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Energia eólica: matriz cresce nos últimos anos, diz presidente executiva da ABEEólica (Danil Shamkin/NurPhoto/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 27 de dezembro de 2023 às 07h00.
A geração de energia eólica, uma fonte de energia renovável e sustentável, teve grandes marcos neste ano no Brasil, sendo um destaque a aprovação do marco legal de usinas eólicas offshore, ou seja, turbinas localizadas em alto mar na Câmara – o que comprova a crescente deste mercado.
Em entrevista à EXAME, Elbia Gannoum, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica) explica que, em 2011, os primeiros parques eólicos se instalaram no Brasil e, desde então, há avanços.
“A energia eólica tem crescido exponencialmente. E nos últimos três anos, temos batido recorde atrás de recorde de instalação de parques eólicos. Em 2017, a energia eólica se tornou a fonte de energia mais barata, inclusive superando as hidrelétricas”, afirma Gannoum.
Já 2023, foi um grande ano para essa modalidade de energia. Segundo a ABEEólica, neste ano, foram instalados 109 novos parques eólicos no Brasil, com um total de 4,05 GW (gigawatts) de nova capacidade. Os estados com maior número de novos parques são: Bahia (BA), Piauí (PI), Rio Grande do Norte (RN), Pernambuco (PE), Paraíba (PB) e Ceará (CE).
“Hoje, a fonte eólica – junto com a solar – é a que mais cresce e é entendida como uma resposta da transição energética tanto do ponto de vista global, quanto também do ponto de vista brasileiro”, diz Gannoum. A presidente executiva da organização explica que, em 2018, a energia eólica tinha capacidade de 2 GW (gigawatts) e neste ano, o mercado fechou o período alcançando a marca de 4.4 GW de capacidade instalada.
Um dos fatores que auxilia no processo de desenvolvimento do setor é a descarbonização das matrizes energéticas e a busca por soluções renováveis, onde as indústrias estão buscando adaptar seus processos produtivos para as novas demandas. E a energia eólica tem se mostrado mais competitiva do que os combustíveis fósseis, segundo Gannoum.
Para a presidente da associação, atrair mais fábricas para ter mais investidas em energia pode beneficiar o mercado da energia eólica – por meio do powershoring. Este é o termo usado para se referir às estratégias sobre oferta de energia, com a descentralização de energia limpa, renovável e barata. Segundo o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), a região latino-americana atende muitas das condições necessárias para se aplicar o powershoring.
“Isso coloca a energia eólica como um grande potencial, juntamente com a produção do hidrogênio verde e de outras energias renováveis”, afirma Gannoum
A energia eólica onshore faz alusão aos parques localizados em terra, enquanto a energia eólica offshore é aquela produzida em alto mar, que usa os ventos do mar aberto para gerar energia.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 91 projetos relacionados à instalação de usinas eólicas offshores solicitaram licenciamento ambiental, representando aproximadamente R$ 40 bilhões de investimentos para instalação e logística.
Caso concretizados, os novos parques podem gerar mais de 189 GigaWatts (GW). A EXAME confirmou com o Ibama que outros 13 projetos foram inscritos até 15 de setembro – sendo 10 deles da Petrobras, que entrou no setor de eólicas offshore.
O investimento da Petrobras com a WEG tem foco em desenvolver as turbinas de entendimentos com a Casa dos Ventos e a Total Energies. Essa movimentação da estatal faz parte da investida da empresa em diversificação dos seus produtos para além dos combustíveis fósseis, focando na transição energética. “A Petrobras assume a posição de maior desenvolvedora de projetos de energia eólica no Brasil. A companhia chegou chegando”, resumiu Jean Paul Prates, presidente da estatal.
Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a energia eólica offshore tem um potencial energético de cerca de 700 gigawatts (GW), podendo ampliar em 3,6 vezes a capacidade de energia já instalada no Brasil.
Outro ponto importante é como a energia eólica se conecta com o âmbito de desenvolvimento socioeconômico do ESG (do inglês, ambiental, social e governança). “A energia eólica é abundante no país e tem um aspecto social importante. Ela traz emprego e renda para a população de onde os parques são instalados. Hoje, mais de 90% dos projetos são instalados no Nordeste e fizemos um estudo que demonstrou que a cada R$ 1 que você investe em energia eólica, você devolve R$ 2,9 para economia, então esse efeito em termos de PIB é um efeito multiplicador muito considerável”, afirma Gannoum.
Segundo a presidente executiva, regiões em que os parques eólicos se instalaram versus as regiões que não tinham parques contam com um PIB com crescente em torno de 20%. Além disso, o índice de desenvolvimento humano municipal cresceu em torno de 21%. “A energia eólica é uma pauta ambiental por definição porque a eólica é uma das formas de produção de energia que tem o menor impacto ao meio ambiente e o maior ganho social”, diz Gannoum.