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Alternativa aos fósseis: energias renováveis precisam triplicar para ajudar a conter aquecimento (Getty Images/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 3 de fevereiro de 2024 às 08h10.
Para acelerar a adoção de práticas de sustentabilidade, empresas privadas estão desenvolvendo projetos atrativos para investidores, como o Mecanismo de Financiamento anunciado pela fabricante de cosméticos Natura, na última segunda-feira. Outra forma é por meio da mobilização de mais companhias junto aos orgãos públicos, como pretende a Salesforce na frente de reflorestamento, de acordo com o CEO, Fabio Costa.
Com a pauta da transição energética em alta, alguns resultados começam a aparecer, como a retração de 8% nas emissões de combustíveis fósseis em comparação aos níveis de 2022. Isto é, os menores níveis desde o início da década de 1960. Além disto, o aumento do volume do biodisel no Brasil e dos investimentos em transição são alguns dos destaques da semana. Veja a seguir.
A fabricante de cosméticos Natura anunciou nesta segunda-feira o inicio da operação do Mecanismo de Financiamento “Amazônia Viva”, projeto de financiamento híbrido desenvolvido pela companhia, em parceria com a VERT Securitizadora e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO).
A iniciativa começa com dez cooperativas e associações agroextrativistas na Amazônia, impactando os meios de vida de mais de 1.800 famílias na região. A fase piloto da iniciativa conta com o aporte inicial de R$ 6 milhões da Natura, além de investimentos da Good Energies Foundation e do Fundo Vale, que totalizam R$ 12 milhões, sendo metade por meio de certificado de recebíveis do agronegócio (CRA) e a outra, através de um fundo de recursos não-reembolsáveis (filantrópico). Angela Pinhati, diretora de sustentabilidade da Natura &Co América Latina, explicou os detalhes à EXAME.
Em parceria com o Fórum Econômico Mundial, a Salesforce lançou em janeiro de 2020 a iniciativa One Trillion Trees, com o objetivo de plantar ou conservar um trilhão de árvores no mundo até 2030. A companhia também criou o Earthforce, um grupo para que os funcionários pudessem direcionar seus esforços para questões ambientais.
Entre os objetivos das ações de sustentabilidade da Salesforce está o de alcançar a neutralidade de carbono nas operações até 2025 e usar 100% de energia renovável até 2030. Para Fabio Costa, CEO da Salesforce no Brasil, o alcance da meta depende das ações internas, e também do poder da companhia em engajar parceiros, incluindo os governos do países nos quais a Salesforce atua. Assim, na última segunda-feira, o CEO participou do evento Fomentando o Financiamento e a Colaboração para a Restauração da Natureza Brasileira, organizado em parceria com a Natura e o Word Resources Institute no Brasil (WRI Brasil), think tank focado em estudos ambientais.
Na ocasião, empresários e representantes do governo, como a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, discutiram como acelerar as práticas de proteção das florestas, reduzir o desmatamento, e aumentar as áreas preservadas no país. Em seguida, Costa falou à EXAME.
A Ultragaz, companhia que atua com distribuição de gás para domicílios e empresas, inicia a distribuição de bioGLP, uma alternativa renovável ao “gás de botijão”. Ao contrário do GLP tradicional feito a partir de gás liquefeito de petróleo, o bioGLP é feito de óleo de soja. A iniciativa é uma parceria com a Refinaria Riograndense (RPR), antes Refinaria de Petróleo Ipiranga.
"Hoje o GLP alcança praticamente 100% dos municípios brasileiros, sendo considerada a fonte energética de alcance, e com importante papel na transição energética em vários setores industriais, por chegar em lugares que o gasoduto e a eletricidade não alcançam. Assim, o GLP é uma fonte de energia para vários consumidores industriais e comerciais substituindo combustíveis pesados de alta emissão como óleo e lenha”, afirma Aurelio Ferreira, diretor de marketing e experiência do cliente da Ultragaz em entrevista à EXAME.
O ano de 2023 na União Europeia (UE) teve um marco importante: foi alcançado o menor nível de emissões de dióxido de carbono gerado a partir de combustíveis fósseis. A retração foi de 8% em comparação aos níveis de 2022. A UE atingiu os menores níveis desde o início da década de 1960.
De acordo com relatório do Centro de Investigação em Energia e Ar Limpo (Crea), trata-se da maior queda anual registrada após 2020, quando fábricas foram fechadas e voos suspensos por conta da pandemia de covid-19.
Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontam que 7,34 bilhões de litros de biodiesel foram entregues pelas empresas às distribuidoras em 2023. O volume é recorde e representa aumento de cerca de 20% em relação a 2022 e 7,7% acima do número de 2021, quando foi registrado o melhor desempenho histórico.
A performance tem relação com o aumento da mistura no diesel fóssil, de 10% para 12% (B12), anunciada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) no início do ano passado. Em meados de dezembro, o conselho decidiu antecipar o cronograma e aumentar o teor de adição de 12% para 14% a partir de março. Com a medida, a previsão é chegar a 15%, teto previsto na legislação atual, em março de 2025.
O Brasil é o quinto país entre as dez principais economias para investimento em transição energética e, de acordo com a pesquisa Energy Transition Trends 2024 da organização de pesquisas sobre mercados globais, BloombergNEF (BNEF), foram investidos US$ 34.8 bilhões em energia renovável e captura e armazenamento de carbono (do inglês, carbon capture and storage ou CCS) durante 2023.
Também estão na lista de investimento relevantes em soluções de transição energética, países como: China, EUA, Alemanha, Reino Unido, França, Espanha, Japão, índia e Itália. A China, por exemplo, lidera com US$ 676 investidos em 2023, correspondendo a quase 40% do total global. Mas quando consideradas conjuntamente, os EUA, o Reino Unido e a União Europeia totalizam US$ 718 bilhões. Já o investimento global alcançou a marca de US$ 1,77 trilhão.