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Primeiro projeto de baterias de sódio do Brasil leva energia limpa ao coração da Amazônia

UCB Power e Fundação Amazônia Sustentável inauguram a solução na comunidade remota de Tumbira e beneficiam 43 famílias que passam a ter acesso à eletricidade e geração de renda

O sistema na comunidade de Tumbira funcionará como um "laboratório" para escalar a solução para outras regiões remotas da Amazônia (Divulgação)

O sistema na comunidade de Tumbira funcionará como um "laboratório" para escalar a solução para outras regiões remotas da Amazônia (Divulgação)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 1 de agosto de 2025 às 13h00.

"As baterias estão para a transição energética assim como o smartphone foi para a telefonia. Vai mudar o jogo", disse Leonardo Lins do Carmo, diretor de Marketing e Desenvolvimento de Negócios da UCB Power, em entrevista à EXAME.

A visão do executivo ilustra um projeto pioneiro inaugurado no coração da Amazônia pela empresa líder em soluções de armazenamento em parceria com a Fundação Amazônia sustentável: o primeiro sistema fotovoltaico de baterias de sódio do Brasil.

O local escolhido para a implementação foi a comunidade de Tumbira, localizada a cerca de 70 km de Manaus na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro, onde o acesso é remoto e feito apenas por barco. Por muito tempo, a população vivia na escuridão ou era obrigada a utilizar combustão para ter eletricidade em suas casas.

Desde julho em operação, a iniciativa representa um marco na democratização do acesso à energia limpa ao beneficiar pelo menos 43 famílias.

O investimento de R$ 1,2 milhão faz parte de um aporte robusto da GEF Capital Partners na UCB desde 2019. Pioneira em investimentos sustentáveis voltados ao clima, a companhia nasceu como Global Environment Fund e atua nos setores de transição energética, alimentação e agricultura sustentável e soluções urbanas.

Ricardo Cifu, vice-presidente da GEF Capital Partners para a América Latina, conta que a gestora investe no Brasil desde 2014 e enxergaram potencial na UCB.

"Começamos a perceber alguns segmentos de mercado onde poderíamos combinar bateria e apoiar a descarbonização. Eu diria que 2025 e 2026 serão os grandes anos do armazenamento energético", complementou à EXAME.

Segundo a UCB, o objetivo é expandir a solução sustentável para outras áreas regiões remotas do Brasil.

"A energia é uma habilitadora essencial de educação, alimentação, saúde e desenvolvimento", ressaltou Leonardo. Para ele, a transformação é profunda: "Se conseguimos fazer as pessoas ocuparem este espaço, damos um novo sentido econômico, de renda, conectividade, turismo e mitigar parte de seus problemas", acrescentou.

Tecnologia pioneira

Usualmente, o material utilizado nesta tecnologia é o lítio, bastante presente em dispositivos móveis, veículos elétricos e sistemas estacionários. Embora mais abundante na natureza, este ainda é um produto em análise técnica e que não está disponível para venda em escala comercial, explicou Leonardo.

"Nós somos uma empresa agnóstica e trabalhamos há mais de 50 anos com diversas tecnologias. Então pensamos: por que não dar um passo a frente e testar? A instalação na Amazônia é crítica, se funciona lá, nós temos um leque de outras possíveis aplicações no futuro", destacou.

O sistema em Tumbira conta com 20 módulos fotovoltaicos de 375 Wp, totalizando 7,50 kWp de potência, e 16 baterias de sódio que armazenam 38,40 kWh de energia.

As baterias de sódio oferecem entre 4 a 6 mil ciclos de vida útil, podendo durar mais de dez anos -- um diferencial para comunidades que ficam a mais de mil quilômetros de Manaus e onde qualquer manutenção representa um desafio logístico complexo.

"Eu não posso levar um problema para essas comunidades. A solução tem que ser segura e ter uma vida útil alta", disse o executivo.

Transformação além da energia

O impacto do projeto além do fornecimento de eletricidade. A energia limpa está transformando a realidade econômica e social da comunidade, como reitera Leonardo: "Você tem uma moradora que vende sorvete abundantemente para as crianças da comunidade e ela passa a ter refrigeração. É um retrato da disponibilidade real e eficiente da solução", exemplificou.

Ricardo também destacou como a energia revoluciona o cotidiano das populações: "Tem o pescador que agora tem um freezer, uma comunidade que passa a ter uma fábrica de gelo, uma usina de extração de castanhas. Quando você coloca eletricidade, comunicação e aumento de renda, há uma transformação".

Modelo escalável para o futuro

A UCB Power já implementou mais de 70 mil sistemas de armazenamento em comunidades remotas, atendendo quase um milhão de pessoas sem acesso à energia na Amazônia Legal.

A empresa, que possui fábrica em Manaus há mais de 50 anos, se posiciona na vanguarda em tecnologias, trabalhando com baterias de chumbo, lítio e agora testando o sódio.

O projeto de Tumbira também funciona como "laboratório para futuras implementações em larga escala" no sistema elétrico nacional.

"Quando falamos de transição para uma economia de baixo carbono e principalmente da geração fotovoltaica e a integração com o grid convencional, quem vai dar esse nível de qualidade esperado para a solução são as baterias", projeta o executivo.

Desafios regulatórios

Apesar de exemplos bem-sucedidos em comunidades isoladas, a expansão das soluções de armazenamento em larga escala no Brasil ainda enfrenta desafios regulatórios. O aguardado leilão de reserva de capacidade, que incluiria baterias, deve acontecer no segundo semestre deste ano e a expectativa é que "mude o jogo".

"No Brasil é mais difícil convencer do que fazer", resume Leonardo. "O que precisamos como organização é de claridade de regulação para que seja claro para toda a cadeia."

Segundo a Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (Abisai), da qual a UCB Power é fundadora, o mercado potencial de baterias até 2030 é de mais de R$ 40 bilhões.

O Brasil desperdiça anualmente entre 30 a 35 gigawatts de energia renovável por falta de armazenamento. Para Ricardo, a solução precisa de segurança jurídica para decolar e atrair mais investimentos a longo prazo.

Sustentabilidade e impacto social

Outro destaque do projeto é o impacto social e integração com a Fundação Amazônia Sustentável, que inclui escola municipal, centro comunitário, posto de saúde e alojamento. Além de fornecer energia limpa, contribui para fixar as populações tradicionais em seus territórios e evita o "êxodo".

Para garantir a sustentabilidade da ação, cada comunidade recebe treinamento técnico. "Há uma pessoa responsável não somente pela corretiva, mas também pela preventiva de possíveis problemas na manutenção do sistema", explica o executivo. "Precisamos dar a autonomia".

Com o sucesso do pioneiro sistema de baterias de sódio em Tumbira, a UCB Power planeja expandir a tecnologia para outras comunidades amazônicas, contribuindo para um futuro mais sustentável. 

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