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Tempestade de poeira paralisa Arábia Saudita e evidencia crise ambiental no Oriente Médio

Além do aquecimento global, desmatamento, conflitos e má gestão de água são os principais responsáveis pelo aumento da poeira no Oriente Médio, afetando clima, agricultura e infraestrutura

Tempestade de areia que afetou o norte e o noroeste da China em março de 2023 (AFP)

Tempestade de areia que afetou o norte e o noroeste da China em março de 2023 (AFP)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 5 de maio de 2025 às 17h00.

Última atualização em 5 de maio de 2025 às 17h41.

Uma tempestade de poeira de grandes proporções cobriu cidades e áreas rurais da Arábia Saudita, Kuwait e Jordânia neste final de semana, escurecendo o céu e comprometendo o tráfego aéreo e terrestre.

Os ventos formaram uma verdadeira parede de areia no céu, reduzindo drasticamente a visibilidade. Em resposta, autoridades dos três países emitiram alertas para os próximos dias, diante da possibilidade de novas ocorrências.

Na Arábia Saudita, a região de al-Qassim foi uma das mais atingidas, com vídeos circulando nas redes sociais mostrando o céu em tons alaranjados e densas nuvens de poeira cobrindo prédios e estradas.

No Kuwait, as autoridades alertaram motoristas e interromperam parte das atividades logísticas. Já na Jordânia, além da poeira, chuvas e tempestades causaram inundações repentinas em áreas baixas, agravando a situação em algumas localidades.

Tempestade de areia na Arábia Saudita: entenda as causas

Esses eventos, apesar de parecerem pontuais, refletem uma tendência crescente na região. Segundo estudo publicado na revista Science of the Total Environment, os níveis de poeira no Oriente Médio têm aumentado consistentemente nas últimas quatro décadas, especialmente em países como Arábia Saudita, Iraque, Iêmen, partes do Irã e Egito.

As causas vão além do aquecimento global. Ao escritório da ONU para a redução de riscos de desastres, a pesquisadora Zahra Kalantari, do KTH Royal Institute of Technology, aponta uma combinação de fatores humanos, como desmatamento, conflitos militares, má gestão dos recursos hídricos, irrigação excessiva e extração de água subterrânea. “A redução da umidade do solo e da vegetação facilita a erosão e a formação de poeira”, afirma.

Entre os pontos mais críticos está a região entre os rios Tigre e Eufrates, no norte do Iraque e na fronteira com a Síria, onde se concentram os principais focos de emissão de poeira. A mesma área sofreu queda acentuada de precipitação nos últimos anos, um dos principais gatilhos da desertificação.

Além das consequências ambientais — como erosão, perda de biodiversidade e avanço do deserto —, os impactos se estendem à economia e à sociedade. A infraestrutura dos países afetados sofre danos frequentes, a agricultura perde produtividade e o turismo é comprometido. “Populações vulneráveis serão as mais atingidas”, diz Kalantari.

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