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Ana Toni, CEO da COP30: “Não tenho mais dúvidas de que o mundo está comprometido em combater à mudança do clima" (Eduardo Frazão/Exame)
Repórter de ESG
Publicado em 18 de novembro de 2025 às 11h42.
Belém, Pará — Se a Conferência das Partes (COP30) que acontece no Brasil é a "COP da implementação", um de seus principais objetivos é trazer soluções reais que possam ser aplicadas às milhões de empresas e setores da economia que darão escala a elas — e acelerarão a descarbonização no mundo.
Foi justamente essa a proposta que um conjunto de 800 projetos das três das principais organizações do setor privado apresentaram na manhã desta terça-feira, 18, à presidência da COP30.
“Não tenho mais dúvidas de que o mundo está comprometido em combater à mudança do clima. O objetivo agora é a velocidade. E só conseguiremos isso com o setor privado”, disse a CEO da COP30, Ana Toni, ao receber o material. O plano é fortalecer o trabalho da presidência da Conferência do Clima com o setor privado.
A entrega acontece um dia antes da chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que, como antecipou a EXAME, retornará à COP30 nesta quarta-feira, 19. Ele deve se reunir com membros da iniciativa privada para entender as propostas sustentáveis das empresas.
“Essa é uma COP da implementação, e sem as empresas não há implementação. Propus ao presidente Lula uma reunião com o setor privado para contar sobre a seleção de cases na COP30, uma história tão importante para o sucesso da Conferência”, explicou.
O documento “Brasil: País de Soluções Climáticas para o Clima, Natureza e Pessoas” foi desenvolvido entre a Sustainable Business COP30 (SB COP), o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e a Climate Action Solutions & Engagement (C.A.S.E.).
Ana Toni recebe documento com 800 iniciativas de sucesso do setor privado na manhã desta terça-feira, 18 (Letícia Ozório/Exame)
Após o término da coleta de iniciativas ao final de 2025, serão consolidadas dez propostas com caminhos para a implementação da sustentabilidade no setor privado. O material será entregue próximo a COP31, em novembro de 2026, para orientar também a liderança da próxima Conferência do Clima, ainda sem sede definida.
O documento reúne algumas das principais práticas de sucesso de organizações em todos os setores da economia. Dos 800 projetos já mapeados, 144 são de alto nível de impacto e possibilidade de escala. As soluções já apresentadas foram lançadas em cinco continentes. Entre os exemplos estão:
Agricultura regenerativa: como a restauração da saúde do solo, fortalecimento da biodiversidade e o aumento da resiliência climática;
Biocombustíveis: descarbonização dos setores de transporte e indústria, geração de empregos verdes e expansão da matriz energética limpa;
Restauração florestal: recuperação de áreas degradadas, fortalecimento dos serviços ecossistêmicos, captura de carbono e conservação dos recursos hídricos.
Toni elogiou a participação das empresas até o começo desta segunda semana de Conferência. “As empresas já deram um ‘show’ em soluções concretas, como as que são entregues hoje, que estão prontas e são escaláveis", disse.
"Queremos que daqui a alguns anos vejamos as iniciativas de agricultura regenerativa, biocombustíveis e restauração florestal não como um case, mas como o novo normal”, afirmou Ana Toni.
Toni ainda afirmou que fica feliz ao ver que soluções criadas no Brasil podem ajudar a dar escala à descarbonização. “São essas iniciativas que fazem a COP ser real”, explica. “Sou uma otimista. Sei que com a ajuda de todos os fatores, como setor privado, sociedade civil e povos indígenas, podemos entregar uma COP muito bonita.”
Marina Grossi, presidente do CEBDS, afirma que a seleção das iniciativas já maduras pode alavancar e implementar mais soluções nesses temas. “A primeira carta do presidente André Corrêa do Lago solicitava que pensássemos nos fatores que podem acelerar a descarbonização. É isso que fizemos, e teremos um ano de trabalho pela frente”, explicou.
Grossi afirmou que as organizações tratarão ao longo da COP sobre o apoio do setor privado no mercado de carbono. “A chamada Coalizão Aberta busca a implementação de fato que responda a integridade climática e seja positiva para o mercado, acelerando soluções mais sustentáveis. Assim como o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, esse projeto conta com muito apoio das empresas”, contou.
O trabalho, segundo a presidente do CEDBS, começou por encontrar os temas em comum nas principais soluções de sucesso nas companhias brasileiras. “Depois pensamos quais são aqueles que deveríamos priorizar. Se queremos impactar, o que vamos priorizar? Quais são os tópicos que abrem caminho para que todo o setor possa atuar muito mais? E assim nos norteamos”, disse.
Ricardo Mussa, chair da SB COP, iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), explica que com a entrada do Marrocos nesta terça-feira, a ação já congrega mais de 41 milhões de empresas em 69 países.
“Esses casos de sucesso podem influenciar os negociadores e impactar com exemplos que funcionam nesta reta final da COP30. Mostraremos bons exemplos em diferentes contextos de arcabouços jurídicos, regulatórios, realidades de financiamento e mercados”, contou. “É um legado que deixaremos como a COP30, que pode gerar bons resultados nessa reta final de Conferência.”