ESG

Reduzir poluição e expandir áreas verdes pode evitar 11 mil mortes em SP

A poluição é a maior vilã das chamadas 'mortes evitáveis', que correspondem a 17% da mortalidade anual por causas naturais na cidade

SAO PAULO, BRAZIL - 2018/04/25: Aerial view of the city of Sao Paulo, Brazil - dense populated neighborhood - Itaim Bibi district, Credit Suisse building in foreground -  mixed with green upper-class area in background (Jardins district ) and Ibirapuera Park at right. (Photo by Ricardo Funari/Brazil Photos/LightRocket via Getty Images) (Ricardo Funari/Brazil Photos/LightRocket/Getty Images)

SAO PAULO, BRAZIL - 2018/04/25: Aerial view of the city of Sao Paulo, Brazil - dense populated neighborhood - Itaim Bibi district, Credit Suisse building in foreground - mixed with green upper-class area in background (Jardins district ) and Ibirapuera Park at right. (Photo by Ricardo Funari/Brazil Photos/LightRocket via Getty Images) (Ricardo Funari/Brazil Photos/LightRocket/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de abril de 2022 às 08h46.

Última atualização em 29 de abril de 2022 às 08h53.

Melhores indicadores ambientais poderiam evitar mais de 11 mil mortes por ano na cidade de São Paulo, de acordo com uma pesquisa que mensurou o impacto de políticas públicas sobre a saúde dos moradores da capital paulista. Foram avaliados os efeitos da exposição à poluição, da distribuição de áreas verdes pela metrópole e do excesso de calor.

Desses, a poluição é a maior vilã das 11.372 mortes evitáveis, que correspondem a 17% da mortalidade anual total por causas naturais na cidade em que vivem 12 milhões de pessoas. A qualidade do ar foi responsável por 8.409 óbitos, o insuficiente número de espaços verdes, por 2.593, e o excesso de exposição ao calor, por 370 mortes. Os maiores impactos negativos à saúde foram encontrados nas áreas de menor vulnerabilidade socioeconômica.

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Conforme a pesquisa, isso ocorre pelo perfil demográfico dessas regiões (populações mais velhas e com maior mortalidade natural)l, configurações de áreas residenciais (residindo no entorno de áreas centrais, próximas de trabalho e serviços) e volume do tráfego de veículos (maior do que nas áreas periféricas).

O estudo foi realizado por pesquisadores de instituições europeias como o Instituto Global de Saúde (ISGlobal). A brasileira Evelise Pereira Barboza é a principal autora da pesquisa. Com o avanço do aquecimento global, cientistas têm investigado os impactos na saúde causados pela alta de temperaturas e outros desequilíbrios ambientais.

Para chegar a essa conclusão, foram comparados os indicadores ambientais paulistanos com um cenário ideal e hipotético em que todos os bairros da cidade seriam desenvolvidos com o mesmo conceito de jardins urbanos que marcam o modelo de "city" - caso por exemplo, do Pacaembu. Além disso, a temperatura média diária seria reduzido em 1ºC, resultado de mais áreas verdes e menor tráfego, e as concentrações de poluentes como o NO2 e material particulado seriam menores.

DESAFIO

Secretário municipal de Mudanças Climáticas, Antonio Fernando Pinheiro Pedro diz que o desafio da cidade é aumentar sua capacidade de resiliência às mudanças climáticas e seus efeitos. Criada há menos de um ano, a pasta, que não tem orçamento próprio, tem a função de gerenciar e coordenar diferentes programas relacionados em diferentes órgãos e secretarias.

Outro desafio é mudar a matriz energética de sua frota de mais de 8 milhões de veículos. Entre esses, 14.300 ônibus. O tráfego é o responsável por 60% das emissões de gases geradores do efeito estufa da cidade. Desse total, 50% vem dos ônibus. Atualmente, a cidade tem 119 ônibus elétricos. "Para mudar a matriz energética de 2 mil ônibus são necessários R$ 4 bilhões e toda uma infraestrutura para o carregamento e concretar algumas vias que não suportam o peso desses veículos", diz o secretário. "Além disso, a indústria consegue entregar pouco mais de 150 unidades por ano."

As metas de redução de emissões de São Paulo preveem cortar obrigatoriamente entre 20% e 30% até 2030 e chegar a zero de emissões em 2050. "É uma meta arrojada, mas vamos trabalhar para isso", afirma Pinheiro Pedro.

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