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"Nesse sentido, a estrutura de governança ganha força, pois estabelece diretrizes claras e assegura a alocação eficiente de recursos", contam (fokkebok / Envato.)
Publicado em 16 de março de 2025 às 09h05.
Por Roberto Ventura e Leonardo Fabris Lugoboni*
A transição energética é um desafio relevante, pois exige uma mudança em toda a cadeia, desde a geração até o consumo de energia, com investimentos na modernização das infraestruturas, como a atualização das redes de transmissão, sistemas de armazenamento e backup.
Nesse cenário, integrantes do governo, empresários e consumidores que demandam energia limpa desempenham um papel fundamental na transição energética, inserindo o tema em suas estratégias e promovendo práticas sustentáveis. Há também um grande esforço na busca por inovações que fortaleçam a segurança e a estabilidade do sistema energético.
Assim, os investimentos estruturais em tecnologia e inovação são premissas para a modernização do setor energético.
Exemplos incluem sistemas de armazenamento de energia em baterias (BESS), que viabilizam a retenção de energia excedente, estabilizando o fornecimento em horários de pico de demanda e equilibrando a intermitência de algumas fontes; smart grids, redes elétricas inteligentes que permitem uma gestão eficiente e adaptada à distribuição por meio da integração de comunicação e automação; além da infraestrutura de recarga para veículos elétricos, fomentando a mobilidade sustentável com baixa emissão.
Outro exemplo é a geração e o armazenamento de hidrogênio verde, que surge como alternativa limpa para setores de difícil descarbonização, como o transporte pesado.
Essas inovações geram oportunidades tanto para organizações tradicionais quanto para startups, que podem desenvolver soluções disruptivas. No Brasil, diversas startups estão se posicionando nesse mercado, fortalecendo a imagem do país como um destaque na transformação energética por meio do uso racional de recursos naturais e tecnologia.
Para que as empresas realmente gerem inovação, é essencial que esta esteja integrada à sua estratégia organizacional. Inovar não pode ser um esforço isolado ou pontual, mas sim um compromisso contínuo, alinhado aos objetivos de longo prazo da empresa. Isso significa definir metas claras de inovação, investir em cultura e processos que incentivem a criatividade e estabelecer mecanismos para transformar ideias em resultados concretos. Sem esse direcionamento estratégico, a inovação se torna esporádica e dificilmente gera impacto sustentável no crescimento e na competitividade do negócio.
Nesse sentido, a estrutura de governança ganha força, pois estabelece diretrizes claras, assegura a alocação eficiente de recursos e define responsabilidades para que a inovação não dependa apenas de iniciativas individuais, mas sim de um processo estruturado e alinhado aos interesses da organização. Mecanismos de governança, como conselhos de inovação, comitês estratégicos, políticas de incentivo à pesquisa e desenvolvimento e modelos de gestão de riscos, ajudam a direcionar investimentos, monitorar resultados e garantir que a inovação contribua efetivamente para a criação de valor e a sustentabilidade do negócio.
A COP30 se configura como um marco nessa jornada, mesmo sem o apoio de todas as grandes lideranças mundiais, pois posiciona o Brasil como protagonista na construção de uma matriz energética mais limpa e sustentável. É fundamental que os executivos das organizações e seus conselhos adotem uma governança ativa, integrando critérios de ESG às decisões estratégicas, mediando conflitos entre os stakeholders na agenda de retorno a curto prazo versus a criação de valor a longo prazo, especialmente no que se refere às novas necessidades globais relacionadas à transição energética.
*Roberto Ventura é Mestre em Governança Corporativa pela UNIFESP, associado ao IBGC, Board Academy, Membro da Comissão ESG. MBA FGV | Head de Governança & PMO.
*Leonardo Fabris Lugoboni é Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo. Professor do Mestrado em Contabilidade da FECAP. Professor do Mestrado profissional em Governança Corporativa da Universidade Federal de São Paulo/ FMU. Professor do Mestrado profissional em Administração Pública da Unifesp. Consultor na área de estratégia, ESG e gestão da performance organizacional.