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Petrobras, Vale e JBS ficam de fora do primeiro fundo ETF ESG do Brasil

Primeiro Exchange Traded Fund (ETF) com critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) do Brasil começa a ser negociado nesta segunda, na B3

Fundo ETF ESG da B3: Vale ficou de fora por causa da tragédia de Brumadinho (MG), enquanto Petrobras e JBS estiveram citadas em escândalos de corrupção, em casos bem conhecidos do mercado (Thithawat_s/Getty Images)

Fundo ETF ESG da B3: Vale ficou de fora por causa da tragédia de Brumadinho (MG), enquanto Petrobras e JBS estiveram citadas em escândalos de corrupção, em casos bem conhecidos do mercado (Thithawat_s/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de outubro de 2020 às 10h16.

Última atualização em 5 de outubro de 2020 às 10h26.

As ações de Petrobras, Vale e JBS ficaram de fora do primeiro Exchange Traded Fund (ETF) com critérios ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG) do Brasil, que começa a ser negociado nesta segunda-feira, 5, na bolsa de valores brasileira (B3) com o código ESGB11.

Segundo as sócias e gestoras de renda variável da BTG Pactual Management, Andrea Cardia e Andrea Weinberg, a metodologia desenvolvida pela S&P Dow Jones Índices (S&P DJI) que deixou as três grandes brasileiras de fora do novo ETF é "robusta" e reconhecida internacionalmente, sendo a mesma utilizada pelo Dow Jones Sustainability Index. Elas explicaram que a Vale ficou de fora por causa da tragédia de Brumadinho (MG), enquanto Petrobras e JBS estiveram citadas em escândalos de corrupção, em casos bem conhecidos do mercado.

Pela metodologia, o índice exclui ações com base na sua participação em certas atividades comerciais (tabaco, armamento e carvão, por exemplo), no seu desempenho em comparação com o Pacto Global da ONU (UNGC em inglês) e também empresas sem pontuação ESG da S&P DJI.

Na prática, qualquer assunto controverso em questões ambientais, sociais e de governança corporativa (ex. corrupção, fraudes), ou histórias polêmicas que podem enfraquecer a pontuação ou excluir uma ação do índice, e por consequência, do ETF.

Num exemplo desses assuntos polêmicos, as queimadas na Amazônia e no Pantanal e a questão da expansão do gado nessas áreas podem pesar na pontuação de papéis de empresas de proteínas, por causa da falta de métricas confiáveis de rastreamento dos animais. Segundo as gestoras, na Europa, o ESG já aparece em 50% das decisões de investimentos, e nos Estados Unidos, em 25%.

Ao mesmo tempo, se as empresas melhorem suas práticas e receberem pontuação também podem voltar para o índice, mesmo com porcentual pequeno de representatividade da carteira teórica. "Petrobras, Vale e JBS podem fazer parte da carteira no futuro. Esse índice tem o potencial de fomentar boas práticas ESG no mercado brasileiro", diz Andrea Weinberg.

Andrea Cardia conta que o novo ETF com o código ESGB11 reflete o índice S&P/B3 Brasil ESG, com 96 ativos de diferentes setores, sendo os mais representativos: bancos (23,6%), consumo discricionário (17,1%), indústrias (13,2%), utilidades públicas (10,4%) e bens de consumo (10,2%). Entre os principais papéis estão: Lojas Renner, Banco do Brasil, Natura & Co, Itaúsa, Itaú Unibanco, Bradesco, Cemig, Telefônica Brasil (Vivo) e Weg. "É um índice com muito menos commodities que o Ibovespa", afirma.

Disputa no segmento

Com o primeiro ETF de ESG no Brasil, a BTG Pactual Asset Management entra num segmento de mercado, ainda pequeno (5,2% de representativa entre os fundos de ações), mas que está em crescimento e que já possui participantes de peso já estabelecidos como Itaú, Blackrock, Bradesco e Caixa, com um total de R$ 26 bilhões em patrimônio em ETFs. Na largada, o fundo terá R$ 100 milhões em patrimônio líquido em cotas de R$ 100, enquanto ETFs mais antigos como ISUS registram patrimônio de R$ 30 milhões.

"Os ETFs de Ibovespa pegaram, os outros não pegaram", diz Weinberg. "Trouxemos um produto mais sofisticado num momento em que as pessoas procurando por bolsa de valores e por ESG", completa Cárdia.

Sobre os motivos da falta de crescimento dos demais ETFs, elas argumentaram , por exemplo, que o ETF do Índice de Sustentabilidade é um excelente produto, mas só tem 35 ações, no máximo 40 ações, ou seja, sem muita diversificação, ao passo, que os ETFs de Ibovespa - que são mais representativos e têm liquidez - reúnem mais de 70 empresas.

Questionadas sobre se há falta de demanda das pessoas físicas por ETFs, ambas responderam que há muito potencial nesse segmento, com base nos volumes vistos no exterior. "Nos EUA, 20% do volume está em ETFs", diz Weinberg. "Vemos crescimento no Brasil, mas também estamos fomentando este tipo de investimento" complementa Cárdia.

Sobre planos do BTG Pactual em ETFs ou BDRs de ETFs (recibos de ativos estrangeiros listados no Brasil), elas foram cautelosas em lembrar, que este é o primeiro produto, e que precisam avaliar seu desempenho. "Mas é um mercado (de BDRs de ETFs) que vamos olhar" diz Weinberg.

Cardia completou que o ETF de ESG terá impulso de distribuição pela plataforma BTG Pactual Digital. "Mas ETF não tem dono, é de todo o mercado", conclui a gestora, indicando que o produto estará disponível em todos os distribuidores do mercado. A taxa de administração do ESGB11 é de 0,50% ao ano.

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