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Painel do evento do Pacto Global da ONU reuniu Tatiana Rosito, Secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e Dan Ioschpe, campeão climático da COP30 (Pacto Global da ONU/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 4 de junho de 2025 às 17h12.
Última atualização em 5 de junho de 2025 às 10h54.
A poucos meses da COP30, o Brasil se prepara para sediar o maior evento de clima do mundo com uma posição clara de liderança em sustentabilidade e terreno fértil para exportar soluções verdes.
Com um potencial único e vantagens naturais para liderar a descarbonização global, autoridades do país destacam que é preciso envolver todos os atores para que esta COP seja de fato a de implementação dos compromissos climáticos.
2025 é um ano decisivo para a ação e retomada do multilateralismo na ONU: são 10 anos do histórico Acordo do Paris e a organização internacional também completa 80 anos de existência. Além disso, esta COP quebra uma sequência de três últimas edições sediadas em países petrolíferos e acontece em berço amazônico pela primeira vez.
Durante evento do 3º Fórum do Ambição 2030 promovido pelo Pacto Global da ONU no Brasil, um dos painéis reuniu duas autoridades de peso para falar sobre as expectativas rumo à COP30: Tatiana Rosito, Secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e Dan Ioschpe, designado campeão climático da COP30 e que irá intermediar as negociações com o setor privado. A mediação do painel foi de Renata Faber, diretora ESG da EXAME.
Segundo Tatiana, o G20 no Rio de Janeiro foi fundamental para preparar o terreno e abrir o diálogo rumo a Belém do Pará. "O evento trouxe as instituições financeiras para o debate do financiamento climático", afirmou a secretária, sinalizando que esta articulação é essencial para que esta COP seja bem-sucedida.
A executiva também destacou que a implementação e a noção de solidariedade como um todo é peça-chave e que acredita que a agenda deve avançar visto que a sustentabilidade é essencial para um ciclo de investimentos verdes.
Há uma mudança de paradigma em curso no mercado financeiro global. "Dados mostram que os investimentos sustentáveis já são mais rentáveis do que os em combustíveis fósseis. Nós já temos casos robustos, que criam mais emprego e geram prosperidade", complementou Tatiana.
Os especialistas concordaram que esta transformação reflete na estrutura da economia global, onde ações sustentáveis deixaram de ser apenas uma questão ambiental para se tornar uma vantagem econômica competitiva.
Entre os destaques dos últimos 10 anos no âmbito governamental, o Ministério da Fazenda brasileiro desenvolveu e começou a implementar a Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos e para a Transformação Ecológica (BIP), descrito por Tatiana como "uma estratégia de desenvolvimento socioeconômico e justiça social". Segundo ela, "o Brasil é um dos países mais aptos do mundo a aproveitar este ciclo de sustentabilidade".
O plano abrange seis eixos principais: finanças sustentáveis, infraestrutura resiliente, transição energética e sistemas alimentares. Outro marco importante foi o lançamento dos primeiros títulos soberanos sustentáveis do Brasil, cujos recursos apoiam diretamente o Fundo Clima do BNDES e subsidiam atividades de impacto positivo.
Dan enfatizou que projetos que não considerem sustentabilidade estão "fadados ao desastre" e representam retrocesso no desenvolvimento de um país. Para o executivo, a agenda ambiental e econômica está intrinsecamente conectada.
A estratégia brasileira combina ações domésticas e internacionais. O presidente designado da Conferência, André Correa do Lago, criou o Círculo de Ministros da Fazenda da COP30, reunindo organizações internacionais, setor privado e sociedade civil "em um grande esforço global de engajamento", segundo Tatiana. "Estamos lá para facilitar consensos", complementou.
"Não há nenhum lugar do mundo a ganhar mais com essa agenda do que o Brasil. Somos um arsenal de soluções de sustentabilidade em todas áreas -- florestas, biocombustíveis, expansão de cadeias de valor e energias renováveis", afirmou Dan.
O champion da COP30 destacou ainda o papel significativo que o país pode desempenhar nas cadeias de valor globais, integrando sustentabilidade, fontes limpas e tecnologia e inovação, sempre com o apoio dos esforços governamentais.
Apesar do otimismo, Dan reconheceu desafios práticos na implementação. A exemplo, citou algumas empresas que não estão conseguindo alocar os recursos em projetos verdes. Por outro lado, plataformas como a lançada pelo governo federal podem ajudar a avançar.
A expectativa é que a COP30 não apenas consolide o Brasil como líder em soluções climáticas, mas também demonstre na prática como a sustentabilidade pode ser o motor de um novo ciclo de desenvolvimento econômico e social.