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Quase 10% do financiamento climático global está em risco com Trump, diz relatório

Uma análise da Carbon Brief publicada nesta segunda-feira (10) mostra que as políticas anti-clima do presidente americano comprometem o compromisso anterior dos EUA em investir US$ 11 bi

Na gestão anterior de Trump, ele destinou apenas 4% do orçamento para fundos climáticos (AFP)

Na gestão anterior de Trump, ele destinou apenas 4% do orçamento para fundos climáticos (AFP)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 10 de março de 2025 às 16h00.

As políticas anti-clima do presidente americano Donald Trump podem afetar uma parcela considerável do financiamento climático internacional, com impacto direto nos países do Sul global, os que mais sofrem os efeitos da crise do clima.

É o que revela uma nova análise da organização Carbon Brief publicada nesta segunda-feira (10), no mesmo dia em que o presidente da COP30 no Brasil, André Corrêa do Lago, firmou o compromisso de apresentar um relatório com caminhos para aumentar a quantia dos US$ 300 bilhões acordados no Azerbaijão para a real necessidade de US$ 1,3 trilhão.

Segundo a Carbon Brief, o presidente Joe Biden havia aumentado o apoio climático dos EUA para US$ 11 bilhões anuais, uma cifra que representaria mais de 8% de todo o investimento voltado à mitigação e adaptação climática em 2024.

No entanto, as medidas de Trump seriam "um retrocesso" e comprometem o avanço desses recursos, incluindo o cumprimento da meta acordada na COP29 em Baku, de destinar US$ 300 bi aos países em desenvolvimento. A cifra seria alcançada por um 'mix' de investimentos públicos e privados, mas sem a contribuição da maior economia do mundo, será difícil chegar lá, alertou a organização.

Os EUA, maior emissor global, saiu do histórico Acordo de Paris, logo após a posse de Trump. E um dos temores é que leve outros países junto e coloque em xeque as negociações da ONU. Em sua gestão anterior, de 2017 a 2021, o presidente americano destinou apenas 4% para fundos climáticos e atualmente, apenas 0,24% da renda nacional bruta do país é voltada para ajudar países em desenvolvimento. 

A nova gestão americana não só promete reduzir o apoio climático, como também cortou a participação da USAid (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) e suspendeu compromissos com o Fundo Verde para o Clima da ONU (GCF).

Em 2023, a USAid foi responsável por quase um terço do financiamento climático dos EUA, com quase US$ 3 bilhões destinados a projetos de transição para uma economia de baixo carbono. O corte de US$ 4 bilhões no GCF também mostra o quanto os recursos dos EUA para o combate às mudanças climáticas estão em risco.

O impacto é particularmente significativo para os países em desenvolvimento, que dependem dos recursos para implementar soluções de adaptação climática, como segurança alimentar e gestão de recursos hídricos, destaca o relatório.

O futuro do financiamento climático

Se as políticas de Trump se mantiverem, o risco de corte adicional nos fundos climáticos é real. A USAid, que tem lidado com a maior parte da ajuda externa dos EUA, foi alvo de críticas por parte do ex-presidente, que até chegou a sugerir sua eliminação.

A DFC (Corporação Financeira Internacional para o Desenvolvimento) tem sido apontada como uma possível alternativa para a gestão de fundos, mas especialistas alertam que a mudança no foco para empréstimos privados pode prejudicar os interesses dos países em desenvolvimento, uma vez que priorizaria interesses comerciais dos EUA.

A análise sugere que se os EUA deixarem de reportar seu financiamento climático à ONU, isso poderia dificultar o alcance das metas internacionais e enfraquecer os esforços globais de combate à crise climática. 

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