Gilberto Costa, do J.P.Morgan, e Jair Ribeiro, do Parceiros da Educação e da Casa do Saber, duas lideranças do Pacto de Promoção da Equidade Racial: metodologia objetiva para alavancar debate racial nas empresas brasileiras (Divulgação/Divulgação)
Leo Branco
Publicado em 8 de julho de 2021 às 08h01.
Última atualização em 8 de julho de 2021 às 15h49.
Na esteira da ascensão de uma agenda ESG em empresas mundo afora, um grupo de especialistas na questão racial brasileira lança nesta quinta-feira, 8, uma metodologia inédita no mundo para empresas implantarem medidas de equidade racial no ambiente de trabalho e medir os resultados dessas ações.
Chamada de Pacto de Promoção da Equidade Racial, a iniciativa quer implantar um Protocolo ESG Racial no Brasil para, de alguma maneira, servir de cartilha para empresas de todos os portes e segmentos de atuação terem ideia do passo a passo na hora de contratar ou promover profissionais pretos e pardos em suas equipes.
O Pacto é resultado de um trabalho realizado ao longo de um ano por um grupo de 140 pessoas e entidades (veja lista completa ao fim do texto), incluindo representantes da comunidade negra, especialistas do mercado financeiro e em ESG, acadêmicos, professores, advogados, econometristas, pesquisadores, empresários, profissionais do terceiro setor e líderes de ONGs.
Na lista de quem encabeça o projeto está Jair Ribeiro, presidente da ONG Parceiros da Educação e fundador da Casa do Saber, além de Hélio Santos, presidente da OXFAM Brasil e um dos pioneiros na discussão de políticas de ação afirmativa nas universidades públicas brasileiras, nos anos 90.
O projeto vem num momento propício. Após a morte chocante de George Floyd, homem negro assassinado pela polícia de Minneapolis em maio do ano passado, protestos por mais equidade racial pipocaram pelo mundo e também viraram uma pauta importante da agenda ESG das empresas. “A pauta racial está na mesa do CEO hoje”, diz Santos, que será presidente do conselho de uma associação sem fins lucrativos aberta para dar as diretrizes do Pacto.
Para Santos, o Protocolo ESG Racial será uma oportunidade para que as empresas desenvolvam uma narrativa consistente com essa nova cobrança. “Como resultado, as empresas irão alavancar sua sustentabilidade econômica e social, além de fortemente contribuir para a mudança da realidade brasileira em apenas uma geração”, diz.
O processo de adesão por parte das empresas será totalmente voluntário e gratuito. Os interessados assinarão um Termo de Parceria com a Associação de Promoção da Equidade Racial, manifestando interesse em adotar o novo Protocolo ESG para questões raciais no Brasil com base nas premissas do Pacto de Promoção da Equidade.
O passo seguinte será calcular o seu respectivo Índice ESG de Equidade Racial (IEER), com o apoio de uma empresa certificadora — a exemplo de uma das big four (Deloitte, EY, KPMG e PwC).
O Índice deverá medir o desequilíbrio racial dentro das organizações em termos de renda destinada a profissionais negros, quando comparado ao percentual de negros na população economicamente ativa na região em que a empresa atua.
A nota da empresa melhora na medida em que a empresa adota ações afirmativas e realiza investimentos em equidade racial conforme o estipulado pela metodologia do programa.
Para simplificar a comunicação do tema com o grande público e investidores, foi adotado um rating, seguindo modelo amplamente reconhecido por empresas e gestoras de ativos financeiros, indo de A++ a H.
O Índice ESG de Equidade Racial (IEER) será medido em três níveis: N1, N2 e N3 — valendo o Nível 3 como referência para a respectiva empresa:
— IEER_N1 — reflete a condição atual da empresa, atribuindo maior peso à participação de negros em cargos de liderança
— IEER_N2 — considera a adoção de ações afirmativas, que contemplem o recrutamento, permanência e promoção de profissionais negros, assegurando uma mudança cultural sistêmica nas empresas e
— IEER_N3 — considera o compromisso com investimentos sociais voltados à formação integral de indivíduos negros, dando preferência programas de melhoria da qualidade da educação pública e a organizações com lideranças negras já atuantes.
