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Primeiro projeto brasileiro de créditos de carbono da reciclagem pode movimentar R$ 2,8 bi por ano

Iniciativa da Green Mining deve começar a comercializar os créditos em seis meses; à EXAME, CEO da startup conta que a missão é colocar a economia circular no centro da discussão climática

Com nove unidades em São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Tocantins, as estações são como contêineres de depósito de resíduos que compram os recicláveis (Green Mining/Divulgação)

Com nove unidades em São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Tocantins, as estações são como contêineres de depósito de resíduos que compram os recicláveis (Green Mining/Divulgação)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 17 de setembro de 2025 às 17h12.

Última atualização em 17 de setembro de 2025 às 17h57.

Trazer a economia circular para o centro da discussão da crise climática, em um Brasil onde menos de 8% dos resíduos são reciclados.

Essa é a missão da Green Mining, startup especializada em logística reversa que acaba de lançar o primeiro projeto brasileiro para geração de créditos de carbono da reciclagem.

A solução pode revolucionar o setor dentro deste mercado e tem potencial de movimentar R$ 2,8 bilhões por ano a partir de 26 mil toneladas de lixo desviadas de aterros e lixões.

Além de combater o problema ambiental, o foco está na geração de renda e impacto social. 

Nesta primeira fase, a proposta foi submetida à certificadora internacional Gold Standard e deve começar a operar a comercialização de créditos em até seis meses. Há iniciativas similares já aprovadas em outros países, como Romênia e Kenya e alguns da Verra na China. 

Justiça climática na prática

Rodrigo Oliveira, CEO da Green Mining, antecipou a novidade em coletiva de imprensa e destacou que os recursos dos créditos gerados serão investidos na reestruturação da cadeia e repassados para o primeiro elo que contempla os catadores ou agentes ambientais. 

"Ao compartilhar além do valor do material, não falamos só sobre de financiamento, mas também de justiça climática. Os catadores precisam ser melhor remunerados", disse. 

A iniciativa pioneira será desenvolvida pela startup dentro do programa já em curso da Estação Preço de Fábrica, em parceria estratégica com o Banco do Brasil e a Kipos Soluções Ambientais, e apoio de empresas como Grupo Boticário, EDP, Ibema, Indorama Ventures, Nude, Parque Global, Tesouro Nacional e B3.

Com nove unidades em São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Tocantins, as estações são como contêineres de depósito de resíduos que compram os recicláveis com pagamento via Pix.

O dinheiro vai direto para a mão dos catadores e carroceiros, sem atravessadores no processo, e os ganhos mensais sobem aproximadamente 400% a 500% (de R$ 250 para até R$ 2,5 mil).

Segundo o CEO, o propósito é a inclusão produtiva destes trabalhadores que muitas vezes vivem em situação de precariedade e são subvalorizados. O valor pago é equivalente ao que a indústria pagaria e há um aplicativo da empresa para garantir a rastreabilidade e comprovação da logística. 

O piloto focará em cinco estações em São Paulo (Santo Amaro, Jabaquara, Pinheiros, Camaçari e Embu das Artes), trabalhando com resíduos plásticos, papel, vidro e metal. A projeção para os próximos 20 anos é reduzir 268 mil toneladas de CO2 equivalente na atmosfera. 

Potencial inexplorado da reciclagem

Os números revelam a dimensão do potencial desperdiçado, em um momento estratégico: o Brasil regulamentou o mercado de carbono no final de 2024 e a implementação deve começar em quatro a cinco anos. Atualmente, há uma série de projetos em curso no mercado voluntário.

Um estudo recente da PwC revela que o potencial brasileiro neste mercado é nove vezes superior à demanda interna e o posiciona como "um grande hub de descarbonização", com capacidade para liderar a exportação global. 

Anualmente, o país gera 26 milhões de toneladas de resíduos passíveis de reciclagem, mas aproveita apenas entre 5% e 7% desse volume. Se fosse gerado crédito de carbono integralmente, esse material poderia gerar 144 milhões por ano. [/grifar]

Ao mesmo tempo, o setor representa metade das emissões globais. 

"Conseguirmos mitigar é uma fortaleza: reduzir a extração da natureza e deixá-la se regenerar", explicou Rodrigo. Segundo o CEO, transformar o resíduo em recurso é estratégia fundamental para fomentar a atividade para que se torne viável economicamente e torne a cadeia mais justa e sustentável. 

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