Patrocínio:
Parceiro institucional:
Bianca Provedel, CEO do Instituto Ronald McDonald: "Conseguimos reduzir o tempo entre primeiros sintomas ao tratamento oncológico em até três semanas"
Repórter de ESG
Publicado em 18 de agosto de 2025 às 06h00.
Última atualização em 19 de agosto de 2025 às 11h13.
Anote no calendário: o dia 23 de agosto marca um sábado comum para nós, mas uma oportunidade única para o Instituto Ronald McDonald (IRM). Trata-se do McDia Feliz, quando todas as vendas do sanduíche Big Mac são revertidas para ações sociais da organização do terceiro setor.
A principal causa é o acolhimento de crianças e jovens em tratamento contra o câncer. O objetivo em 2025 é superar em R$ 3 milhões a quantia atingida no ano passado, de R$ 22 milhões, e bater a meta histórica.
O trabalho é realizado em conjunto com o seu parceiro-fundador, a rede de fast food McDonald’s. Cerca de 50% de todo o investimento feito pelo Instituto ao longo do ano deriva do McDia Feliz. Para o próximo ciclo, a organização vai apoiar 75 projetos de 48 instituições que trabalham pela saúde e bem-estar infantil.
No mundo, os números mostram o impacto das iniciativas do IRM. “Hoje, 90% dos hospitais pediátricos do mundo têm ao menos um programa apoiado pelo Instituto Ronald McDonald. Estamos globalmente presentes onde há tratamento pediátrico de qualidade”, explica a CEO do Instituto, Bianca Provedel. Ela conversou com exclusividade com a EXAME e contou mais detalhes de como a organização busca superar a máxima histórica em investimento, unindo engajamento do consumidor e doações de empresas nesta boa causa.
A 37ª edição da campanha comercializa tíquetes físicos ou digitais que podem ser trocados por Big Macs pelo valor de R$ 20, quantia que vai integralmente para o Instituto. O objetivo é garantir que todas as famílias conquistem tratamentos de qualidade contra o câncer.
Neste ano, a skatista e medalhista olímpica Rayssa Leal é a embaixadora nacional da campanha: a ‘Fadinha’ emprestou sua imagem para apoiar a causa e unir novos públicos a favor do tratamento oncológico. A organização também vende produtos oficiais da campanha assinados pela estilista Lethicia Bronstein, que já trabalha com a organização pelo quinto ano consecutivo.
O papel das empresas também é essencial para a realização do McDia Feliz: mais de 164 companhias apoiam o instituto a partir de doações diretas e compras de produtos. O IRM também realiza eventos com foco no engajamento do setor privado. Entre esses apoiadores estão a Shopee, que permite que os clientes adquiram o tíquete durante as compras na plataforma, e o Nubank, que disponibiliza os tíquetes do McDia para seus clientes através do Shopping do NU. “Assim, as companhias conectam o propósito com o engajamento de público interno e consumidores. Nessas parcerias, geramos uma ação de ganha-ganha a partir da reputação”, explica a CEO.
Segundo Provedel, o Instituto tem um mote claro: “Cada vida vale todo o esforço que pudermos fazer”, conta. Hoje, o câncer é a doença que mais mata crianças e jovens de um a 19 anos no Brasil, e mesmo assim, os desafios até esse diagnóstico precoce são muitos.
Ela explica que, de acordo com dados da entidade, a cada dez crianças com câncer, três morrem sem o diagnóstico.
Das outras sete crianças, cerca de quatro desistem do tratamento devido às dificuldades encontradas no processo, seja a manutenção da família durante o tratamento ou os obstáculos financeiros. A maioria dos acompanhantes não consegue manter às idas frequentes ao hospitais e um emprego formal, o que agrava a vulnerabilidade das famílias.
A doença ainda adquire novos tons a partir da desigualdade de acesso à saúde nas regiões brasileiras. No Norte, a chance de cura é de 50%, enquanto no Sul chega a 75%.
O trabalho do IRM é amplo, assim como as necessidades das crianças brasileiras: entre os 75 projetos financiados pelo programa estão políticas de diagnóstico precoce, por meio do qual capacitam profissionais da saúde e educação. A ideia é que possam identificar os sintomas e encaminhar as crianças e adolescentes para especialistas e tratamentos de qualidade de forma mais ágil.
O esforço inclui profissionais de Unidades de Pronto Atendimento, Unidades Básicas de Saúde e postos médicos, além de professores de escolas públicas. “Conseguimos reduzir o tempo entre primeiros sintomas ao tratamento em até três semanas. Em crianças — em que diagnóstico precoce é decisivo, já que as células se multiplicam muito mais rápido —, isso aumenta a chance de cura em até sete vezes”, afirma Provedel. Ao todo, mais de 45 mil profissionais já foram capacitados.
Durante o tratamento, o cuidado está em garantir que cada hospital tenha a melhor infraestrutura para os procedimentos, seja com novos equipamentos ou reformas estruturais. Além de hospitais públicos, também recebem apoio as organizações que atendem até 70% de pacientes vindo do Sistema Único de Saúde. Nesse suporte estão os “espaços da família”, locais que buscam dar mais conforto para parentes entre as consultas, sessões de quimioterapia e exames. Há espaços para as crianças brincarem e salas para que os responsáveis possam descansar e se refrescar.
Com foco nas famílias, o Instituto criou as Casas Ronald McDonald, que funcionam como abrigos para pacientes e acompanhantes de outras regiões ou em vulnerabilidade financeira. “Oferecemos hospedagem, alimentação, transporte até o hospital, apoio escolar e psicossocial. As mães e pais também têm acesso a cursos profissionalizantes”, explica a CEO.
Ao todo, são sete casas em operação no Brasil, além de uma em construção, com unidades espalhadas por São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Belém e Goiânia, sempre próximas a hospitais de referência.
O trabalho depende ainda de um extenso acompanhamento de assistência social, que prevê que as famílias retornem para as suas superando a situação de vulnerabilidade que enfrentavam anteriormente. “Contamos com parceiros para ajudar na habitação e moradia, reinserção no mercado de trabalho e alimentação”, explica Provedel.
Isso ajuda a reduzir as taxas de estresse e ansiedade de toda a família após o fim do tratamento oncológico: mesmo tendo superado o câncer, o retorno para os demais filhos, a casa onde moram e a incerteza sobre o que foi deixado para trás preocupa boa parte dos responsáveis.
O desafio do Instituto Ronald McDonald agora é levar mais e mais conhecimento para famílias de um Brasil extremamente desigual. “Explicar os sinais e sintomas de forma fácil, como por aplicativos e jogos, ajuda a simplificar informações que muitas vezes lutamos para entender. Conhecer o câncer o mais rápido possível é um divisor de águas na vida de muitas crianças”, afirma a CEO.