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Empresas B: certificação global impulsiona práticas de sustentabilidade no Brasil.
EXAME Solutions
Publicado em 30 de julho de 2025 às 17h20.
Última atualização em 30 de julho de 2025 às 17h28.
O movimento de Empresas B – certificação global que avalia práticas de sustentabilidade e impacto social – já reúne quase 10 mil companhias no mundo, crescendo em média 20% ao ano. No Brasil, são cerca de 340 empresas certificadas e outras 500 que operam no país via matrizes estrangeiras.
O selo, que atesta governança, responsabilidade socioambiental e impacto positivo, está cada vez mais integrado à estratégia de grandes corporações. O painel, mediado por Onara Lima, fundadora da ESG Advisory, contou com a participação de Mário Rezende, vice-presidente de Sustentabilidade e Operações da Danone, Cinthia Gherardi, co-diretora executiva do Sistema B Brasil, e Fernanda Facchini, head de Mudanças do Clima e Economia Circular da Natura.
O avanço acelerou após a pandemia, quando o ESG ganhou força no mercado. “Mesmo com as discussões sobre se ESG dá retorno ou não, a procura continua crescendo”, afirma Cinthia.
Mais de 85% das Empresas B brasileiras são pequenas e médias. No entanto, grandes corporações também aderiram ao modelo, como a Natura — primeira companhia de capital aberto a se certificar, em 2014 — e a Danone, que entrou no movimento em 2021. “Essas empresas representam menos em número, mas têm grande impacto, porque promovem uma mudança de consciência e comportamento em toda a sua base”, completa Cinthia.
Para Mário Rezende, da Danone, a certificação é parte de uma jornada de mais de 50 anos de compromisso ambiental. A companhia foi recertificada em 2025, com evolução nos indicadores. “Isso mostra que estamos olhando para o futuro e que essa agenda faz parte do nosso negócio para os próximos anos”, afirma.
No Brasil, a Danone mantém a primeira planta “triple zero” do grupo — sem geração de resíduos, com reaproveitamento de água da chuva e energia solar — e investe em agricultura regenerativa na cadeia do leite. “Os consumidores já valorizam iniciativas como essa. Nosso desafio é amplificar esse reconhecimento e fazer com que, na gôndola, identifiquem a jornada de sustentabilidade por trás do produto”, completou Rezende.
Fernanda Facchini destacou que a certificação fortalece o diálogo com investidores e ajudou a Natura a institucionalizar uma agenda de sustentabilidade presente há mais de duas décadas. A companhia já passou por quatro recertificações, com critérios cada vez mais rigorosos.
Ela lembrou ainda o lançamento do primeiro Sustainable Linked Bond, que no ano passado captou R$ 1,3 bilhão atrelados a compromissos sustentáveis e investimentos em pesquisa e tecnologia.
O painel reforçou que o selo exige compromissos profundos: o contrato social das Empresas B passa a incluir a responsabilidade de considerar os interesses de todos os stakeholders. “Não é um compromisso vago. É legalmente vinculante, e apenas 3% das empresas que iniciam o processo atingem a pontuação mínima para a certificação”, pontuou Cinthia.
Para Onara Lima, o ponto central é a transformação estrutural: “Sustentabilidade é sobre eficiência operacional. Gerenciar resíduos revela ineficiências do processo, não é só lixo, é dinheiro, insumo e recurso natural.”