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“Não é preciso abrir mão de retorno financeiro para se ter impacto positivo, basta encontrar o modelo de negócios certo e ganhar escala”, afirma Patrícia Nader, chefe de ESG da Good Karma Ventures (Thithawat_s/Getty Images)
Rodrigo Caetano
Publicado em 29 de março de 2022 às 14h59.
Última atualização em 29 de março de 2022 às 16h21.
A vida do investidor está mais complicada. Antes, bastava olhar para o balanço de uma empresa para decidir se vale a pena investir. Agora, há uma enormidade de indicadores, boa parte deles sem relação aparente com o negócio em si. Entre esses novos números está o do impacto social.
O mercado cada vez mais se convence de que uma empresa só é saudável — financeiramente, inclusive — se os impactos positivos que ela gera para a sociedade superem os negativos. Do contrário, mesmo oferecendo um bom retorno sobre o investimento, não é tão interessante colocar dinheiro, pois os riscos aumentam substancialmente.
“Não é preciso abrir mão de retorno financeiro para se ter impacto positivo, basta encontrar o modelo de negócios certo e ganhar escala”, afirma Patrícia Nader, chefe de ESG da Good Karma Ventures, gestora focada em investimentos de impacto, ao podcast ESG de A a Z, da EXAME (ouça aqui). Essa é a receita das empresas de impacto social, um tipo de empreendimento rentável para o investidor e para a sociedade.
“Um negócio de impacto social deve resolver um problema estrutural da sociedade e ter escala”, afirma Nader, que usa como exemplo uma das investidas da GK Ventures, a plataforma de saúde mental Zenklub.
Pelas contas da empresa, a startup, que oferece, entre outros serviços, terapia online para pessoas e empresas, irá gerar, durante o ciclo de investimento, R$ 1,2 bilhão em valor para a sociedade. Isso é cerca de oito vezes o capital investido e super, de longe, o retorno esperado para o investidor. O difícil é chegar nessa conta.
Existem algumas maneiras de medir o impacto de um empreendimento. Não se trata de uma ciência exata, mas, para a GK Ventures, é possível chegar a um “cifrão”. “Nosso modelo considera a escala, vezes o tipo de impacto, vezes o preço, descontando os riscos”, explica Nader.
No caso do Zenklub, a gestora considerou o número de pessoas atendidas (1 milhão), multiplicado pelo percentual dessas pessoas que sairão de um quadro depressivo (16%), e pelo aumento de renda decorrente dessa melhora. Em média, uma pessoa com depressão recebe 40% menos e tem uma expectativa de vida sete anos menor do que de pessoas com boa saúde mental. Os dados foram obtidos de estudos acadêmicos.
“Quando o modelo de negócios é o impacto, funciona. Mas, o empreendedor precisa acreditar no propósito e o investidor deve cobrar”, afirma Nader. Confira a entrevista completa no ESG de A a Z: