ESG

Retrospectiva ESG 2022: Na ONU, indígenas apresentam soluções climáticas, com trilha sonora de Alok

“O futuro pode ser tecnológico e sustentável, mas para isso precisamos ouvir a voz da floresta e co-criar as soluções juntos com essas vozes”, diz Alok

Performance ao vivo: Alok dividiu o palco com Mapu Huni Kuî, Owerá MC e o Grupo Yawanawa, artistas indígenas. A Apresentação pretende se tornar o álbum colaborativo ‘O Futuro é Ancestral’ (Leandro Fonseca/Exame)

Performance ao vivo: Alok dividiu o palco com Mapu Huni Kuî, Owerá MC e o Grupo Yawanawa, artistas indígenas. A Apresentação pretende se tornar o álbum colaborativo ‘O Futuro é Ancestral’ (Leandro Fonseca/Exame)

Durante a noite de 16 de setembro de 2022, em frente ao Rio East, em um terraço na megalópole norte-americana de Nova Iorque,  um evento fazia ecoar um som. O som ali produzido unia em um mesmo contexto músicos indígenas e batidas eletrônicas, marca do DJ brasileiro Alok. A mistura à princípio intrigava e o objetivo era esse mesmo: mostrar como culturas ancestrais e a tecnologia podem coexistir e criar algo único. 

O evento, que aconteceu no prédio da ONU durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, era o “O Futuro é Ancestral”, uma iniciativa do Instituto Alok, do Pacto Global da ONU, organização que promove os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e com o apoio do Greenpeace. O objetivo ali, que terminou com uma noite de muita música, era criar um espaço para discussões e rodas de conversa sobre a importância da inclusão dos povos originários em discussões de justiça climática.

Alok dividiu o palco com os artistas indígenas Mapu Huni Kuî, Owerá MC e o Grupo Yawanawa. A performance foi gravada e tem a ambição de se tornar um álbum intitulado ‘O Futuro é Ancestral’, com lançamento previsto para o ano que vem. Além de gravações sobre os bastidores. Todo o lucro será revertido para os artistas indígenas envolvidos. Esse é o resultado do evento que promoveu o encontro de empresas, especialistas e instituições para discutirem formas como a indústria do entretenimento pode auxiliar na reconstrução do imaginário referente à identidade dos povos indígenas

“O que a gente fez com Alok foi gravar a nossa música para passar de geração em geração, porque um dia isso seria preciso para compartilhar com os homens que não têm conhecimento do que é a floresta!”, disse Rasu Yawanawa, um dos líderes indígenas que participa do álbum. “A natureza fala pra gente através dos pássaros, dos seres que vivem na floresta”, completa Mapu Huni Kuî, indígena que estará presente na performance em Nova Iorque.

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Alok falou sobre como levar a sabedoria ancestral virou não só um objetivo artístico mas algo que abraçou como cidadão, “Desde que tive contato com a cultura dos povos originários, entendi a importância da preservação e disseminação dos seus conhecimentos e de desconstruirmos conceitos, crenças e narrativas que contaminam a visão de adultos e jovens do meu país e que todo o mundo têm sobre os indígenas. O futuro pode ser tecnológico e sustentável, mas para isso precisamos ouvir a voz da floresta e co-criar as soluções juntos com essas vozes”, diz Alok, artista e presidente do Instituto Alok.

Criação do Fundo Ancestrais do Futuro

Após o painel de discussão, o Instituto Alok e o Pacto Global assinaram uma parceria com o objetivo de criar o Fundo Ancestrais do Futuro, para apoio a produção de cinema, música, games e Web3 protagonizada pelos próprios indígenas e, além disso, para apoiar projetos com uso de tecnologia visando o bem-estar dos povos da floresta e a preservação da biodiversidade.

Empresas e organizações do terceiro setor, além da sociedade civil, podem se envolver para contribuírem – ampliando, assim, o repertório que é criado sobre as culturas indígenas e criando novas referências. “Desde 1500, com a chegada dos portugueses, há um preconceito enorme contra a gente, com os povos indígenas, falam que o indígena, quando usa o rap, ele perdeu a sua cultura. E, quando a gente mostra a nossa cultura, falam que o indigena é selvagem. Mas a gente vai continuar seguindo, mostrando nossa cultura, nossa arte e nossa tecnologia, que também é a nossa cultura!”, disse Owerá MC.

Otávio Toledo, diretor de Relações Institucionais do Pacto Global da ONU no Brasil, destaca a abrangência e o formato da iniciativa na ONU. “Trazer para o tema do Clima uma abordagem sobre cultura e entretenimento é fundamental para conectar a pauta com novos e diferentes públicos e engajar muito mais gente no reconhecimento da importância da população indígena e seus conhecimentos ancestrais na preservação da biodiversidade”, concluiu.

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