ESG

Patrocínio:

espro_fa64bd
Afya Cinza
Copasa Cinza
Danone Cinza
Ypê cinza

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Risco como oportunidade: o papel das garantias no financiamento climático

Mecanismo de 'seguro' para investidores pode ser chave para viabilizar os US$ 6,5 trilhões anuais necessários até 2030

Garantias financeiras podem ser solução para mobilizar até 15 vezes seu valor em capital privado para salvar o planeta. (Freepik)

Garantias financeiras podem ser solução para mobilizar até 15 vezes seu valor em capital privado para salvar o planeta. (Freepik)

Publicado em 26 de julho de 2025 às 17h00.

*Por Maria Netto e Lucca Rizzo

A corrida global para conter a crise climática exige uma transformação profunda na forma como o mundo investe.

Segundo o Grupo Independente de Alto Nível sobre Finanças Climáticas (IHLEG, na sigla em inglês), o planeta precisa direcionar até US$ 6,5 trilhões por ano para ações climáticas até 2030 — mais da metade desse valor nos países em desenvolvimento.

O problema? Esses países enfrentam forte restrição fiscal, endividamento elevado e dificuldades para atrair capital privado.

Nesse contexto, uma solução ganha destaque: as garantias financeiras. Funcionam como um “seguro” para os investidores, cobrindo riscos como inadimplência, instabilidade política e variações cambiais.

Ao melhorar o perfil de risco dos projetos, as garantias tornam viáveis investimentos em energia limpa, agricultura regenerativa, adaptação climática e infraestrutura resiliente.

Estudos mostram que garantias bem desenhadas podem mobilizar até 15 vezes seu valor em capital privado. No entanto, ainda são pouco utilizadas: entre 2021 e 2023, os fluxos globais de garantias em financiamentos climáticos ficaram abaixo de US$ 20 bilhões por ano.

Obstáculos institucionais, burocracia, regras prudenciais rígidas e falta de padronização explicam essa subutilização. A boa notícia? Apesar disso, o cenário começa a mudar.

Iniciativas como o Green Guarantee Group, criado na COP28, e o compromisso do Banco Mundial em triplicar o uso de garantias da Multilateral Investment Guarantee Agency (MIGA) até 2030 demonstram um avanço.

No último mês, sob liderança brasileira, os BRICS propuseram a criação de um mecanismo multilateral de garantias dentro do Novo Banco de Desenvolvimento, para ampliar os investimentos privados em países do bloco.

Há grandes expectativas para a COP30, que será sediada em Belém (PA). Um dos marcos esperados é o lançamento do Roteiro Baku-Belém, que pode posicionar as garantias como instrumento central para viabilizar US$ 1,3 trilhão em investimentos climáticos até 2035 em países em desenvolvimento.

Além disso, o Brasil poderia apresentar como uma agenda de ação a criação de um mecanismo de garantia para destravar o financiamento para projetos de restauração florestal, um dos principais desafios atuais da agenda climática nacional.

Em um mundo de escassez fiscal e urgência ambiental, transformar as garantias em política central da arquitetura financeira do clima não é apenas desejável — é indispensável para canalizar mais recursos para a agenda do clima, e a COP30 pode ser um bom indutor para incentivar ações nesse sentido.

* Maria Netto é diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade (iCS) / Lucca Rizzo é especialista sênior em Financiamento Climático do Instituto Clima e Sociedade (iCS)

Acompanhe tudo sobre:ClimaSustentabilidadeMeio ambiente

Mais de ESG

Governo quer plantar 300 mil hectares nas cidades até 2050 para enfrentar desigualdades climáticas

Tubarões meteorologistas? Como animais se tornaram caçadores de furacões no Atlântico

O grande desafio da modernização da transmissão de energia em São Paulo

ESG Summit: setor privado investe em saúde e saneamento para enfrentar desigualdades