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Pragmatismo: o elemento comum que move o setor privado

A mensagem é clara: não há mais retorno ao velho modelo de negócios descolado das urgências sociais e ambientais

O setor empresarial brasileiro tem a chance de transformar essas contradições em soluções de impacto (AFP)

O setor empresarial brasileiro tem a chance de transformar essas contradições em soluções de impacto (AFP)

Daniela Grelin
Daniela Grelin

Diretora Executiva do Pacto Global Rede Brasil

Publicado em 7 de outubro de 2025 às 09h40.

No púlpito de mármore verde da sala da Assembleia Geral da ONU, os discursos dos mais de 150 chefes de Estado divergem sobre quase tudo neste encontro que marca os 80 anos da instituição: o valor do multilateralismo, a eficácia do sistema ONU, mudanças climáticas, abordagens na busca da paz e desenvolvimento sustentável.

No setor privado, porém, que se organiza em centenas de eventos paralelos na semana da Assembleia Geral, em Nova Iorque, um sentimento comum move interesses, parcerias e discussões: o bom e velho pragmatismo.

Acima e além das inclinações políticas e ideológicas, para os CEOs, a realidade se impõe: adaptação climática, proteção ambiental, integridade e direitos humanos estão na estratégia de negócios. Não é uma questão de princípios apenas, o que já seria suficiente; é inteligência de mercado mesmo, traduzida em resultados tangíveis. Às empresas longevas, convém cultivar esta capacidade de distinguir os sinais dos ruídos: é ela que permite aos negócios renovar sua licença para operar, competir e triunfar.

Este sentimento foi captado no recém-lançado ‘2025 CEO Study’, conduzido pelo Pacto Global da ONU em parceria com a Accenture: a sustentabilidade deixou de ser apenas um imperativo moral para se consolidar como fundamento essencial da estratégia empresarial.

Segundo o estudo, nove em cada dez CEOs afirmam que o business case para a sustentabilidade é hoje mais forte do que há cinco anos. Além disso, 99% declaram intenção de manter ou expandir seus compromissos, mesmo diante de desafios como inflação, tensões no comércio global e intensificação dos efeitos da crise climática. A mensagem é clara: não há mais retorno ao velho modelo de negócios descolado das urgências sociais e ambientais.

O fim da era das promessas, o início da execução pragmática

Nesta segunda metade da ‘década da implementação’, entramos em uma nova fase: a da execução pragmática. Noventa e seis por cento dos líderes reconhecem que é hora de incorporar a sustentabilidade ao coração da estratégia e da cultura corporativa. No entanto, os mesmos executivos alertam para lacunas preocupantes – sobretudo em tecnologia, dados e comunicação –, que ainda dificultam a escala das soluções.

Entre os cinco elementos-chave destacados pelo estudo para acelerar o impacto, estão:

  • Alinhamento de incentivos: colaborar com entes reguladores para construir regras que recompensem a geração de valor integrado (econômico, ambiental e social) no longo prazo.
  • Catalisar o consumo responsável: responder à crescente demanda de consumidores por produtos e serviços sustentáveis.
  • Ampliar o acesso a tecnologias digitais que permitam rastrear, medir e comprovar impacto.
  • Investir em requalificação profissional para preparar pessoas para uma economia verde.
  • Liderar com credibilidade e propósito, comunicando progressos de forma transparente.

Oportunidade e responsabilidade para o Brasil

Para o Brasil, os achados do relatório são particularmente relevantes. Nosso país reúne vantagens competitivas únicas: matriz energética limpa, liderança em agricultura sustentável e uma das maiores biodiversidades do planeta.

Ao mesmo tempo, convivemos com desigualdades históricas, baixa resiliência climática em comunidades vulneráveis e um déficit de confiança nas instituições.

O setor empresarial brasileiro tem a chance – e a responsabilidade – de transformar essas contradições em soluções de impacto global. Investir em cadeias de valor mais justas, inovação de bioeconomia, modelos regenerativos de produção agrícola e na promoção da equidade de gênero e racial não é apenas uma questão ética: é estratégia de negócios promissora em um país que se descobre (e se revela) uma potência socioambiental.

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O mundo já ultrapassou o limite de 1,5ºC previsto no Acordo de Paris, e mais de 3 bilhões de pessoas vivem em países que gastam mais com juros do que com saúde ou educação. Evoluir gradativamente em um ritmo incompatível com a escala e urgência dos desafios é uma forma de falhar. Portanto, não há tempo a perder!

Do Brasil para o mundo, as empresas têm muito a dizer sobre matriz energética limpa, agricultura de baixo carbono, bioeconomia e, o que fazemos de melhor, colaboração em escala global.

*Daniela Grelin é administradora e Diretora Executiva do Pacto Global – Rede Brasil.

Acompanhe tudo sobre:Pacto Global da ONU no BrasilONU

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