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Crianças de minorias sociais ainda enfrentam maiores dificuldades na saúde quando se tornam adolescentes, diz estudo (iStock/Thinkstock)
Repórter de ESG
Publicado em 26 de maio de 2025 às 16h56.
Um estudo da University College London (UCL), no Reino Unido, evidencia que a poluição do ar durante a infância pode afetar a saúde dos jovens até a adolescência, destacando a urgência em reduzir os níveis de poluentes atmosféricos globalmente.
É sabido que a poluição está relacionada a diversas doenças respiratórias na infância, um problema comum em grandes centros urbanos. Porém, as consequências da exposição não são apenas imediatas: o estudo aponta que crianças que respiram ar poluído em determinados períodos da vida têm maior risco de apresentar piora na saúde na adolescência.
Publicado na revista científica Scientific Reports, o trabalho analisou dados de mais de 9 mil jovens nascidos entre 2000 e 2002, com foco em desigualdades étnicas e socioeconômicas. Os pesquisadores avaliaram os endereços residenciais dos participantes desde o nascimento até os 17 anos, utilizando dados geoespaciais para mapear a qualidade do ar em um raio de 200 metros das residências. Também foram examinados relatórios de saúde aos 17 anos.
Os três poluentes principais estudados foram:O período entre 2 e 4 anos mostrou-se especialmente sensível: crianças expostas a níveis elevados de poluição nessa faixa etária apresentaram entre 15% e 30% mais chances de relatar piora na saúde aos 17 anos. Para crianças entre 5 e 7 anos, o risco foi um pouco menor, variando entre 14% e 16%.
Além disso, o estudo revelou que jovens de minorias étnicas e de famílias de baixa renda tiveram maior exposição à poluição. Crianças não brancas enfrentaram níveis de dióxido de nitrogênio 51% superiores aos de crianças brancas durante os primeiros anos. Isso sugere que o impacto ambiental agrava desigualdades sociais e raciais na saúde.
A equipe também examinou registros hospitalares para buscar um indicador objetivo da saúde, porém não encontrou associação clara entre poluição na infância e maior número de internações hospitalares na adolescência. Ainda assim, os pesquisadores alertam para a necessidade de cautela diante dos efeitos duradouros da poluição.
União Europeia está a um ponto da meta de emissões para 2030, em meio a debate sobre flexibilizaçãoSegundo Gergo Baranyi, autor principal do estudo, “nossas descobertas confirmam uma janela sensível nos primeiros anos de vida, quando as crianças são mais vulneráveis à poluição do ar, o que pode afetar sua saúde geral até o fim da adolescência”.
Baranyi ressaltou ainda que pesquisas anteriores já associam a exposição à poluição infantil a doenças respiratórias, hipertensão, obesidade, transtornos mentais e redução da função cognitiva. “Para crianças de minorias étnicas e em situação socioeconômica desfavorecida, os riscos ambientais podem ser ainda mais prejudiciais”, completou.
Diante desses dados, os pesquisadores reforçam a importância de políticas públicas eficazes para diminuir os níveis de poluição, especialmente em áreas vulneráveis, como forma de reduzir desigualdades socioeconômicas e promover melhor qualidade de vida.