Para acompanhar a evolução das empresas, a iniciativa terá regras de governança para garantir voz a lideranças do movimento negro — a ideia é que essas lideranças deem consultoria para as empresas certificadoras e, indiretamente, para as empresas interessadas em promover espaços de trabalho com mais equidade racial.
Trata-se de uma discussão urgente na pauta ESG das empresas brasileiras. Com 56% da população brasileira autodeclarada preta ou parda, as empresas estão muito aquém do potencial na promoção da diversidade racial, principalmente quanto às suas posições de liderança. É, por isso, um desafio enorme na comparação internacional.
“Para atender à pauta ESG, não basta apenas às empresas brasileiras adotarem ações afirmativas. Há que se investir no enfrentamento do racismo institucional e, ao mesmo tempo, investir na formação de crianças e jovens negros potencializando o investimento do Estado nas redes públicas”, diz Jair Ribeiro, um dos idealizadores da iniciativa. “Acreditamos que com maior participação da sociedade civil podemos, sim, mudar a realidade do país e promover maior equidade racial e social.”
O projeto considera a relação direta entre sustentabilidade e rentabilidade, destacando que há, sim, uma demanda crescente do setor privado e, em especial, dos investidores institucionais, pela adoção de tais parâmetros. Nessa linha, pesquisas nos Estados Unidos indicam que a diversidade pode ter um expressivo efeito sobre a economia.
De acordo com o estudo The allocation of talent and U.S. economic growth, 2019, produzido pela consultoria Econometrica, a inclusão de negros e mulheres nas ocupações de alta qualificação explicaria cerca de 20% a 40% do crescimento do PIB americano per capita no período compreendido entre 1960 e 2010.
Além de gerar resultados financeiros de impacto, com a crescente exigência pública por posturas socialmente responsáveis nas empresas, o investimento em diversidade melhora a reputação corporativa e o relacionamento com clientes e com todos os stakeholders (públicos de interesse).
“Após séculos de escravidão e falta de oportunidades sociais e econômicas para a população negra, a sociedade civil e as empresas brasileiras podem (e devem) atacar as consequências negativas desse problema histórico”, diz Gilberto Costa, diretor executivo da operação brasileira do banco americano J.P. Morgan, e que será diretor executivo da associação criada para gerenciar o Pacto.
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GRUPO DE CONSTRUÇÃO DO PACTO
Pessoas físicas que colaboraram diretamente na construção e revisão do Pacto:
Gilberto Costa – JP Morgan (Coordenador)
Jair Ribeiro – Parceiros da Educação (Coordenador)
Adriana Barbosa – PretaHub
Carlo Pereira – Pacto Global Carolina Costa – Mauá Investimentos Cida Bento – CEERT Daniel Teixeira - CEERT Eduardo Alves – PWC Elizabeth Scheibmayr – Uzoma Diversidade, Educação e Cultura Fabio Alperowitch – FAMA Investimentos Fabio Coelho – Google Felipe Insunza Groba - IDIS Guibson Trindade (PMO) Gustavo Wernek – Gerdau
| Hélio Santos – Oxfam Brasil
