(Sun Mobi/Divulgação)
Rodrigo Caetano
Publicado em 29 de setembro de 2021 às 11h34.
A startup Sun Mobi, que fornece energia solar por assinatura, quintuplicou a potencia de seu parque de geração, de 1 MW para 5 MW. O aumento é resultado de um investimento da ordem de 16 milhões de reais. A meta é chegar a 6 mil assinantes em três anos. “Temos dobrado nossa base de clientes a cada dois anos”, afirma Alexandre Bueno, sócio da Sun Mobi.
O modelo de assinatura surgiu como uma alternativa ao custo de se instalar um sistema solar em residências e pequenos comércios -- um projeto do tipo não sai por menos do que 15 mil reais. A assinatura funciona a partir de créditos que são obtidos por grandes fazendas solares. Essas geradoras vendem a energia para as distribuidoras e, depois, repassam parte dos créditos recebidos dessa venda para os consumidores. Como a energia solar é mais barata do que outras fontes, elas conseguem oferecer um desconto.
Cerca de 20% do dinheiro aplicado na ampliação do parque ficarão na região de Porto Feliz, no interior de São Paulo, onde está localizada a fazenda solar.
“Além dos benefícios econômicos, a ampliação da usina trará grandes ganhos ambientais para a região. Num horizonte de operação de 30 anos e com uma geração de 191 mil megawatts/hora, serão evitadas as emissões de 64,8 mil toneladas de CO2, o que equivale a cerca de 410 mil árvores plantadas”, explica Guilherme Susteras, outro sócio da Sun Mobi.
Segundo a Órigo Energia, uma das empresas oferecem esse tipo de assinatura, um consumidor que gasta 200 reais de energia consegue comprar a mesma quantidade por 170 reais, caso assine o serviço – uma economia de 15%. Rodolfo Molinari, diretor geral da empresa, aponta que os benefícios da energia solar compartilhada incluem desde aspectos ambientais até sociais, como a democratização das fontes limpas de eletricidade.
Desde 2017, quando iniciou a operação, a Órigo estima que evitou a emissão de 8 mil toneladas de gases de efeito estufa e promoveu uma economia de 20 milhões de reais a seus clientes, que somam mais de 10 mil. “É um fator que representa um importante reforço na renda familiar”, aponta Molinari.
A geração própria de energia solar alcançou a marca de 6 gigawatts de potência no Brasil, de acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). A capacidade é equivalente a 40% da potência da usina de Itaipu, a maior hidrelétrica brasileira. A procura por projetos residenciais mais do que dobrou de janeiro a maio deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado. Os dados são do Portal Solar, marketplace de fornecedores de equipamentos e serviços para geração fotovoltaica.
O levantamento foi feito com base nos acessos ao portal, que somaram 2,5 milhões no período, um crescimento de 117%. Segundo Rodolfo Meyer, CEO da empresa, a crise hídrica atual, que está gerando o risco de racionamento de energia, contribui muito para o aumento da procura.
“Certamente, o avanço da energia solar nos telhados e pequenos terrenos é parte da solução para a crise hídrica e para o risco de racionamento no Brasil, além de ser uma fonte limpa e barata”, afirma Meyer.
O aumento na demanda e a dificuldade de importação, em função do câmbio fizeram o custo dos sistemas de geração disparar. Entre março de 2020 e junho de 2021, os preços subiram até 25%, dependendo do tamanho do projeto. Em média, os valores subiram 19% (confira tabela).
A elevação dos custos varia conforme a potência do sistema. A maior subida se deu em sistemas de 100 kWp, sistema capaz de gerar cerca de 1.500 quilowatts-hora (KWh), o suficiente para abastecer um comércio de médio porte (os números são aproximados e consideram a incidência solar na região de São Paulo).
O custo de um projeto com essa potência, atualmente, está na casa dos 330 mil reais. Os dados são de um levantamento feito pelo Portal Solar, um marketplace de equipamentos e serviços para geração distribuída, como é chamada, no jargão técnico, a geração residencial de energia.
No atual cenário, o modelo por assinatura se mostra atrativo. Mas, ele não está disponível em todos os estados. São Paulo, por exemplo, não conta com esse tipo de fornecedor.
Porte | mar/20 | jun/21 | Aumento |
Sistema 2,07 kWp | R$ 14.550,00 | R$ 15.862,00 | 9% |
Sistema 3,45 kWp | R$ 18.760,00 | R$ 21.868,00 | 17% |
Sistema 5,52 kWp | R$ 24.012,00 | R$ 29.302,00 | 22% |
Sistema 8,28 kWp | R$ 35.892,00 | R$ 40.089,00 | 12% |
Sistema 10,69 kWp | R$ 44.279,00 | R$ 48.371,00 | 9% |
Sistema 16,56 kWp | R$ 60.859,00 | R$ 74.736,00 | 23% |
Sistema 20,7 kWp | R$ 73.752,00 | R$ 91.059,00 | 23% |
Sistema 52,44 kWp | R$ 170.112,00 | R$ 211.669,00 | 24% |
Sistema 102,47 kWp | R$ 332.535,00 | R$ 415.192,00 | 25% |
Sistema 310,5 kWp | R$ 975.135,00 | R$ 1.190.126,00 | 22% |
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