezembro passado, quatro meses após a conclusão da fusão que criou a Azzas 2154, a holding anunciou uma significativa revisão em seu portfólio de marcas. Na ocasião, a empresa informou que estava descontinuando quatro marcas e transformando outras em linhas de produtos de marcas remanescentes.

A companhia também comunicou o fim da linha de vestuário da Schutz, que voltaria a se concentrar apenas em calçados e acessórios, segmentos onde a etiqueta construiu sua reputação no mercado. O comunicado deixou claro que a Troc, juntamente com as marcas BAW e Paris-Texas, estava em processo de reavaliação.

Segundo a Azzas, a revisão do portfólio considerou critérios como potencial de crescimento, capital alocado, retorno sobre capital empregado e geração de caixa, com o objetivo de maximizar o retorno aos acionistas. A empresa revelou que seis marcas – Arezzo, Farm, Hering, Animale, Schutz e Vans – representavam 80% da receita total do grupo.

Em um comunicado, que pode ser lido na íntegra aqui, a Troc garante que atenderá usuários até a conclusão dos pedidos pendentes.

O que o fim da Troc revela sobre as prioridades da Azzas?

O fim das operações da Troc representa um movimento significativo no cenário da moda sustentável no Brasil. A decisão da Azzas 2154 de abandonar o segmento de moda circular sugere uma estratégia de concentração de recursos nas marcas tradicionais de maior faturamento e rentabilidade, em detrimento de negócios com propostas de valor centradas na sustentabilidade.

Para especialistas do setor, o fechamento da Troc deixa uma lacuna importante no mercado brasileiro de second hand de luxo, num momento em que plataformas de revenda de roupas têm crescido globalmente. A retirada da Azzas desse segmento pode indicar obstáculos específicos para a viabilidade econômica desse modelo de negócio no contexto brasileiro.

A decisão também levanta questões sobre o dilema dos grandes grupos de varejo com iniciativas de sustentabilidade quando estas não apresentam os mesmos níveis de retorno financeiro de suas operações tradicionais, especialmente em cenários de consolidação e busca por sinergias operacionais após fusões de grande porte.

Embora a Troc tenha demonstrado crescimento constante, conforme declarado pela própria Luana Toniolo em entrevistas anteriores, o modelo aparentemente não se encaixou na nova estratégia da Azzas 2154, que deverá concentrar recursos nas marcas de maior escala e rentabilidade imediata.

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