Igor Lima – Instituto Sonho Grande Lina Pimentel – Matos Filho Advogados Lucas Cavalcanti – Econometrista – Índice ESG de Equidade Racial Michael França – Econometrista – Índice ESG de Equidade Racial Paula Jancso Fabiani - IDIS Rachel Maia – RM Consulting Rafael Tavares – Econometrista – Índice ESG de Equidade Racial Ricardo Henriques – Instituto Unibanco Selma Moreira – Fundo Baobá Theo van der Loo - NatuScience Thiago Amparo - Advogado Wilson Risolia – Fundação Roberto Marinho
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GRUPO DE APOIADORES E FUNDADORES DO PACTO
Pessoas físicas e jurídicas que serão convidadas para serem membros fundadores
Adriana Barbosa (PretaHub e Feira Preta) – Integrante Grupo de Trabalho; Alan Duarte (ONG Abraço Campeão); Alfredo Pinto (Bain); Ana Diniz (Inst. Península); Ana Inoue (Itaú Social); Ana Karla (ANEPE); André Coutinho (KPMG); Andrea Alvares (Natura); Angélica Souza (PWC); Anna Helena Altenfelder (Cempec); Bete Scheibmayr (Uzoma); Caio Magri (Instituto Ethos); Carlo Pereira (Pacto Global); Carlo Pereira (Pacto Global) – Integrante Grupo de Trabalho; Carlos Ambrosio (Ambima & Avenue); Carlos Donzelli (Magalu); Carlos Magalhães (BRK); Carlos Takahashi (BlackRock); Carlos Terepins; Carolina Costa (Mauá Investimentos) – Integrante Grupo de Trabalho; Célia Parnes (Secretaria do Desenvolvimento Social – SP); Celso Athayde (Favela Holding); Celso Loducca; Celso Prudente (Universidade Federal do Mato Grosso); Christian Olgmeister (Suzano); Cláudia Costin (FGV); Claudia Sender (Gerdau, Telefonica); Daniel Funis (Farfetch); Danielle Almeida (Diasporica); David Velez (Nubank); Edson França (UNEGRO); Edu Lyra (Gerando Falcões); Eduarda Penido Dalla Vechia (Fundação Flupp); Eduardo Alves (PWC); Eduardo Guardia (BTG Asset); Eduardo Mufarej (RenovaBR); Edvaldo Vieira (Amil); Eliane Leite (Paula Sousa); Elizabeth Mac Nicol (B3); Erica Butow (Ensina Brasil); Eugenio Mattar (Localiza); Everton Rodrigues (CFA Society); Fabio Aidar (Colégio Santa Cruz); Fabio Alperowitch (Fama Investimentos) – Integrante Grupo de Trabalho; Fabio Barbosa (Gávea); Fabio Coelho (Google); Felipe Gonzalez (Fund Lemann); Fernanda Camargo (Wright Capital Wealth Mgt); Florian Bartunek (Constellation); Frei David (Educafro); Gilberto Costa (JPM) – Integrante Grupo de Trabalho; Gilvan Bueno Costa (Financier Educação); Giovani Rocha (UPenn); Giovanni Harvey (Fundo Baobá); Glaucimar Peticov (Bradesco); Guibson Trindade (Parceiros da Educação); Guilherme Leal (Natura); Guinle Johannpeter (Gerdau); Gustavo Werneck (Gerdau); Helio Santos (Instituto Brasileiro de Diversidade); Igor Lima (ex- Inst. Sonho Grande) – Integrante Grupo de Trabalho; Isabella Marinho (Instituto Humanize); Ivanir dos Santos (CEAP-RJ); Izabela Murici (Falconi); Jackeline Busnello (Bradesco); Jair Ribeiro (Parceiros da Educação) – Integrante Grupo de Trabalho; James Gulbradsen (NCH Capital); Jan Karsten (Julius Baer); Jandaraci Araujo (Sec. Desenv. Econ. SP); Jéssica Rios (Vox Capital); João Miranda (Votorantim); Joice Toyota (Vetor); José Carlos Doherty (AMBIMA); José Junior (Afro Reggae); José Papa (Trace); José Roberto Marinho (Globo); José Vicente (Zumbi dos Palmares); Juliano Seabra (Banco Mundial); Kellen Julio (Rede Globo); Laio Santos (XP Clear); Laura Mattar (Mattos Filho); Leila Braga de Melo (Itaú); Leonardo Dutra (EY); Leonardo Letelier (Sitawi); Liliane Rocha (Kairós); Lina Pimentel e Flavia Oliveira (Mattos Filho) – Integrante Grupo de Trabalho; Luana Génot (IDBR); Luana Ozemela (Dima Consult); Luciana Nicola (Itaú); Luciana Ribeiro (EB – Capital); Luciene Magalhães (KPMG); Luis Sthulberger (Verde); Luisa Brasuna (Ernest Young); Luiz Fernando Figueiredo (Mauá); Luiz Maia (Brookfield); Luiz Pretti (Amcham); Luiza Hirata (Santander Asset e AMBIMA); Mandalyn Gulbrandsen (BrazilFoundation); Manuela Marquez (RDP); Marcelo Bacci (Suzano); Marcelo Billi (AMBIMA); Marcelo Lyrio; Marcelo Medeiros (Alpargatas); Marcelo Serafim (PRI); Marcelo Tragtenberg (INCT); Marcio Correia (JGP); Marco de Castro (PWC); Marco Fujihara (Fundo Baobá); Marcos Magalhães (ICE); Maria Gal; Marina Mansur (McKinsey); Mário Theodoro (UNB); Marta Pinheiro (XP Investimentos); Masao Ukon (BCG); Matt Klingerman (Escale); Maurício Columbari (PWC); Maurício Pestana (Revista Raça); Mirian Leitão; Neca Setubal (Fundação Tide Setubal); Oded Grajew (Global Compact); Osvaldo Cervi (Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros); Patricia Ellen (Secretaria do Desenvolvimento Econômico); Patrícia Lobaccaro (Mobilize Global NY); Paula Belizia (Google); Paula Fabiani (IDIS); Paulo Batista (Alicerce); Paulo Kakinoff (Gol); Paulo Veras; Pedro Rudge (Leblon Asset); Piero Minardi (Warburg Pincus ABVCAP); Preto Zezé (CUFA); Priscila Cruz (Todos pela Educação); Priscila França (Instituto Equânime); Prof Ivanir dos Santos (UFRJ); Prof. Silvio Luiz de Almeida (FGV, Duke, Inst. Luiz Gama); Rachel Maia (RM Consulting); Rachel Maia (RM Consulting); Rafael Machiaverni (Parceiros da Educação); Raquel Teixeira (SEDUC- SP); Regina Esteves (Comunitas); Renato Ejnisman (Bradesco); Renato Feder (Secretaria Estadual da Educação do Paraná); Renato Meirelles (Inst. Locomotiva); José Marcos da Silva (Deloitte); Renato Souza (PWC); Ricardo Henriques (Inst. Unibanco) – Integrante Grupo de Trabalho; Ricardo Madeira (USP); Roberto Chade (Dotz – Inst. Superação); Rodrigo Dib (Proa); Rogério Mascarenhas (McKiney); Rogerio Monaco (Todos pela Educação); Rossieli Soares (Secretaria Estadual da Educação de São Paulo); Salatiel Barbosa (Banco Regional de Brasília); Selma Moreira (Fundo Baobá) – Integrante Grupo de Trabalho; Silvio Dulinski (WEF); Sonia Quintella (Artesol / Artiz); Tatiana Figueiras (Instituto Ayrton Senna); Tereza Vernaglia (BRK); Thalita Cunha (Blend); Theo van der Loo (NatuScience) – Integrante Grupo de Trabalho; Thiago Amparo (FGV); Thiago Spercel (Machado Meyer); Thiago Thobias (Advogado); Tom Mendes (ID BR); Vanessa Dockhorn (Psicologia Dockhorn); Viviane Senna (Instituto Ayrton Senna); Vivianne Naigeborin (Arymax); Walter Schalka (Suzano); Wania Sant’Anna (IBASE); Willian Reis (Afro Reggae); Wilson Risolia (Fundação Roberto Marinho) – Integrante Grupo de Trabalho.
Consultores Técnicos e Jurídicos - O projeto possui importantes consultores técnicos e jurídicos, especializados em diversidade, ESG, inclusão e equidade racial como, por exemplo Fabio Garcia; Lorraine Silva; Lucas Cavalcanti; Michael França; Michelle Ratton; Odara Andrade; Sérgio Firpo; Thiago Aparo; IDIS - Instituto para Desenvolvimento do Desenvolvimento Social; Diversidade Corporativa; Uzoma Diversidade, Educação e Cultura. A consultoria jurídica societária é feita pelo escritório Matos Filho Advogados; a consultoria de Resolução ESG é feita pelo Machado e Meyer Advogados.