ESG

Pós-COP26: o que vai acontecer com os créditos de carbono florestais

Aliança NBS lança guia para ajudar as empresas na compra de créditos REDD+, mecanismo de financiamento que acabou ficando fora do artigo 6 do Acordo de Paris

Programa capacita comunidades indígenas, rurais e assentamentos. Oferece suporte técnico e de logística para a produção de sementes e de mudas, além de auxiliar no plantio. No início, foram criados cinco núcleos entre aqueles grupos.
 (Cris Paulino/Divulgação)

Programa capacita comunidades indígenas, rurais e assentamentos. Oferece suporte técnico e de logística para a produção de sementes e de mudas, além de auxiliar no plantio. No início, foram criados cinco núcleos entre aqueles grupos. (Cris Paulino/Divulgação)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 1 de dezembro de 2021 às 17h04.

A COP26, conferência climática da ONU realizada em novembro, terminou com um grande acordo que permitirá a criação de um mercado global de carbono. O resultado foi considerado positivo pela maioria dos 196 países que assinaram o Acordo de Paris, que, em seu artigo 6º regula a compra e venda de créditos de carbono pelo mundo.

O Brasil teve participação determinante nesse processo, contribuindo ativamente para a obtenção de um consenso. Porém, não conseguiu evitar uma derrota: a não inclusão dos créditos REDD+ no texto final do acordo. “Foi uma decepção”, afirma Janaína Dallan, fundadora da Carbonext, empresa que atua na cadeia do carbono, e presidente da Aliança Brasil em Soluções Baseadas na Natureza (NBS Brazil Alliance). Dallan participou do podcast ESG de A a Z, produzido pela EXAME.

Lidar com o universo ESG faz parte da sobrevivência de empresas e profissionais de sucesso no mercado. Saiba mais sobre o tema.

Créditos REDD+ são um mecanismo criado para financiar a conservação florestal. Na prática, eles representam um incentivo financeiro a quem mantém as florestas em pé – não por acaso, esse recurso foi intensamente utilizado por empresas brasileiras em suas iniciativas de descarbonização. “É um pouco contraditório o fato de não terem deixado o REDD+ no texto final do artigo 6”, afirma Dallan. “O tema florestas foi muito debatido na COP26, e isso deve incentivar esse mercado, na realidade.”

Ouça o podcast com Janaína Dallan, da Carbonext:

Guia auxilia empresas na compra de créditos

A Aliança NBS está lançando um guia para auxiliar as empresas na compra de créditos REDD+ (o guia pode ser baixado aqui). O objetivo, segundo Dallan, é reduzir as dúvidas a respeito do futuro desse mecanismo e reduzir os riscos de se engajar em projetos sem certificação. “Os projetos devem ser sólidos, com respeito às regras já estabelecidas, seguindo as metodologias, critérios e diretrizes reconhecidas como, por exemplo, as do VCS/VERRA, uma entidade internacional e experiente nesta agenda”, afirma.

Entre os pontos abordados, estão a gestão de carbono das empresas, a plataforma de registro do projeto REDD+, os impactos e certificações adicionais, sua precificação e demais aspectos técnicos. “Montamos esse guia exatamente para ajudar compradores que querem contribuir para a solução do maior problema ambiental que o Brasil enfrenta atualmente: o desmatamento”, afirma Plínio Ribeiro, CEO da Biofílica, plataforma de créditos de carbono comprada pela Ambipar.

“Se o desmatamento ilegal fosse um país, seria o terceiro maior emissor de GEE do mundo, depois da China e dos Estados Unidos”, afirma Dallan, da Carbonext. As mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e outras alterações ambientais estão entre os maiores riscos percebidos na atualidade. As empresas comprometidas em combater esse cenário precisam de informações claras para tomarem decisões de compra e neutralização. É o que queremos prover com esse guia.”

Receba gratuitamente a newsletter da EXAME sobre ESG. Inscreva-se aqui:

Acompanhe tudo sobre:FlorestasCarbonoCOP26Exame na COP26

Mais de ESG

Qual o impacto da queda da MP alternativa ao IOF no mercado financeiro?

Amazon vai vender medicamentos controlados em máquinas eletrônicas nos EUA

Governo lança 3º leilão do Eco Invest Brasil com proteção cambial para atrair capital estrangeiro

Biocombustíveis de açaí e babaçu são alternativa viável ao petróleo no Pará, defendem especialistas