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Mangues são refúgios de várias espécies e local de subsistência de muitas famílias. (Ricardo Lima/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 29 de julho de 2025 às 17h00.
Última atualização em 29 de julho de 2025 às 18h15.
Você sabia que os manguezais podem armazenar até cinco vezes mais CO2 do que as florestas terrestres?
Este ecossistema marinho é fundamental para o equilíbrio climático e preservação da biodiversidade e por isso também é conhecido como "carbono azul", pelo seu alto potencial de funcionar como um grande sumidouro de gases estufa e um aliado na mitigação climática.
Recentemente, a Fundação Grupo Boticário revelou de forma pioneira o tamanho da oportunidade: apenas os manguezais de São Paulo poderiam gerar R$ 1 bilhão em créditos de carbono no mercado voluntário. Embora estejam presentes em todo litoral brasileiro, este é o estado do Sudeste com as maiores reservas e pela primeira vez serão alvo de uma análise científica abrangente.
Desenvolvido pela Fundação Florestal em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), o estudo pretende mapear de forma detalhada o potencial de armazenamento de carbono de ambientes de mangues que se estendem por 31 mil hectares e identificar níveis de contaminação por metais pesados tóxicos como chumbo, mercúrio, cobre, arsênio e zinco.
Segundo a organização, a ideia é comparar a qualidade do solo entre os diferentes bosques e níveis de impacto humano e proteção legal. O objetivo final é orientar os formuladores de políticas climáticas e ambientais.
O projeto terá duração de dois anos. A partir de agosto, equipes da Fundação Florestal iniciarão a coleta de aproximadamente 2 mil amostras de solo em diferentes pontos do litoral paulista.
O trabalho abrangerá tanto áreas protegidas por unidades de conservação quanto regiões sem proteção legal, permitindo comparações sobre os efeitos da gestão ambiental na qualidade dos ecossistemas. Atualmente, são 15 mil hectares de mangues dentro de unidades de conservação federais, estaduais ou municipais e a outra metade está em áreas desprotegidas.
Em seguida, as amostras serão processadas nos laboratórios da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da universidade, em Piracicaba, utilizando tecnologias avançadas de análise química e biológica.
Segundo os pesquisadores, sua capacidade de armazenar carbono varia a depender das características do solo.
"Cada bosque difere: alguns sofrem mais influência da maré, outros da ocupação urbana. E isso afeta diretamente a capacidade de retenção e a saúde do ecossistema", explica Laís Zayas, coordenadora do Programa de Gestão Integrada de Manguezais da Fundação Florestal. "Vamos quantificar isso de forma concreta."