Para Eduardo Mufarej, idealizador do Estímulo 2020, iniciativa pode resultar no primeiro banco com propósito do país (Priscila Zambotto/Getty Images)
Rodrigo Caetano
Publicado em 13 de outubro de 2020 às 15h11.
Última atualização em 15 de outubro de 2020 às 12h01.
Quando criou o Estímulo 2020, no início da pandemia, o empresário Eduardo Mufarej esperava ajudar pequenas companhias, as mais afetadas pela crise, a não fechar as portas. A oferta de crédito rápido, fácil e barato foi o meio escolhido. Mufarej, que também é fundador do movimento político RenovaBR, convenceu nomes como Abilio Diniz, Armínio Fraga, Eugênio Mattar e Luciano Huck, entre outros, a apoiar a criação de um fundo especificamente para o fim desejado. Em pouco mais de quatro meses, foram levantados 11 milhões de reais em fundos, sendo que 10 milhões em empréstimos já foram concedidos.
O que o empresário não esperava era deparar com um problema altamente improvável: a falta de candidatos a receber o crédito. Aumentar o número de inscritos no programa tem sido o principal desafio do Estímulo 2020. Até o momento, cerca de 400 pequenas companhias foram beneficiadas, mas, dos 10 milhões de reais em empréstimos aprovados, apenas 3,8 milhões efetivamente foram compensados.
Para Mufarej, a ideia do Estímulo 2020 vai além da pandemia. “Quem sabe, podemos criar a primeira empresa de crédito com propósito do país”, disse o empresário, que participou do podcast ESG de A a Z, da EXAME. Ele tem meio caminho andado. Apesar de ser uma iniciativa sem fins lucrativos, o fundo funciona praticamente como uma fintech. Todo o processo de pedido e avaliação do crédito é feito online e o tomador precisa preencher um formulário com apenas seis campos.
A diferença do Estímulo 2020 para um banco ou fintech tradicional é que os juros cobrados são realmente baixos: 0,53% ao mês (6,5% ao ano), com 90 dias de carência e prazo de 21 meses.
Aos poucos, a situação do crédito no Brasil começa a melhorar. Em agosto, o estoque total subiu 1,9%, para 3,737 trilhões de reais, acelerando o ritmo de crescimento em meio às medidas do governo para enfrentamento à crise do coronavírus. A inadimplência, por sua vez, atingiu a mínima histórica.
Para manter a tendência, o governo federal estuda formas de viabilizar uma terceira fase do Programa de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) para fornecer capital de giro para mais micro e pequenas empresas durante a reabertura econômica. Segundo o assessor especial do Ministério da Economia Guilherme Afif Domingos, a equipe econômica avalia alterar algumas condições do programa para atender mais empreendedores.
O Pronampe é o programa de crédito mais bem-sucedido criado pelo governo para enfrentar a crise causada pela pandemia do novo coronavírus. Até o dia 6 de outubro, foram 32,06 bilhões de reais emprestados a cerca de 430.000 micro e pequenas empresas.
O valor, apesar de ajudar muitos negócios com o fluxo de caixa durante a crise, ainda está bem abaixo do necessário para manutenção das PMEs. Cálculo da FGV estima que existe uma lacuna de 202 bilhões de reais em crédito para as micro e pequenas empresas brasileiras, que são responsáveis por 30% da riqueza anual gerada pelo Brasil.
Para se candidatar a um empréstimo do Estímulo 2020, acesso o site da iniciativa.