ESG

Rede Origens Brasil valoriza o produtor da Amazônia e preserva a floresta em pé

Das 35 empresas na Rede, 27 são PMEs. Para 2023, a expectativa da Rede é continuar crescendo e aumentar o número de novos membros em 15%

Produtores da Amazônia ganham destaque com a Rede Origens Brasil (Aloyana_Lemos/Reprodução)

Produtores da Amazônia ganham destaque com a Rede Origens Brasil (Aloyana_Lemos/Reprodução)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 5 de janeiro de 2023 às 11h32.

Última atualização em 6 de janeiro de 2023 às 15h16.

Conectar consumidores de todo o Brasil com comunidades da floresta é parte essencial de uma economia descarbonizada, mais inclusiva e justa. Com este principio, a Rede Origens Brasil conta com 27 micro, pequenas e médias empresas dos setores de alimentos, cosméticos, moda, decoração e saúde da Amazônia.

A Rede Origens, criada pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e Instituto Socioambiental (ISA) e administrada pelo Imaflora, conecta empresas, organizações comunitárias e consumidores para seguirem modelos de negócios éticos que valorizem a floresta e seus povos. Juntas, essas PMEs movimentaram cerca de R$ 7 milhões nos últimos 6 anos e contribuem para que comunidades da Amazônia se estruturem por meio de um comércio justo.

Segundo a organização, a intenção é fortalecer as cadeias de produção e negócios dentro de Áreas Protegidas como estratégia de manutenção da floresta em pé e geração de renda para as populações tradicionais e povos indígenas, verdadeiros guardiões do patrimônio socioambiental.

A Rede identifica territórios e mapeia os produtores, que são cadastrados em uma plataforma digital que permite registrar toda as transações comerciais, permitindo que o consumidor tenha acesso às informações sobre os produtos, sua origem e as relações comerciais praticadas. Desta forma, conecta todos os elos da cadeia de suprimentos através de um sistema de garantia inovador capaz de dar a segurança de que o mercado tanto precisa.

A participação das micro, pequenas e médias (PME) vem crescendo na Rede: em 2016 e 2017, a média de adesão foi de três empresas por ano; em 2018 e 2019, passou para quatro, e, em 2020 e 2021, a média dobrou, chegando a oito ao ano. A atuação da Rede, que é composta por 35 empresas, contribuiu para a manutenção de 36,8 milhões de hectares de floresta em 2021.

“Os pequenos negócios, apesar de reduzidos em escala, são os responsáveis por mover a economia da floresta. São empresas que atuam junto aos produtores locais e ajudam as comunidades a se organizarem, criando estrutura para aumentar a oferta de produtos e melhorar a qualidade de vida dessa população”, diz Luiz Brasi, coordenador da Rede Origens.

Marcas

A marca Manioca, de Belém do Pará, produz temperos, molhos, granolas, farinhas, petiscos e geleias a partir de ingredientes nativos da Amazônia. "A Rede Origens nos auxilia na garantia de comércio ético e no desenvolvimento das comunidades envolvidas, permitindo que nosso impacto alcance ainda mais longe do que seria possível fazermos sozinhos. Além disso, através do QR code na embalagem, ela possibilita que nossos consumidores tenham informação sobre a origem dos ingredientes que compõem o nosso produto", afirma Joana Martins, da Manioca. O setor de alimentos corresponde a 39% das PME participantes, assim como moda e decoração. Além destes, 19% atuam em cosméticos e 3% na área de educação e saúde.

Para participar da rede, as empresas precisam adquirir anualmente matéria-prima ou produtos de populações tradicionais e/ ou povos indígenas em um dos cinco territórios: Rio Negro, Norte do Pará, Solimões, Tupi Guaporé e Xingu, por meio de comércio ético.

"No final de 2016, iniciei um trabalho com a Associação Floresta Protegida (AFP) com pinturas em tecidos feitas à mão pelas artesãs Kayapó. Já no início do ano seguinte fui apresentado ao Origens Brasil e, desde então, trabalhamos em rede através da cooperação entre empresas, povos originários e instituições de apoio, unidos pelo desenvolvimento da economia da floresta em pé”, conta Cláudio Martins, da Bossapack. A Bossapack fica no Rio de Janeiro e compra pinturas em tecido de povos indígenas do Xingu. A relação comercial beneficia cerca de 50 pessoas, em um território que funciona como barreira contra o desmatamento.

Para acompanhar processos e garantir decisões tomadas em rede, a plataforma digital da Rede permite acompanhar as negociações, identificar a origem socioambiental dos produtores, produtos e matérias-primas e gerar informações e dados dos produtores, da produção e da comercialização. Os produtos possuem um selo, em formato QR Code, que permite acesso a história de cada produto, origem e de quem produziu.

Para 2023, a expectativa da Rede é continuar crescendo e aumentar o número de novos membros em 15%, envolvendo um número maior de comunidades na cadeia de negócios e, com isso, levando mais renda e desenvolvimento para a Amazônia e contribuindo para manter a floresta em pé.

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