ESG

Silva: a agência de publicidade que cresce ao retratar o Brasil real

A Silva espera dobrar o faturamento neste ano, quando comparado com 2021, a partir de campanhas com diversidade e inclusão. Na agência, a maior parte dos funcionários são pretos e pardos

silva-agencia-publicidade (Rodrigo Oliveira/Reprodução)

silva-agencia-publicidade (Rodrigo Oliveira/Reprodução)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 2 de setembro de 2022 às 08h00.

Quando Clariza Rosa, Renan Kvacek e Helena Gusmão se reuniram, em 2015, na favela do Jacarezinho para formar uma empresa de casting para a moda com um olhar inclusivo, em busca de mais pessoas pretas e pardas nos desfiles e campanhas, os sócios não imaginavam que o negócio ganharia tanta força e até mesmo mudaria de área. Mas foi exatamente isto que aconteceu, fazendo com que em 2019 a então JCRÉ Moda se tornasse a agência de publicidade Silva, incluindo Alan Ferreiras na sociedade.

"Os quatro sócios são do mercado de comunicação, então foi uma transição acertada visto que fazíamos consultoria para marcas e agências já no negócio anterior", diz Helena Gusmão. De acordo com a executiva, antes da mudança, clientes como Continental, Farm e Leão já davam chancela de que o negócio da Silva seria efetivo.

Receba gratuitamente a newsletter da EXAME sobre ESG. Inscreva-se aqui

Hoje a Silva tem um time de 20 pessoas no Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Belo Horizonte, sendo 80% delas negras. Além disso, mais de 200 pessoas já foram envolvidas nos projetos. "Praticamente todas são nascidas na periferia e compõem uma diversidade de gênero e orientação sexual. Isto é importante para nós desde o início, pois queremos ser uma agência diferente da maior parte do mercado", diz Clariza Rosa.

Para elas, a transformação do mercado, em busca de mais pessoas negras nas campanhas e na produção das publicidades, acompanha uma transformação da sociedade. "As pessoas estão pressionando as marcas, que na maioria das vezes têm lideranças e times inteiros formados por pessoas brancas", diz Rosa.

A narrativa das campanhas da Silva busca apresentar cada vez mais um Brasil real, livre de esteriótipos de raça, classe e gênero. Por conta disto, o faturamento saltou de 360 mil reais em 2019 para 3,6 milhões de reais em 2021. E há expectativa de que seja dobrado ao fim deste ano, quando comparado com o ano anterior. Hoje a Silva atende marcas como Salon Line, Mover, Farm, Sandálias Ipanema, Coca-Cola, Twitter e, mais recentemente, o Instituto Nu, do Nubank.

Entre as campanhas desenvolvidas pela Silva, está a a terceira edição do banco Mulheres (In)Visíveis, em parceria com a 65|10, consultoria criativa especializada em mulheres, para o Grupo Boticário. O banco tem 50 imagens que retratam a diversidade de tipos de peles em seus tons, texturas e características, considerando recortes de perfis vistos na população feminina brasileira. 

"Essa iniciativa está diretamente relacionada aos compromissos ESG do Grupo Boticário. E é um exemplo de que cada vez mais as empresas nos procuram para um trabalho consistente com o tema, considerando diversidade e inclusão um pilar de negócio", afirma Rosa.

Para Gusmão, o desafio agora é trazer outros clientes que construam projetos mais perenes. "Parte das empresas ainda está entendendo que ESG e diversidade é imprescindível para um negócio saudável, que contemple os consumidores brasileiros de diferentes classes, localidades, gênero, raça e mais".

Leia também

Acompanhe tudo sobre:Agências de publicidadeDiversidade

Mais de ESG

Diferença entre conta corrente e conta poupança: como saber qual é a melhor opção?

"O Brasil deveria ser um país permanentemente reformador", diz Ana Paula Vescovi

Como gerar um QR Code para receber transferências de Pix?

Tesla bate US$ 1 trilhão em valor de mercado após rali por vitória de Trump