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Philip Kauders, CEO da Courageous Land: "Brasil é Vale do Silício de soluções baseadas na natureza"

O empreendedor está à frente de uma plataforma pioneira de agroflorestas e foi reconhecido pela Bloomberg em sua lista anual de 'catalisadores' que contribuem para um planeta mais sustentável

Philip Kauders, CEO da Courageous Land: ""Nascemos com a missão de reverter as mudanças climáticas, enquanto criamos saúde e abundância para a vida na Terra" (rewardStyle/Divulgação)

Philip Kauders, CEO da Courageous Land: ""Nascemos com a missão de reverter as mudanças climáticas, enquanto criamos saúde e abundância para a vida na Terra" (rewardStyle/Divulgação)

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Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 24 de outubro de 2024 às 06h00.

Última atualização em 24 de outubro de 2024 às 10h15.

Quem são os cientistas, políticos e empreendedores que estão contribuindo para um mundo mais seguro, saudável e sustentável? A Bloomberg reconhece anualmente esse seleto grupo global e anuncia sua lista de Catalisadores. Em 2024, são 16 visionários de 13 países reconhecidos, sendo que dois lideram negócios brasileiros. Um deles é o americano Philip Kauders, CEO e cofundador da Courageous Land, empresa à frente de uma plataforma pioneira de agroflorestas que usa inteligência artificial para reflorestar paisagens degradadas e gerar créditos de carbono.

Natural de Nova York (EUA) e vivendo há 12 anos no Brasil, o empresário contou à EXAME que desde criança teve interesse em atuar com investimentos de impacto e no plantio de árvores. Em 2022, ele fundou o negócio junto com os experts em agricultura e florestas Gilberto Terra e Luiza Avelar, e então conseguiu unir seus dois propósitos: restauração ambiental e produção sustentável.

"Nascemos com a missão de reverter as mudanças climáticas, enquanto criamos saúde e abundância para a vida na Terra. Sempre quis atuar em algo que ajudasse o mundo, mas que também fosse financeiramente sustentável, especialmente considerando as várias crises que enfrentamos hoje", disse Philip, em entrevista à EXAME.

A virada de chave foi quando percebeu uma interconexão entre clima, biodiversidade, eventos extremos, pobreza e o ciclo irregular da água, e entendeu que havia uma enorme oportunidade no país, onde 74% das emissões vêm de setores como o transporte e a produção de alimentos.

"O Brasil é o 'Vale do Silício' das soluções baseadas na natureza, e isso se deve ao fato de que as regiões com florestas tropicais conseguem capturar muito mais carbono", disse.

A Plataforma Agroforestry Intelligence surgiu para ajudar os proprietários de terras com a gestão agroflorestal, financiamento e venda de culturas e carbono. A empresa se responsabiliza por todo o processo: desde o planejamento até o o aporte de recursos, incluindo a gestão e assistência técnica. Por último, também cuida da comercialização dos créditos de carbono.

Na prática, o usuário consegue mostrar no mapa onde está localizada a terra, por meio de um "upload" do arquivo ou código do Cadastro Ambiental Rural (CAR). O primeiro diagnóstico é feito de forma remota. Em seguida, a ferramenta gera um relatório completo sobre o potencial agroflorestal, e o cliente escolhe quais serviços do cardápio da Courageous deseja contratar.

No decorrer das etapas, também há a coleta de dados em campo e, por fim, o plantio de mudas. No leque de financiamento, os principais investidores são aqueles que buscam soluções verdes em clima, biodiversidade e natureza, ou que procuram um retorno em ativos interessantes, explica Philip.

"Hoje, qualquer dono de terra ou companhia pode visualizar o potencial de uma área em segundos. A plataforma fornece informações sobre espécies indicadas, possibilidades de receita e irrigação. Antes, isso levava dois meses e custava cerca de 50 mil reais", destacou Philip.

Segundo o empreendedor, ao converter áreas degradadas ou subutilizadas em agroflorestas, que podem produzir café, madeira ou frutas, é possível gerar até 10 vezes mais renda. "É uma oportunidade não só ecológica, mas também de negócios", acrescentou.

Um dos diferenciais da plataforma é o uso de IA e tecnologias remotas. Philip conta que elas são uma oportunidade de ouro para reduzir custos, aumentar o acesso à informação, facilitar a tomada de decisões e escalar projetos com maior velocidade. "É exatamente o que o combate às mudanças climáticas precisa. Não apenas usamos IA, como também estamos desenvolvendo soluções para liderar essa frente."

E claro, ele não fez nada sozinho. Enquanto Philip uniu sua expertise em tecnologia e experiências em investimentos, Gilberto Terra e Luiza Avelar, combinaram a agricultura e florestas.

Atualmente, a Courageous Land atua somente no Brasil, com o objetivo de plantar mais de 100 mil hectares de agrofloresta nos próximos 10 anos. A empresa está em fase de expansão internacional, e há uma lista de espera de sete países interessados em trabalhar com a plataforma.

Em primeira mão para a EXAME, Philip também revelou um investimento avançado de 100 bilhões de dólares para expandir projetos agroflorestais no mundo, em parceria com diversos aliados. "Isso nos deixa muito animados e otimistas com o futuro."

O maior desafio, e também a maior oportunidade, é ter pessoas e profissionais treinados para atuar nessa nova economia verde, segundo ele. "É algo novo, mas ao mesmo tempo ancestral", frisou.

A Courageous Land também estará presente nos próximos dias na COP16 de biodiversidade na Colômbia, e Philip diz que há esperança de avanço. "Nós não estamos mais debatendo se deve ser feito algo. Estamos agora totalmente focados em participar das conferências, que precisam ser voltadas para a ação. Embora não acredite que estes grandes eventos resolvam todos os problemas, cada vez mais há empresas focadas em fazer parte da solução e surgem novas regulamentações", concluiu.

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