ESG

Trígono Capital leva o ESG para o mundo das small caps

Gestora defende que informar a pegada de carbono das empresas investidas deveria ser um requerimento dos órgãos reguladores

Dados do relatório da Trígono mostram que 20% das empresas respondem por 80% das emissões (Getty Images/Getty Images)

Dados do relatório da Trígono mostram que 20% das empresas respondem por 80% das emissões (Getty Images/Getty Images)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 30 de agosto de 2021 às 17h11.

Última atualização em 30 de agosto de 2021 às 17h17.

Nos últimos 20 anos, uma pequena siderúrgica da Bahia viu suas ações subirem mais de 27.000%. Segundo Werner Roger, CIO e gestor da Trígono Capital, gestora especializada em small caps, o retorno oferecido pela Cia de Ferro Ligas da Bahia (Ferbasa) é a prova de que o ESG funciona.

Entre as investidas da Trígono, a Ferbasa é a empresa que mais gasta com critérios socioambientais e de governança. Ela possui plano de gerenciamento de resíduos sólidos, investe em energias renováveis e busca compensar as emissões dos processos metalúrgicos. A Vale, em comparação, é um “gigante com pés de barro”, segundo Roger – o barro, no caso, é a lama dos rompimentos das barragens de Brumadinho e Mariana.

No período analisado, as ações da Vale valorizaram cerca de 5.700%. “As empresas que têm melhor responsabilidade social serão potencialmente aquelas que darão o melhor retorno no longo prazo, conjugando o financeiro e o ambiental”, afirma Roger.

Gestora divulga relatório de carbono

A Trígono divulgou, na semana passada, o seu primeiro Relatório de Pegada de Carbono, uma análise ambiental de seu portfólio que vai se repetir anualmente, a partir de agora. Para a empresa, as emissões de gases de efeito estufa e o mercado de créditos de carbono dialogam diretamente com o balanço das empresas.

“Em algum momento, todas as empresas serão pressionadas a seguir um programa de redução de carbono”, afirma o gestor. “As companhias deveriam assumir uma posição ativa frente à agenda ambiental, antes que sejam atropeladas por exigências regulatórias.”

Na visão do gestor, é uma questão de tempo para os órgãos reguladores requererem das gestoras e dos fundos relatórios de carbono. Aliás, ele acredita que isso já deveria ser uma obrigação.

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20% das empresas investidas respondem por 80% das emissões

O relatório da Trígono mediu a pegada de carbono das empresas investidas e dos cinco fundos da gestora no mercado, tomando como base a posição em 31 de dezembro do ano passado. Os dados mostram que 20% das empresas respondem por 80% das emissões.

A Ferbasa, inclusive, é a maior emissora, ao lado da Tupy e da Simpar. Para a Trígono, o ponto a ser considerado não é a quantidade de emissões em si, mas o que as empresas estão fazendo para reduzir suas pegadas de carbono. Com o relatório anual, a gestora espera acompanhar a evolução do conceito em seu portfólio e também cobrar das investidas uma postura mais proativa em relação ao meio ambiente.

Até porque, a Trígono é corresponsável por essas emissões. O relatório aponta que para cada 1 milhão de reais investido, a gestora participa indiretamente de 105 toneladas equivalentes de dióxido de carbono liberados na atmosfera. “Queremos influenciar as empresas de forma positiva no aprimoramento da governança ambiental, especialmente na gestão de carbono”, define Roger.

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