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Cortes no financiamento à pesquisa científica e estudos do clima nos EUA deve seguir ainda no orçamento proposto para 2026 (Patricia de Melo Moreira/AFP)
Repórter de ESG
Publicado em 12 de junho de 2025 às 16h08.
O futuro do Climate.gov, um dos principais sites do governo dos Estados Unidos dedicado à educação e disseminação de informações sobre mudanças climáticas e aquecimento global, está em risco após a demissão de quase toda a sua equipe editorial.
O portal, que faz parte do Escritório do Programa Climático da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), deve suspender a publicação de novos conteúdos em breve, após um corte considerável em seus contratos de trabalho. A informação foi divulgada pelo The Guardian.
A decisão de interromper a produção de conteúdo no Climate.gov reflete uma série de cortes significativos no orçamento do portal. No dia 31 de maio, todos os membros da equipe de criação de conteúdo, composta por aproximadamente 10 pessoas, foram demitidos. A mudança representa uma perda significativa para o site, que era responsável por informar o público com base nas descobertas científicas mais recentes sobre o clima.
Entre os profissionais afetados está Rebecca Lindsey, ex-gerente do programa, que foi demitida em fevereiro após um longo processo de disputas internas entre funcionários de carreira e nomeados politicamente dentro da NOAA sobre o destino da plataforma. Lindsey, que havia recebido excelentes avaliações de desempenho, bônus e aumentos salariais, foi uma das pessoas informadas de que suas habilidades e conhecimentos não seriam mais necessários.
Segundo Lindsey, houve uma pressão crescente dentro da NOAA para alterar a natureza do portal. No final de maio, durante a renovação de um grande contrato da NOAA, ela foi informada de que uma demanda superior exigia a reescrita do contrato para excluir o financiamento da equipe do Climate.gov. Ela classificou a mudança como uma ação deliberada e direcionada.
Com as demissões, o conteúdo publicado no portal, que também recebia contribuições de cientistas da NOAA, deixará de ser atualizado. O Climate.gov sempre se destacou por seu compromisso com a imparcialidade e por seguir rigorosamente os avanços da ciência climática, com o objetivo de fornecer informações baseadas em evidências.
A equipe demitida acredita que a decisão de encerrar as atividades do Climate.gov está ligada a uma agenda política da administração Trump, visando restringir o acesso público a informações científicas sobre o clima. Tom Di Liberto, ex-porta-voz da NOAA, também demitido, afirmou que a demissão de toda a equipe de conteúdo é um sinal claro dessa tentativa de politização do portal.
Além de prejudicar a produção de novos conteúdos científicos, a ausência de uma equipe responsável também impacta as contas nas redes sociais do Climate.gov, que possuem centenas de milhares de seguidores. A falta de profissionais qualificados para combater a disseminação de informações incorretas pode tornar o site vulnerável à proliferação de conteúdo anti-científico.
Esses cortes no Climate.gov fazem parte de um movimento mais amplo de redução de recursos destinados à ciência nos Estados Unidos, conforme indica o orçamento proposto para 2026, atualmente em análise no Congresso. A proposta prevê cortes significativos em programas de pesquisa, educação e clima dentro da NOAA.
A crítica de Di Liberto é clara. "Se não conseguem eliminar toda a pesquisa, o que podem fazer é tornar impossível que o público tenha acesso a ela." Ele explica que a falta de informações confiáveis sobre mudanças climáticas, incluindo fenômenos como El Niño e La Niña, pode comprometer a preparação do público e a capacidade de entender os impactos das mudanças climáticas.