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EXAME Plural: nova plataforma será dedicada ao universo feminino (Angelina Bambina/Getty Images)
Publicado em 1 de março de 2024 às 15h15.
Última atualização em 7 de março de 2024 às 09h33.
Há quase três anos, escutei soar um novo alarme. Aqui no Brasil, ainda não tinha escola fechada, determinação de ficar em casa ou orientação para limpar as compras de mercado com álcool. Já lá fora, onde a pandemia se tornou uma realidade meses antes, para além das prioritárias preocupações sanitárias, um relatório divulgado pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), órgão vinculado à ONU (Organização das Nações Unidas), gritou alto: a pandemia provocaria um retrocesso de ao menos uma década na participação das mulheres na força de trabalho na América Latina.
Tempos depois, quando aqueles poucos meses de isolamento, que a maior parte de nós imaginou serem no máximo três, se converteram em ano e meio de instabilidade em muitos níveis, sobretudo em nosso país, os dados nacionais comprovaram a sombria previsão da Cepal.
Em meados de 2022, conforme o IBGE, a presença feminina no mercado formal de trabalho já havia retrocedido aos níveis de 2016, num reflexo evidente de que o desemprego atingira de forma claramente desigual os trabalhadores de acordo com o gênero.
Como sempre dá para piorar, ao considerar as chamadas interseccionalidades, mulheres negras foram as mais afetadas, empurradas para fora da economia formal em muitos casos de forma definitiva.
Meu terapeuta, minha líder espiritual e também minhas amigas mais sábias vivem batendo na tecla de que passado precisa ficar para trás. Neste caso, contudo, acredito que não tem como ignorar o retrovisor para entender o cenário que mulheres habitam hoje, tanto no ambiente corporativo quanto na economia informal. Segundo o IBGE, o nível de desemprego entre mulheres no fim de 2023 ainda estava acima da média nacional - uma taxa de 9,2%, contra 6% entre os homens.
Portanto, a retomada econômica e a esperada geração de empregos e renda seguiram a lógica que nos atingiu durante a maior crise sanitária e socioeconômica da história recente. De novo, o gênero e a raça foram determinantes como desafios adicionais no caminho da recolocação e do avanço - uma realidade, importante reconhecer, não exclusiva ao Brasil.
Corta para hoje e para o motivo maior deste primeiro papo que abro com leitoras e leitores da Exame, não por acaso no mês que marca mundialmente a luta por direitos femininos e em que lançamos Exame Plural, que reforça a cobertura de diversidade, com olhar mais profundo para mulheres.
E muito mais do que lamentar as más notícias, nos propusemos nas últimas semanas a procurar as boas notícias ou as necessárias reflexões que possam nos levar até elas, até o dia em que elas sejam maioria. Elas, as boas notícias para nós, e nós, as mulheres, as mulheres negras, as indígenas, as quilombolas, as PCDs, as 50+, as trans, que somos parte da imensa população chamada, num grande paradoxo da língua portuguesa, de minorizada.
Por isso nos próximos dias convidamos a acompanhar por aqui, as mais de vinte lideranças femininas no ambiente corporativo, no empreendedorismo e na filantropia, que aceitaram compartilhar em suas vozes, histórias, visões, questionamentos, respostas, desafios e oportunidades percebidas ao longo de suas próprias jornadas ou nos negócios que comandam. Embora em um primeiro momento possa parecer um apanhado de relatos individuais, certamente falarão com algum lugar comum à jornada de todas as mulheres. E, quem sabe, nos tragam algumas boas pistas do caminho de volta ou, melhor ainda, de avanço.
A EXAME Plural é uma plataforma que reforça a cobertura de diversidade, com olhar mais profundo para mulheres. Neste mês de março, que marca mundialmente a luta por direitos femininos, mais de vinte lideranças femininas no ambiente corporativo, no empreendedorismo e na filantropia aceitaram compartilhar em suas vozes, histórias, visões, questionamentos, respostas, desafios e oportunidades percebidas ao longo de suas próprias jornadas.
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