ESG

Apoio:

Logo TIM__313x500
logo_unipar_500x313
logo_espro_500x313
ONU_500X313 CBA
ONU_500X313 Afya
ONU_500X313 Pepsico
Logo Lwart

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Queimadas são desafio econômico decisivo para o Brasil, diz Fábio Galindo, da FutureClimate

O CEO da FutureClimate explica como a integração entre setores público e privado pode ser a chave para enfrentar as mudanças climáticas no país

Rodrigo Caetano
Rodrigo Caetano

Editor ESG

Publicado em 13 de setembro de 2024 às 14h08.

A onda de tempo seco e as queimadas que afetam o Brasil este ano são exemplos claros dos efeitos das mudanças climáticas, que já impactam diretamente a economia e a sociedade. Fabio Galindo, CEO da FutureClimate, traz à tona questões urgentes e soluções possíveis para enfrentar esses desafios, ressaltando a importância de “ações estratégicas” a longo prazo e da “integração de setores públicos e privados”.

A importância de uma visão estratégica

Segundo Galindo, o que falta para combater as mudanças climáticas no Brasil é uma “visão estratégica ampla” e de longo prazo, comparável a um "Plano Marshall Verde", que guie o país para um futuro sustentável. Além disso, há necessidade de “capacidade executiva” para transformar ideias em ações concretas. O maior desafio é tirar os planos do papel e fazer com que iniciativas climáticas avancem efetivamente.

Apesar disso, Galindo destaca que já existe uma “mobilização crescente” em diversos setores. Iniciativas como aço verde, transporte elétrico e segurança alimentar estão ganhando força, mas ainda carecem de uma “agenda comum”. Ele observa que, embora os movimentos estejam desconectados, o progresso da agenda climática é visível em diferentes setores da sociedade, tanto no Brasil quanto internacionalmente.

A necessidade de integração entre setores

O modelo de plataforma adotado pela FutureClimate reflete essa necessidade de “integração” entre diferentes áreas. Ao oferecer serviços como “educação climática”, consultoria, desenvolvimento de projetos de carbono e reinvestimento social, a empresa busca conectar setores com diferentes níveis de maturidade em relação à agenda climática. Essa abordagem é fundamental para alinhar iniciativas e criar sinergias que potencializem a transição para uma “economia mais verde”.

Além disso, Galindo sublinha que o mercado de carbono precisa de mais do que apenas geração de créditos. A lacuna está, principalmente, na “alocação eficiente de recursos financeiros”. Muitos fundos estão capitalizados, mas o desafio está em fazer o dinheiro chegar aos projetos certos, especialmente aqueles em estágio inicial e em regiões como a Amazônia, onde há grandes ativos ambientais, mas condições sociais precárias.

Desafios do mercado de carbono e parcerias público-privadas

A credibilidade do mercado de carbono sofreu um abalo recentemente, com o caso do projeto Ituxi, que envolveu a venda irregular de créditos de carbono de áreas públicas. Fabio Galindo, CEO da FutureClimate, reflete sobre os “riscos financeiros” e os obstáculos de longo prazo enfrentados por esse mercado, mas também aponta soluções estratégicas, com foco na “regulação” e nas “parcerias público-privadas” (PPPs).

Galindo ressalta que, embora a permanência dos projetos seja um critério importante, o carbono "vendido" pelo projeto Ituxi ainda existe nas florestas. O problema está na origem dos créditos, que eram de uma área pública e, portanto, deveriam pertencer à União. A falta de “ordenamento territorial” da Amazônia é o verdadeiro entrave, com impactos diretos na credibilidade dos projetos de carbono.

Para superar esses desafios, Galindo defende a realização de “diligências mais profundas” no histórico de propriedade das áreas envolvidas em projetos de carbono. O Brasil precisa investir em um ordenamento territorial sério e eficiente, apoiado por tecnologia. Segundo Galindo, o país tem à disposição ferramentas modernas que podem solucionar essa questão em pouco tempo, mas falta uma ação coordenada do governo.

Parcerias público-privadas como solução para a Amazônia

Uma das propostas mais promissoras levantadas por Galindo é a ampliação das parcerias público-privadas (PPPs) para a conservação da Amazônia. Ele explica que, embora o Brasil não tenha recursos públicos suficientes para proteger toda a floresta, as PPPs podem ser uma alternativa eficaz para atrair capital privado e garantir a preservação em grande escala. O governo federal já deu alguns passos nesse sentido, abrindo processos para a restauração de áreas públicas degradadas.

Galindo destaca que as “concessões de conservação” podem proteger até 100 milhões de hectares da Amazônia, algo que seria impossível apenas com áreas privadas. Para viabilizar esse novo mercado, ele sugere a criação de um “framework regulatório claro” que defina como os recursos serão geridos e destinados para políticas públicas, comunidades vulneráveis e a gestão transparente do capital.

Tecnologia e a necessidade de execução

A “tecnologia” necessária para ordenar a Amazônia e atrair investimentos já existe. O desafio, segundo Galindo, está na “execução”. Ele argumenta que o Brasil precisa de uma “estratégia clara” e de capacidade de gestão para aproveitar o potencial desse ativo ambiental e reduzir as queimadas e o desmatamento ilegais. Embora os órgãos públicos, como ICMBio e FUNAI, tenham profissionais capacitados, falta orçamento e pessoal suficiente para gerir áreas de conservação tão extensas quanto a Amazônia.

A solução passa por um modelo mais eficiente, em que o setor privado possa colaborar com o público para proteger a floresta e garantir sua sustentabilidade. Galindo conclui que, com a “estratégia certa”, o Brasil pode dar um salto significativo na agenda de preservação ambiental e no mercado de carbono.

Acompanhe tudo sobre:Aquecimento globalMudanças climáticasClimaIncêndiosAmazônia

Mais de ESG

O chamado de Gaia: o impacto da crise climática sobre as mulheres

O que é o mercado de carbono e por que ele pode alavancar a luta contra a crise climática

Rascunho atrasado e sem números: cresce temor sobre "COP do retrocesso"

COP29: países ricos se comprometem a parar de abrir centrais a carvão