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Plano brasileiro que conecta saúde e clima já conta com 80 países signatários

Iniciativa foi apresentada nesta quinta-feira pelo ministro Alexandre Padilha na COP30 e busca reduzir os efeitos do clima extremo na saúde da população

Ao adotar sistemas de alerta precoce, o país conseguiu reduzir em 92,5% a mortalidade causada por enchentes

Ao adotar sistemas de alerta precoce, o país conseguiu reduzir em 92,5% a mortalidade causada por enchentes

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 13 de novembro de 2025 às 17h28.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, apresentou hoje na COP30 o Plano de Ação em Saúde de Belém, uma iniciativa internacional que aborda a relação entre as mudanças climáticas e os impactos nocivos à saúde humana. O documento propõe medidas práticas para que os países fortaleçam seus sistemas de saúde e se preparem para responder aos efeitos dessas alterações, especialmente em populações vulneráveis.

Padilha destacou que o governo está promovendo um “mutirão” para proteger a saúde local contra as ameaças climáticas, como ondas de calor, inundações, secas e outros desastres ambientais. “Belém simboliza um novo paradigma: cuidar da saúde é, também, cuidar do planeta. É a ciência, a solidariedade e a ação coletiva que nos permitirão construir um futuro mais justo e saudável para todos”, afirmou.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou que, por muito tempo, a saúde foi deixada em segundo plano nas discussões sobre mudanças climáticas. O objetivo do Plano de Ação de Belém é precisamente integrar esses dois temas nas decisões globais. “O documento sugere ações tangíveis que os países podem adotar para criar comunidades mais saudáveis e resilientes em um mundo cada vez mais quente”, explicou.

Segundo Padilha, 80 países já aderiram ao plano, sem contar as organizações filantrópicas e instituições de saúde ao redor do mundo que manifestaram interesse. O documento se baseia em três pilares: monitoramento e alertas sobre os efeitos climáticos extremos; construção de sistemas de saúde resilientes, com infraestrutura adaptada e capacitação dos profissionais; e inovação tecnológica, incluindo parcerias para financiar a proteção das populações em risco.

Impactos do clima na saúde

No Brasil, mais de 142 mil mortes foram causadas por temperaturas extremas entre 1997 e 2018, com a maior parte (112 mil) devido ao frio extremo, embora as fatalidades provocadas por ondas de calor também tenham aumentado, totalizando 48 mil mortes entre 2000 e 2018.

As mudanças climáticas também afetaram a transmissão de doenças: a capacidade de propagação do vírus da dengue, transmitido pelo Aedes Aegypti, aumentou 95% entre 2013 e 2022, resultando em mais internações e aumento de casos.

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Em outras partes do mundo, as ondas de calor na Europa resultaram em 2.300 mortes em um curto período de dez dias. Segundo a OMS, a crise climática poderá causar até 250 mil mortes adicionais por ano entre 2030 e 2050, sendo os principais fatores o estresse térmico, a malária, a diarreia e a desnutrição.

Desinformação e mudanças climáticas

Padilha também ressaltou que parte da solução para mitigar os impactos da crise climática sobre a saúde está no combate à desinformação. “O Brasil defende a ciência e a paz para enfrentar a crise de saúde pública gerada pelas mudanças climáticas. Juntos, mostraremos ao mundo que saúde e clima são indissociáveis”, afirmou.

Ele ainda comentou que, ao adotar sistemas de alerta precoce, o país conseguiu reduzir em 92,5% a mortalidade causada por enchentes, antecipando a distribuição de medicamentos e cuidados especializados. “Diante de um clima alterado, não há alternativa senão implementar políticas públicas de adaptação, tratadas com a mesma seriedade que a mitigação. Para muitos países, isso é uma questão de sobrevivência”, disse.

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