Governo de São Paulo paga pescadores pela retirada do lixo do mar (David Malan/Getty Images)
Marina Filippe
Publicado em 1 de julho de 2022 às 08h20.
Última atualização em 1 de julho de 2022 às 08h22.
*De Lisboa, Portugal.
O desafio do lixo no mar é tão grave que pescadores de camarão do litoral de São Paulo têm coletado resíduos junto ao crustáceo. Para mitigar o problema, a Fundação Florestal (FF), ligada à Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do estado de São Paulo, lançou o projeto Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) Mar Sem Lixo. Uma iniciativa que pode servir de exemplo para outros países, e que tem sido compartilhada na Conferência dos Oceanos, da Organização das Nações Unidas (ONU), em Lisboa.
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"Percebemos que os problemas são os mesmos e as soluções estão aí. Tivemos uma conversa boa com o governo de Portugal para a gestão de áreas protegidas e com o governo de Moçambique, que também tem problemas de ordenamento sustentável da pesca e do lixo no mar. A ideia é que a gente possa avançar nas parcerias", disse Rodrigo Levkovicz, diretor executivo da Fundação Florestal-SP à EXAME.
De acordo com ele, desde abril o projeto remunera pescadores com vales alimentação de 100 a 600 reais em Ubatuba, Cananéia e Itanhaém. "Quando eles jogam a rede no fundo do mar vem o camarão e o lixo. Alguns pescadores já traziam o lixo e deixavam em postos de coleta, e outros não. Agora, todos são incentivados pelo pagamento".
Esta é uma iniciativa que engloba também prefeituras minuicipais para destinar o lixo adequadamente, além de catadores de lixo e cooperativas de reciclagem.
O mérito do projeto é dar visibilidade ao problema e tentar conscientizar de que o lixo vem, especialmente, das áreas urbanas. Segundo um estudo inédito encomendado pelo Blue Keepers, projeto ligado à Plataforma de Ação pela Água e Oceano do Pacto Global da ONU no Brasil, aponta que cada brasileiro pode ser responsável por poluir os mares com 16kg de plásticos por ano. Isto é 3,44 milhões de toneladas do material no meio ambiente, ou ainda 1/3 do plástico produzido no país com risco de chegar ao oceano.
"A Conferência dos Oceanos mostra como os problemas são comuns e as soluções devem ganhar escala. Começamos o projeto com verba pública, mas estamos prospectando empresas para patrocinar a iniciativa e alcançar mais regiões", afirma Levkovicz.
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