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“Pressão funcionou”, diz fundo norueguês que exigiu fim do desmatamento

Storebrand Asset Management afirma que tem um “compromisso claro” do governo brasileiro. Outros 34 fundos se juntaram à causa

O vice-presidente Hamilton Mourão, que comanda o Conselho Amazônia, admitiu que o governo precisa atuar contra o desmatamento ilegal (Ueslei Marcelino/Reuters)

O vice-presidente Hamilton Mourão, que comanda o Conselho Amazônia, admitiu que o governo precisa atuar contra o desmatamento ilegal (Ueslei Marcelino/Reuters)

B

Bloomberg

Publicado em 29 de julho de 2020 às 17h14.

Última atualização em 29 de julho de 2020 às 17h32.

A Storebrand Asset Management, maior investidor privado da Noruega, vê “impacto real” de sua campanha de pressão sobre o Brasil para proteger a Floresta Amazônica.

A gestora agora reuniu 34 fundos, com mais de US$ 4,6 trilhões em ativos, para tentar convencer o governo brasileiro a reverter políticas que destroem a Amazônia. A Storebrand, que dedicou todo o seu portfólio de US$ 90 bilhões a investimentos ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês), diz que agora tem um “compromisso claro” do governo brasileiro de que irá responder às suas demandas.

“Já vimos um impacto real”, disse Jan Erik Saugestad, diretor-presidente da Storebrand, em entrevista à Bloomberg. “Após uma reunião com a coalizão de investidores, o governo brasileiro proibiu queimadas na Amazônia por 120 dias como medida de curto prazo para reduzir o perigo de incêndios que enfrentamos agora durante a estação seca.”

Além dos benefícios ecológicos, o investimento ético também começa a oferecer maiores recompensas financeiras. O fundo de índice iShares investe em empresas que, em sua avaliação, tenham “características ambientais, sociais e de governança positivas”. O fundo, um dos maiores do gênero, registra retorno total neste ano que é mais do que o triplo do desempenho do índice S&P 500.

Os fundos liderados pela Storebrand estavam de olho na proposta do governo brasileiro para legalizar a ocupação privada de terras públicas, principalmente concentradas na Amazônia.

Saugestad diz que a Storebrand conseguiu “um claro compromisso do lado do governo para reduzir o desmatamento e cumprir suas obrigações de respeitar as convenções das Nações Unidas em termos de proteção dos povos indígenas e dos direitos humanos”.

A mais recente iniciativa da indústria de fundos coincide com a pressão da setor corporativo, depois que 61 empresas escreveram para o governo brasileiro no início deste mês exigindo mais ações para combater o desmatamento na Amazônia. Como resultado, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, prometeu nesta semana criar um grupo de trabalho para acelerar projetos com uma agenda ambiental.

Lista negra

Entidades que não atendem às demandas da Storebrand para uma conduta ética são excluídas do portfólio da gestora. Empresas que entraram para a lista negra incluem Glencore, Volkswagen, Airbus, BAE Systems e Boeing. A lista mais recente totaliza 193 empresas excluídas.

Saugestad diz que espera que seu setor comece a mudar a maneira como mede os retornos com o avanço do ESG nas estratégias de investimento.

As gestoras de ativos “medem cada vez mais o impacto e começam a falar sobre retornos ajustados ao impacto da mesma maneira que retornos ajustados ao risco”, disse o executivo, embora também reconheça que “provavelmente levará mais de 10 anos para chegar lá”.

“Na minha opinião, todos na indústria de gestão de ativos precisam entender os investimentos sustentáveis, porque a sustentabilidade já tem impacto na maioria dos investimentos hoje”, disse Saugestad. “A sustentabilidade já está no currículo da maioria das escolas de administração e, se ainda não for obrigatória, deve ser.”

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