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Reflorestamento: fazenda em Itu já teve quase 400 hectares restaurados por projeto da Heineken e da SOS Mata Atlântica (Grupo Heineken/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 4 de junho de 2024 às 11h40.
Desde 2007, o Grupo Heineken e a Fundação SOS Mata Atlântica contam com uma parceria para restaurar o bioma na cidade de Itu, no interior de São Paulo. Em uma fazenda cedida pela fabricante de bebidas foram replantadas 7 milhões de mudas de espécies nativas da região, processo que tem beneficiado a população, os animais e até mesmo a oferta de água.
Chamada de Centro de Experimentos Florestais, a área de 526 hectares já foi utilizada no passado para a produção de café e a criação de gado. Desde 2022, após ter sido “emprestado” para a Fundação SOS Mata Atlântica, o local abriga a sede da ONG que luta pela conservação do ecossistema. Do total, 386 hectares da região já foram reflorestados.
A área conta com um viveiro com a capacidade de cultivar até 700 mil mudas de 110 espécies nativas do bioma por ano. Pontos turísticos também são incluídos no passeio, com o intuito de permitir que o visitante conheça a Mata Atlântica em diferentes estágios de preservação e recuperação. Entre esses pontos, estão a Trilha do Jequitibá, caminho com 600 m de extensão, além de um jardim sensorial.
De acordo com a diretora de sustentabilidade do Grupo Heineken, Ligia Camargo, a região escolhida reúne diversos fatores, incluindo a proximidade com a fábrica da Heineken na cidade. “Além disso, a cidade sofre uma preocupação constante com a disponibilidade hídrica, tema que é tão caro para a estratégia global da Heineken”, conta.
A estratégia de reflorestamento ajudou nas nascentes da região. O Centro de Experimentos Florestais contava com 17 nascentes 2007. Após os anos de trabalho com plantio das mudas, o número de nascentes aumentou para 19. A área também vivenciou um aumento no volume de água disponível: a alta foi de 5% na água superficial e de 20% na água subterrânea.
Essa maior disponibilidade hídrica favoreceu a cidade de Itu -- que sofre historicamente com crises hídricas -- durante um dos mais longos períodos de racionamento de água que a cidade enfrentou, em 2014. Foram 11 meses de desabastecimento.
Reverter crises hídricas é uma das prioridades da Heineken, aponta Camargo. A empresa tem uma meta de devolver ao meio ambiente 1,5 vez o volume de água que é utilizado nas cervejarias localizadas em cidades com crise hídrica até 2030. No Brasil, a estratégia se aplica para Itu e Pacatuba (CE).
A companhia também instituiu uma meta de redução no consumo hídrico: até 2030, irá reduzir a 260 litros de água utilizados para produzir 100 litros de cerveja nas cidades em estresse hídrico. Já nas regiões sem crises hídricas, o objetivo é alcançar 290 litros de água para produzir 100 litros de cerveja até 2025.
Os benefícios do plantio das mudas incluem até mesmo a biodiversidade da região: um estudo realizado pela empresa em parceria com a Universidade de São Carlos identificou a presença de 208 espécies de aves na antiga fazenda. O Centro abriga duas espécies ameaçadas de extinção, além de seis consideradas como “quase ameaçadas de extinção” e 13 espécies endêmicas, ou seja, que são encontradas apenas na Mata Atlântica.
Outra pesquisa, dessa vez a Escola Superior de Agricultura da USP, monitorou a região por três anos e identificou 20 espécies de mamíferos de médio e grande porte, desde lontras a onças-pardas. Delas, seis tem algum grau de ameaça de extinção.
Os dois estudos chegaram à conclusão de que o alto número de espécies aponta que o local se tornou um refúgio para os animais da região, seja pela passagem até seus habitats ou como uma moradia com recursos disponíveis. De acordo com Camargo, o estudo comprova que a restauração é importante para que a biodiversidade se mantenha no bioma, que é considerado como uma área crítica para a extinção de espécies de plantas e animais.
“O trabalho de reflorestamento comprova que a manutenção da vida é potente no sentido de multiplicar as espécies presentes, de aproximar novas espécies e garantir a biodiversidade. Além disso, também há melhora do microclima, o que ajuda a garantir uma reprodução mais apropriada para os animais”, explica Camargo.
As visitas educativas acontecem desde 2010 e já tiveram a participação de quase 50 mil alunos de 218 escolas. A formação dos professores também é uma das tarefas: eles foram 2700 dos visitantes, além de participarem da formação Mata Atlântica vai à Escola, que aplica formações socioambientais aos educadores. Quase 200 pessoas já passaram pela capacitação.
De acordo com Ligia, a gestão ambiental leva em conta a resiliência do próprio negócio em um planeta com cada vez menos disponibilidade de recursos. “O Grupo Heineken busca conectar pessoas e iniciativas para disseminar mais informações sobre sustentabilidade. Até porque lá na frente, sem essas ações, não vai ter nem água nem meio ambiente para garantir a continuação do negócio”.